terça-feira, 4 de abril de 2017

A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, ALCOBAÇA E SANTIAGO PONCE Y SANCHEZ-


 Resultado de imagem para primeira republica portuguesa
Quando se deu a queda da Monarquia, a notícia foi recebida por uma elite local, aliás sem grande surpresa mas com emoção, que ficou agradada ao ver José Eduardo Raposo de Magalhães, nomeado Governador Civil de Leiria, por iniciativa e proposta do Ministro do Interior, o estimado António José de Almeida.
A República foi proclamada em Alcobaça no dia 6 de outubro de 1910 perante populares que se juntaram frente a Câmara Municipal, depois de confirmada a queda da Monarquia, apesar vários rumores que circulavam pela vila, tendo competido a Santiago Perez Ponce y Sanchez anunciar a implantação da República e apresentar à aprovação popular José Coelho da Silva para Administrador do Concelho. Mais tarde Santiago Ponce terá confessado que este fora o momento mais emocionante da sua vida e que, por mais anos que tivesse ainda, não voltaria a sentir igual emoção. Santiago Ponce y Sanchez era Presidente da Comissão Municipal Republicana e facultativo municipal. Foi naquela qualidade que esteve em Lisboa a representá-la nos funerais de Miguel Bombarda e Cândido Reis. O Centro Democrático também se fez representar com três dirigentes nessa manifestação de respeito e de saudade e aconselhou os militantes republicanos a usarem um fumo preto no braço.
Santiago Ponce y Sanchez distinto cidadão, antigo, solícito e dedicado republicano, que nunca se não poupou a esforços ou canseiras na propaganda e defesa do seu absorvente ideal político (a quem a República não esqueceu), veio a ser nomeado diretor do Asilo Dª. Maria Pia, em Xabregas/Lisboa e que ainda se encontra em funcionamento. Trata-se de um Asilo masculino que se rege pelo princípio de dar aos internados uma formação profissional adequada, que dependia dos Serviços Centrais de Beneficência Pública.

Quem era Santiago Ponce y Sanchez?
No século XIX e mesmo nos inícios do XX, muitas casas de Lisboa não possuíam água corrente. Aceder à água, nomeadamente em andares elevados, era um trabalho penoso que muitos lisboetas não queriam fazer, pelo que os galegos aproveitaram para criar aquilo a que hoje se poderia chamar um nicho de mercado, isto é, serem aguadeiros.
Aquilino Ribeiro in Lápides Partidas, refere o galego, de Porriño/Tui, que escreveu à mulher dizendo que a terra é boa, a xente é tola, a auga é deles e nòs vendemoslla. Na literatura portuguesa da altura, os galegos eram parte integrante da paisagem humana lisboeta. Os avós paternos de Santiago Ponce y Sanchez, vieram da Galiza para Lisboa, em meados do século XIX, não como aguadeiros, mas para trabalhar na restauração. Outros parentes foram para Madrid.
O negócio correu bem, o que lhes permitiu mais tarde mandar o neto estudar medicina na Escola Médico-Cirúrgica, o qual terminado o curso veio a ser provido como facultativo municipal em Alcobaça, onde não conhecia ninguém. Santiago Sanchez, foi bem aceite nos meios políticos e sociais de Alcobaça, não apenas republicanos, mas também conservadores, pela educação, inteligência e dedicação à causa pública.




Sem comentários: