quarta-feira, 13 de março de 2024

A GREIE A TERRA DicionátioHistórico e Biográfico dos Tempos de Brasa (1974-1975)

 

Nos cinquenta anos do 25 de abri de 1974, intentei uma visão de momentos que o contextualizaram, o precederam e o seguiram.

O livro que se apresenta, uma síntese sobre o período compreendido entre 25abr1974 e 25nov1975, contém a pretensão de ser legível e inteligível, sem constituir aborrecimento para o leitor, e evocar Alcobaça e a região (ainda que em prejuízo dos grandes centros populacionais) como exemplo do movimento social e político que lhes esteve associado, explorando as motivações dos autores a atores. Para tal desenvolvi um trabalho de reconstituição de fatores que estiveram na sua origem, tanto a partir de fontes escritas, como da memória oral, sem esquecer a minha. Foram rastreados os processos de construção da militância, notando o seu carácter essencialmente popular e rural, mas também o modo como a exigência do ideal se cruzou com a moralidade e a intimidade. Para além das entrevistas efetuadas há anos e aqui reutilizadas, recolhi novos depoimentos. Dar voz aos intervenientes, sem descriminação consciente, foi um dos objetivos, contrastando com a bibliografia e o discurso oficiais.

A parcialidade e subjetividade que rodeiam este trabalho podem ser imputadas pela crítica. Nesta temática, não existe imparcialidade, nem neutralidade ou escolhas objetivas, incolores ou asséticas, pois cada autor é movido por questões existenciais, identitárias, pela emotividade que rodeia o episódio vivido e contado e pela forma como se insere no seu percurso de vida. A presente intervenção, em suma, não é inócua, nem passiva, a seleção das questões, a condução para as diferentes temáticas, com menor ou maior habilidade, empatia e competência determinam o resultado que se apresenta e que, interpretado e vivido por outro, teria certamente resultados diferentes dos meus. Trabalhar com pessoas falecidas não diminuiu a responsabilidade, pelo contrário. A fonte oral, permite uma apreensão calorosa do que significava, muto especialmente no Norte/Centro de Portugal do último quartel do século XX, ser lavrador, proprietário, profissional liberal e outras categorias ocupacionais, cuja correspondência com as atuais, não se consegue estabelecer facilmente. A História não pode ser apenas o que conta uma pessoa, é o resultado do confronto de diferentes opiniões. A instrumentalização em prol de causas específicas, é negativa para a ciência que é a História. Não é de esperar que o historiador dos tempos do PREC ou o de hoje, ainda que seja o mesmo, utilize idêntica linguagem ou assuma os mesmos conceitos.

 

 

 

 

 

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