segunda-feira, 16 de setembro de 2019



E ENTÃO…
SEREMOS TODOS INTELIGENTES
(inteligência artificial)
FLeming de OLiveira

(I)


As mudanças tecnológicas, muito especialmente nas duas últimas décadas, são inegáveis e espantosas. Os dispositivos móveis e a agora a computação em nuvem alteraram profundamente a forma de viver e trabalhar. Tornámo-nos mais produtivos, comunicamos mais, aprendemos mais, tudo ao alcance de um dedo na tecla. Todavia suscito-me, liminarmente, saber se nos estamos a tornar mais “gente”.
A Inteligência Artificial/IA constitui um tema bastante controverso, uma vez que envolve questões relacionadas com a consciência e dilemas éticos, pois criar máquinas inteligentes implica construí-las com capacidade de ter conhecimento e eventualmente (?) emoções.
Anunciam-nos que a IA vai trazer para o nosso dia-a-dia, sistemas e aplicativos que podem ver, ouvir, aprender/repreender e argumentar/contrariar, criando potencialidades de melhorias na saúde, a educação e até atenuar, se não resolver, grandes desafios, como as alterações climáticas ou a fome.

O termo IA surgiu no verão de 1956, no contexto da Conferência de Dartmouth, mas recentemente tem gerado maior interesse, devido ao surgimento de aplicações comerciais práticas e significativos avanços dos equipamentos computacionais.
O conceito de IA é tarefa bem complicada, já que são incontáveis as definições sugeridas. Não sendo eu um perito na matéria, e consistindo este um mero apontamento ainda que para leitores mais evoluídos que eu, entendo que a IA implicará a utilização de uma máquina que, seguindo algoritmos definidos por especialistas, simule a capacidade humana de perceber e resolver um problema, analise os dados inseridos por pessoas, pois não se esqueça que os algoritmos que permitem ao computador processar as competências, resultam de uma intervenção humana.
Esta síntese, muitíssimo primária bem sei, decorre da sugestão recolhida de alguns filmes ditos de ficção (que nem aprecio especialmente), embora, na atualidade, ainda estejamos muito longe desse estádio. Por muito “hábil” que seja o computador, ainda não tem capacidade para produzir inteligência “per si”. A sua inteligência será, portanto, um tipo de “inteligência” construída pelo homem, portanto, uma IA. Todavia, o conceito abarca mais do que a inteligência da máquina, pois pretende-se capacitá-la de um comportamento “inteligente” apto a criar linguagens e manipular símbolos que levaram à criação da cultura e da tecnologia, duas características específicas dos seres humanos.
O que não conseguimos, por ora, antecipar é se um dia ou quando, o computador conseguirá desenvolver pensamento próprio, comportar-se/reagir como um ser humano em idênticas circunstâncias. Eles não têm por ora a capacidade de “per si” formar memórias. Também não podem usar experiências passadas sobre as quais basearão as decisões presentes. A inteligência consiste num conjunto de funções inatas que se desenvolvem no decorrer da vida e que possibilitam a adaptação ao meio envolvente, como a memória, o raciocínio, a linguagem e as emoções, que promovem a autonomia e aptidão para sobreviver. Uma pessoa inteligente é capaz de se adaptar ao meio ou situação, articulando a dosagem de razão com emoção. Para isso, o computador teria, pelo menos, de adquirir consciência, capacidade de ter sentimentos e emoções !!! Aprendi em psicologia, que isso é chamado de "teoria da mente". Implica a compreensão de que pessoas, criaturas e objetos, podem ter pensamentos e emoções que afetam seu comportamento, o que se revela crucial para o modo como os humanos formam as sociedades, porque permite a interação social.
Por ser o único racional, entende-se o humano como o único ser inteligente. Há quem atribua inteligência a certos animais e vegetais (inteligência irracional), consistindo esta numa certa capacidade de adaptação às circunstâncias do respetivo meio. É desta forma que se transita este conceito para a máquina, definindo uma inteligência de máquina.
A IA tende a aproximar-se do conhecimento humano, porém continua muito afastada da emoção e, por isto, depreende-se o quão difícil será atingir a emoção artificial. No ser humano, quando se trata a emoção, sabe-se que o Homem luta, foge ou permanece imóvel. E a máquina?
A emoção nos computadores é um aspeto meramente latente, que se resume a uma espécie de instinto programado, apesar de estarem cada vez mais aptos para interagir com o ser humano e acompanhá-lo no mundo real, em tempo real.

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