quinta-feira, 4 de outubro de 2012


Antigamente é que era bom…

Fleming de Oliveira
Esta é uma expressão que ouvimos com frequência, a propósito dos mais variados temas, sendo a educação, seguramente, um deles.
Há quem defenda que, nos tempos que correm, o ensino e a educação não têm o valor do antigamente, seja antes ou depois do 25 de Abril. Reina a suposição fácil (quem não quer ser lobo não lhe veste a pele…) que se caiu num facilitismo irremediável e sem solução, salvo suspender as reformas implementadas impulsivamente nos últimos 20 ou 30 anos. Cada Governo altera a anterior e tenta impor a sua.
Formar opiniões muito radicais, implica o risco de serem limitadas a perspectivas incompletas. De facto, hoje em dia a vida escolar (segundo ouço em casa, pois a minha Mulher, como se sabe, é há muitos anos Professora em Alcobaça, aliás desencantada…), está mais facilitada do que no meu longínquo tempo de estudante. O grau de exigência do professor para com o aluno desceu bastante, ao que se diz que para satisfazer as estatísticas impostas pela U.E. e como se tal não fosse bastante, a política dessa lastimável ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues. É vulgar ouvir-se dizer aos mais velhos que um aluno com o 9º ano, tem muito menos conhecimentos do que um aluno antigo com a quarta classe. O facto é que essas pessoas, talvez com mais de 50 anos, tiveram mesmo de memorizar e aprender muitos mais factos (uteis?) do que os meninos das nossas escolas de Ensino Básico.
Existe um mundo novo que se interpõe entre a Escola do antigamente e a Escola de hoje, uma sociedade que se defronta com inúmeros desafios, que inundam a casa e a família e aos quais a mesma Escola não tem sabido (querido?) contrariar. Os meninos nascem inseridos na era tecnológica, com tudo o que isso traz de bom e de menos bom. A dificuldade em raciocinar matematicamente pode ser, por exemplo, uma consequência da possibilidade de se utilizar, por sistema, a calculadora. Por outro lado, são estes mesmos os meninos que, como os meus netos, se aproximam de um qualquer aparelho eletrónico e o dominam, para meu enorme espanto (e com alguma inveja!) de forma rápida e eficiente.
Dizem os professores que o número de meninos com défice de atenção disparou nos últimos anos. A dificuldade de concentração advém, ao que creio, da velocidade a que somos bombardeados com notícias, das corridas diárias para cumprir as ainda que simples tarefas rotineiras.
Os nossos jovens têm dificuldade em concentrar-se, porque estão conjuntamente expostos a demasiados estímulos, desde o primeiro momento de vida.
Então, em lugar de se criticar o estado da educação (sendo dúvida  mau), louvando as vantagens do sistema antigo, talvez seja benéfico recuperar (seria possível ou é mais um dos meus lirismos?) alguns valores e rotinas antigos, como o respeitar os professores, tomar as refeições em família, a definição e cumprimento de regras para ver, utilizar a TV, Internet, ou o telemóvel.
Não, não vale a pena criticar, se nada se fizer para mudar. E o exemplo tem de vir de cima.

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