quinta-feira, 19 de julho de 2012

UMA PROPOSTA UTÓPICA (bem sei)


Fleming de OLiveira

Cada vez que vou a França, reconheço que temos uma enorme divida de gratidão para com eles, os americanos, canadianos, britanicos, australianos, neozelandeses e mesmo russos, e mais homens e mulheres de muitas outras nações que estiveram unidos por uma causa nobre.
Serviram como soldados, marinheiros, pilotos e enfermeiros na II Guerra, milhares destes não mais voltaram aos países que deixaram para vir combater e libertar a Europa, onde ficaram enterrados no mar ou em grandes cemitérios, ainda hoje muito bem e respeitosamente respeitados nas suas cruzes brancas.
Há uma data que simboliza o ponto de viragem na guerra travada pelos Aliados, 6 de Junho de 1944. O Dia D, como ficou conhecido, foi uma resposta especial para responder à nuvem suástica que pairava sobre o nosso continente.
Passaram já variadas décadas.
Muito poucos dos que estiveram na Normandia, ainda se encontram vivos, mas quando na Páscoa passada estive em Omaha Beach (Omaha a sangrenta) senti, sem nunca ter vivido esses tempos, aliás ainda nem era nascido, uma pequena contração no estômago.
Para mim, a resposta pareceu linear.
Sabendo que cada dia perdemos os poucos que ainda restam desses heróis, quero ter a certeza que esses e a sua memória nunca mais serão esquecidos pelo que fizeram, mesmo por nós portugueses.
As historias sobre esse 6 de Junho de 1944 continuam a fascinar-me e o nosso tempo.
Olhar sobre o mar e o céu da Normandia, hoje tão calmos que nos permitem passear na areia e molhar os pés, e com tão poucos vestígios e ainda bem, do drama que ali se desenrolou, e pensar no que foi a jornada de dor, angústia, exaltação ou morte, vivida por aqueles que fizeram e protegeram o desembarque das tropas Aliadas, não deve esquecer o sacrifício dos que lutaram e morreram nas praias de Omaha e Utah, e que sirva para homenagear o sacrifício de todos os soldados que, independentemente da nacionalidade e do lugar onde combateram e tombaram numa guerra cruel.
A minha digressão pela Normandia, fez-me compreender o que nunca resultara da leitura de qualquer romance histórico ou visionamento de um filme, e como seguramente houve uma natureza própria naquele 6 de Junho de 1944.
Pode aquela ter sido, uma guerra global, mas o universo de um soldado termina a poucos metros de si próprio, talvez mesmo ao lado de um companheiro ou nas balas que assobiam sobre si ou nas explosões que rebentam a seus pés.
Passei por Africa, pela Guiné como quase um milhão de rapazes da minha geração, tal como o nosso subdiretor JERO, mas não tenho a pretenção de fazer comparações com a II Guerra aonde o bem e o mal, estiveram perfeitamente definidos.
Deixemos homenagear os rapazes que entre 1961 e 1974 passaram pelos 3 teatros de operações de Africa, lançando daqui uma ingénua e muito utópica proposta, para que nunca mais seja dada a oportunidade de pôr o mundo em perigo.



Sem comentários: