quinta-feira, 4 de outubro de 2012


QUESTÕES DE FAMÍLIA e OUTRAS,
ENFIM,
 SOLIDARIEDADE SOCIAL

Fleming de Oliveira
Longe vão os tempos em que os cuidados de saúde e higiene com os idosos eram prestados no calor da familia. Foi, ainda assim, com os nossos Avós que faziam parte integrante da família tradicional, a quem eram dispensados, naturalmente, o aconchego e o zelo possíveis. A família estava estruturada e preparada para isso, sendo a situação aceite no campo ou na cidade, num contexto de maior ou menor escassez de recursos. Antes de disparar o surto de urbanismo, a família tradicional era principalmente rural e agrupava, não raramente, três gerações. Na cidade, encontrava-se no seio de uma classe média burguesa, mais ou menos alta ou confortável. Com uma cidade de habitações exíguas, a família viu-se reduzida ao núcleo mais elementar, desde logo, com a diminuição do número de filhos.
O conceito de família, na sociedade portuguesa, deixou há muito de caber, apenas, no rótulo de tradicional, para se espalhar por outras formas de organização, desde os homossexuais, à mãe e pai solteiros, casais que conjugam filhos de anteriores relações com outros nascidos da nova relação. A sociedade portuguesa olha para as mais recentes formas de organização familiar, com um misto de abertura e desconfiança, principalmente no que toca às mães solteiras e aos casais de homossexuais, cujo debate não encerrou, apesar de referendos.
Com o passar dos tempos a estrutura foi-se alterando, com exigências e compromissos sócio-laborais a exigirem maior ocupação e dispersão dos braços, o que implicou que o idoso fosse sendo remetido para o isolamento do lar. O aumento do tempo médio de esperança de vida, acarretou para esta faixa etária a necessidade duma estrutura social mais sólida, com suporte administrativo e financeiro integrado no Estado-Social. Contudo este, pelo menos em Portugal, está longe de ter capacidade de resposta para todo o espaço nacional, além de que nem os Hospitais ou as Instituições de Solidariedade Social têm condições ou vocação para lidar com a situação.
Perante este estado de coisas e com a população a envelhecer, os Lares de Idosos começaram a proliferar de Norte a Sul numa lógica de exploração ou de negócio como outro qualquer, sabe-se lá com que qualidade.
O programa do governo socialista do Senhor Engenheiro, fez o reconhecimento da diversidade das situações familiares, o que implica o estudo e acompanhamento das mudanças em curso na família e a definição de tipologias de intervenção adequadas. Além disso, defendeu a consagração de políticas públicas determinadas por critérios de justiça social nomeadamente no que se refere à progressiva eliminação dos fatores que afetam todas as famílias em situações de grande vulnerabilidade social - as pessoas/mulheres sós, sobretudo idosos, as famílias numerosas pobres, as famílias em situação de monoparentalidade, as famílias com pessoas desempregadas, as crianças em situação de risco, as famílias imigrantes e famílias com pessoas portadoras de deficiência.
Fez o reconhecimento, fraturou, insistiu e nada adiantou…

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