terça-feira, 23 de abril de 2013


AMULETOS, TALISMÂS E BOA SORTE!!!
Fleming de Oliveira

De acordo com certas culturas, ou mentalidades, a lisonja acarreta ou tem subjacente uma maldição. O mesmo se aplica à inveja. Desde tempos remotos, tais pragas, denominadas como mau olhado, partem da crença que um individuo pode causar male, simplesmente olhando (dardejando) para os bens de outra pessoa, senão mesmo nela própria. A proteção seria possível com talismãs ou amuletos usados, transportados ou pendurados muitas vezes nas casas. Ainda há, como creio que haverá sempre, pessoas que vivem a explorar, o que poderíamos caracterizar, linearmente, como “crendice popular”.
Com os progressos do cristianismo, desde logo a partir dos primeiros séculos, foi desencorajado o uso de amuletos, tidos como objectos pagãos. Porque muitos dos primeiros cristãos (recém convertidos mostravam o desejo de usar talismãs e amuletos), a Igreja fez esforço para divulgar novos objetos sagrados, como imagens de Jesus, Virgem Maria e Santos.
Os amuletos da sorte tem a “grande” função de proteger a pessoa a quem pertencem, da má sorte, perigo ou doença. A palavra amuleto parece provir do latim “amuletum”, isto é,  objecto usado para a defesa, ou do árabe “hamalet”que , por sua vez, significa o que está suspenso.
O escritor e filósofo romano, Plínio, o “Velho”, terá sido o primeiro a registar a existência de amuletos de sorte. Na sua obra “História Natural”, que remonta ao ano 79 dc, Plínio, menciona como categorias de amuletos, os que oferecem proteção contra a negatividade e a má sorte, os que contém substâncias profiláticas e ainda os que se destinam a serem usados como remédio.
Nos países banhados pelo Egeu, os indivíduos de olhos claros são considerados mais poderosos, e os amuletos na Grécia e Turquia são, geralmente, globos oculares azuis. Quando há uns anos estive na Turquia, a minha Mulher fez questão de trazer como mera recordação turística (o que fazia questão de ressalvar, para que não restassem dúvidas…) alguns destes amuletos, que colocou à  porta de casa e ofereceu aos filhos. O olho turco é um amuleto azul muito comum naquele país, sendo exportado para todo o mundo. Tradicionalmente é usado contra mau olhado. Na Turquia, segundo nos explicaram, as mães colocam o amuleto na roupa dos filhos, pelo que se é encontrado rachado, significa que funcionou e protegeu a criança. Ao carregar um “olho turco”, a energia negativa direcionada ao portador será atraída pelo amuleto, ainda que seja por meio de um elogio, já que os turcos acreditam que elogios podem revelar, inconscientemente, a inveja.
Bastante antigo, e ainda relativamente usual entre nós é a ferradura, um talismã com o poder de atrair o bem e expulsar o mal da casa que a tiver colocada. Para ter mais força ainda, deve ser aplicar-se atrás da porta de entrada. Diz-se ser eficaz para expulsar pessoas invejosas, além de atrair dinheiro e prosperidade.
Na verdade tem havido mudanças de formatos dos amuletos ao longo dos anos mas, mesmo assim, o seu poder permanece inalterado. Além de atrair sorte, os amuletos também servem para afastar a energia negativa. Alguns Portugueses, usam chifres ou símbolos fálicos destinados a “distrair” os lançadores de pragas ou os invejosos, ressalvando normalmente que não acreditam nisso, mas na dúvida…. Um conhecido meu, usava um “pé de coelho” no carro, e não era propriamente um “primário”. Porquê?, perguntei uma vez. Recorde-se que o coelho é considerado um símbolo de fertilidade, portanto, quem tiver um pé de coelho como amuleto, está a afastar as más energias que impedem a fertilidade, seja na vida, família, amor ou negócios.
Segundo se dizia em casa de meus Pais, quando nasci um tio deu-me uma pequenina figa em metal, mas que engoli para grande preocupação de minha Mãe, acabando por ser expelida pela “via natural”.
Quando andava a estudar em Coimbra, um colega de casa trazia sempre consigo um “trevo da sorte”, para o acompanhar no jogo e aconselhava que se alguém achar um trevo-de-quatro-folhas, guarde-o com todo o carinho até secar,“sabendo” que ele atrai muita sorte na hora de jogar. Mas caso não se consiga ter um de verdade, pode-se comprar um, desde que usado com a mesma fé.
Nestes tempos de crise, muito jeito nos faria um eficaz amuleto, trevo da sorte ou outro, não é verdade?