segunda-feira, 9 de novembro de 2020

NAMORAR EM TEMPOS DE COVID, POR MARIA AZEITONA

 

A entrada da pandemia no nosso mundo não foi em aspeto algum fácil para nenhum país, mas acredito que para Portugal e os que cá habitam tenha sido especialmente árduo. Somos um povo muito acolhedor, os turistas o confirmam, e realmente a base deste sentimento quase maternal e afetivo que sentem, provém muito do contacto físico que mantemos com todos, como um aperto de mão ou o famoso cumprimento com os dois beijinhos.

Bom, para pessoas a que durante a vida foi ensinado que era sempre boa educação cumprimentar toda a gente quando chegam a um local ou etc, aceitar a nova realidade foi, e continua a ser, um trabalho bastante complicado.

Como já expus todos tivemos de mudar de hábitos desde que nos deparámos com esta nova realidade, incluindo principalmente, os casais de namorados. Não para aqueles que estão numa idade talvez mais avançada e vivem até mesmo juntos, mas especialmente para os namoros adolescentes. Como é óbvio ainda dependemos de alguém, seja de um pai, uma mãe, uma avó, etc… E, portanto, as nossas escolhas nunca podem ser feitas inteiramente por nós.

Muitos dos casais tiveram de estar quase 5 meses separados, durante a época de confinamento o que os pôs como que à prova. Houve alguns que, infelizmente, não aguentaram a pressão de estarem tanto tempo afastados, e os que ainda continuam juntos vivem diariamente com a insegurança de pôr a segurança deles ou das famílias em perigo. Esse é o maior problema, as cadeias de contágio que podem ser causadas “apenas” por duas pessoas que estão juntas.

O mesmo acontece em grupos de amigos, no meu caso, por exemplo, mantivemos sempre o contacto durante os meses de confinamento, por redes sociais, por jogos de computador, mas como é óbvio nada se igualava aos tempos em que nos podíamos juntar em casa de alguém e estar horas e horas a conversar, sem nos apercebermos sequer do passar do tempo, sentíamos a falta de nos vermos pessoalmente, parecia que por mais que tentássemos era quase impossível manter a ligação que tínhamos. Felizmente correu tudo bem, e quando houve a fase inicial de desconfinamento pudemos ir, com todas as medidas de segurança, beber o primeiro café juntos em 5 meses, é verdade que tudo estava diferente à nossa volta, mas naquela hora que os nossos pais nos deram permissão para sair, tudo pareceu estar a voltar à normalidade dentro dos possíveis.

Acho que é isso que causa a insegurança ser ainda maior, o medo que nos provoca a ideia de podermos por em risco a saúde das pessoas que mais gostamos, pelo que é de facto um grande dilema.

Será que devemos pôr parte da nossa felicidade que partilhamos com uma pessoa à frente daqueles que estão connosco em casa e que nos fazem igualmente felizes e são essenciais para a nossa existência e bem-estar? É realmente uma questão muito complicada e que sinceramente não acho fácil encontrar uma solução completamente justa para nós e para nós e aqueles com quem convivemos.



A Maria frequenta o 12º ano e presta-me em regime de part-time alguma colaboração. Trata-se de uma menina esforçada e com boas perspetivas profissionais e pessoais pelo que a publicação neste espaço é um pequeno estimulo.


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