sexta-feira, 21 de junho de 2019


AFINAL, O QUE SOMOS?
FLeming de OLiveira

-I)-Costuma segurar a porta para deixar uma senhora passar à frente ou para entrar ou sair do carro? 
-Tem por hábito evitar que ela vá do lado de fora do passeio, para não ser afetada pelo trânsito?
-Segue as regras do velho cavalheirismo lusitano quando a serve com uma quantidade de vinho meticulosamente medida?
Resultado de imagem para abrir a porta do carroUm conhecido teórico que se reclama de investigador psicossociólogo, defende que atitudes amistosas e cavalheirescas como essas, podem apenas disfarçar chauvinismo e padronizar específicos pontos de vista, porque os homens, ao agirem dessa maneira, partem do princípio que as mulheres são mais fracas e desprotegidas.
Custe-me admitir que tenha razão. Não, não creio.
Não entendo que haja subserviência ou assédio, outrossim que essa afirmação teórica foi dissecada como faria mesmo uma feminista em busca de traços sexistas, fazendo renascer o conceito de um sexismo benevolente, parte integrante dos argumentos feministas em que o sexismo é algo impregnado no comportamento masculino. E que os homens assim considerados sexistas são também rotulados como mais amistosos, calorosos e sorridentes. Um homem com atitudes “cavalheirescas” é, afinal, um lobo com pele de cordeiro, como concluiria esse teórico, os gestos de boa vontade masculinos conduzem a que as senhoras interiorizem o status quo assumido.
Resultado de imagem para preconceito contra os gays-II)-O meu anterior apontamento, “NÃO SÃO DOIS, MAS TRÊS!” mereceu, de alguns leitores, comentários de mérito diverso, que registei com interesse e agradeço. O tema é controverso e a abordagem tem aspetos contraditórios, nada fáceis de sanar, em meia dúzia de linhas.
É princípio que assumo por defeito (como hoje se diz na gíria) no meu sistema conceptual, considerar os sexos uma polaridade e uma dicotomia natural. Detendo-me um pouco para pensar melhor, admito que isso não está correto. Aprendi, finalmente, que os reinos vegetal e animal não são universalmente divididos em dois sexos, ou em dois sexos, mas com a possibilidade de caprichos indeterminados, que há criaturas macho e fêmea por turnos e que alguns fungos e protozoários (para fazer aqui esta afirmação tive de pesquisar) têm mais do que dois sexos e mais de uma maneira de acasalar. Hoje sabe-se que o grau de diferenciação entre os sexos pode variar tão tenuemente que cientistas por muito tempo permaneceram ignorantes perante o fato de as espécies classificadas como distintas serem macho e fêmea da mesma espécie! Muitas formas simples de vida são mais nítida e sexualmente diferenciadas do que a dos seres humanos.
O que “notamos”, é que as diferenciações nos humanos são bem acentuadas, pelo que antes de o justificar, devemos averiguar o porquê. A natureza não existe sempre sem ambiguidades. Uma menina pode ter um clitóris tão desenvolvido que se julga ser menino. Do mesmo modo, crianças do sexo masculino podem ser subdesenvolvidas, ou ter sua genitália deformada ou escondida, pelo que se supõe serem meninas. As vezes as pessoas aceitam o sexo como o descrito, e encaram-se como membros deficientes do sexo errado, assumindo comportamentos e atitudes daquele sexo, a despeito de conflitos graves.
Noutros casos, uma espécie de consciência genética cria um problema que conduz à investigação e ao verdadeiro sexo. Algumas dificuldades podem ser resolvidas por cirurgia mas, segundo me explicaram, os cirurgiões só realizam tais operações quando o exame da estrutura da célula corporal revela que não ocorre anormalidade congénita.

Resultado de imagem para giornata mondiale contro l omofobia 2019-III)-Em muitos casos, a homossexualidade resulta da inabilidade da pessoa se adaptar ao papel (sexual) que lhe é dado, e a denominação “preconceituosa” de anormalidade não oferece ao homossexual uma maneira de expressar a rejeição, de modo que ele se considera ou é considerado uma “extravagância”. Os papéis sexuais ”normais” que aprendemos a desempenhar desde a infância não são, assim, entendidos como mais naturais do que os de um travesti.

-IV)-Os franceses bem podem gritar “Vive la différence”, pois ela é cultivada normal e incessantemente em todos os aspetos da vida.
É mais fácil tomar em consideração a deformidade induzida, tal como ela se expressa no corpo e conceitos, pois, por mais que sejamos outra coisa ou pretendamos ser, somos por certo os nossos corpos.