A PORTARIA DOS
SINOS, SALAZAR E A QUEDA DE UM GOVERNO
Fleming de Oliveira
A Portaria dos Sinos?
Em junho de 1929, uma portaria do Ministro da Justiça,
mais tarde conhecida jocosamente como a
Portaria dos Sinos, veio permitir a realização de procissões, situação
que vinha do tempo da República. Esta decisão levou a uma reação de uma ala
(maçónica?) do 28 de maio, com a demissão do Prof. Mário Figueiredo e o pedido
de demissão, não aceite, de Salazar, que se encontrava em convalescença no
hospital da Ordem Terceira, no Chiado, por ter partido uma perna. O Ministro da
Guerra Morais Sarmento, orientou os protestos anticlericais no Conselho de
Ministros.
Mário de Figueiredo pediu a demissão, no que não foi
acompanhado por Salazar. Os dois não tiveram o apoio dos colegas do governo. O
Presidente da República Óscar Carmona visitou Salazar no hospital, não lhe
concedendo a demissão, mas aceitou a demissão coletiva do gabinete. Em 7 de julho,
Salazar deu uma entrevista a O Século
onde considerou que a demissão do gabinete se filiou em razões de ordem geral,
e não apenas por causa da Portaria dos Sinos, assunto menor.
Segundo Bernardino Machado, o governo a que presidia
o militarista Freitas caiu aos pés do seu verdadeiro chefe, o ungido do Senhor,
o clerical Salazar. E a ditadura está como dantes o bronco
capitão-mor governado pelo capelão, seu confessor.
NOTA-cfr. o nosso, NO TEMPO DE
SALAZAR, CAETANO E OUTROS
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