segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Viva o Verde!



VIVA O VERDE!

FLeming de OLiveira

1)-Espaço verde urbano e as respetivas funções, têm sido objeto de ajustamentos mais ou menos elaborados ao longo do tempo, sendo aceite de forma quase unânime (seja por “Mestres” ou “Aprendizes”) terem efeito no bem-estar da população citadina.
A necessidade dos espaços verdes, é uma das consequências da evolução que as cidades têm sofrido, nomeadamente a partir da revolução industrial. Foi com o êxodo da população rural para a cidade, que surgiu o conceito e necessidade de “espaço verde urbano”, que teve por primeiro objetivo recriar a presença da natureza no meio urbano. Deste então, os espaços verdes funcionaram como agradáveis locais de estar, de encontro, ou de passeio público.
 
2)-Nas cidades industrializadas de Inglaterra, surgiu a necessidade de “pulmão verde”, ou seja, um espaço com dimensão adequada para produzir o oxigénio necessário à compensação das atmosferas poluídas especialmente pelo carvão. Foi de certo modo à luz deste propósito, que foi construído em Lisboa o Parque Florestal de Monsanto, a necessidade de a paisagem natural penetrar na cidade. É o principal pulmão da capital, o maior parque florestal português e um dos maiores da Europa. Inclui belos espaços que proporcionam atividades como desportos radicais, caminhadas, atividades ao ar livre, peças de teatroconcertosfeirasexposições, e vistas magníficas sobre Lisboa e concelhos limítrofes. Este objetivo conseguido, tem levado à criação de outros espaços, sejam da recuperação dos existentes, da sua interligação através de corredores verdes, caminhos preferencialmente pedonais. Em Monsanto, optou-se pela imagem de bosque selvagem, interrompido por percursos essenciais, aproveitando-se as vistas e ambientes que a serra oferece. É ótimo passear por lá. É esta a lógica que os “Mestres”, como o meu primo Arq. Raúl, ensinam na Universidade e tentam aplicar nos seus “ateliês” com vista a assumirem uma crescente relevância na política municipal, procurando uma solução vivificadora do tecido urbano e de ligação ao espaço rural envolvente.
Qualquer citadino em Portugal tem a necessidade e o prazer em usufruir de uma estrutura que englobe os espaços verdes, localizados em áreas de interesse ecológico ou importantes para o funcionamento dos sistemas naturais, como a vegetação, a circulação hídrica e climática, ou o património paisagístico. Entendo eu como “aprendiz”, que aquela estrutura lisboeta deve ser prosseguida noutros locais com soluções que penetrem nas zonas edificadas, lhes confiram um carácter mais urbano, e que se modificando ao longo do percurso, venham a constituir um espaço de jogo e recreio, ou meramente um separador físico entre o trânsito automóvel e a circulação de peões.

3)-Medidas como estas são importantes na ligação dos espaços diferenciados entre si e na amenização do ambiente, pelo contraste entre a suavidade do material vivo inerente à vegetação e o carácter inerte e rígido dos pavimentos e outras superfícies, nomeadamente as construídas em altura. Nas funções de integração, de enquadramento, de suporte de uma rede contínua de percursos para peões, o espaço verde urbano pode visar o incentivo à apreensão e vivência dos objetos e dos conjuntos em que se organizam. As espécies vegetais, nas suas diferentes formas, cores e texturas, constituem elementos com os quais se pode aumentar o valor estético dos espaços urbanos.
A observação e contemplação da vegetação pela população urbana (e não me refiro apenas aos estudantes e a Alcobaça) possibilitam o (re)conhecimento da sequência natural do ritmo das estações e de outros ciclos biológicos, o (re)conhecimento da fauna e flora espontânea e cultivada, o (re)conhecimento dos fenómenos e equilíbrios físicos e biológicos.

4)-O novo Parque Verde de Alcobaça, que permitiu requalificar 60 mil metros quadrados de terrenos citadinos nas margens do rio Alcoa, obviamente, não pretende competir com Monsanto, nem ser um modelo para o resto do País.
A conceção deste espaço incluiu, e bem, 3 percursos distintos, pedonais e cicláveis, uma praça, um anfiteatro, duas clareiras, uma zona de restauração e lazer, um parque infantil e um sistema integrado de jogos de água, espaços desportivos, uma galeria ripícola (explicou-me o meu primo Raul, que esta é um instrumento para o funcionamento dos ecossistemas fluviais com ação como filtro biológico de nutrientes e de diversas substâncias poluentes), um sistema hidráulico cisterciense e um parque de estacionamento.
Seja como for, na minha opinião, é uma obra de sucesso e das mais marcantes do mandato de Paulo Inácio. Espero que, numa segunda fase, o parque pouco ambicioso por agora, cresça para o dobro do tamanho atual, como prometeu o autarca e a população apreciará.

4)-Lastimo, porém, que ainda não tenha havido “coragem” para corrigir a zona circundante do Mosteiro, falhada à nascença. A falta de manutenção do saibro, é um problema apontado recorrentemente pelos cidadãos locais e visitantes. O piso com década e meia, não recebeu o devido acompanhamento por parte das entidades responsáveis, como a população apreciaria.
 
5)-Estou viciado com o verde e não pretendo ser tratado.
Dado dispor, felizmente, de um espaço onde é possível ter um mobiliário de jardim para passar algum tempo de tranquilidade, pude adicionar-lhe um toque de verde, dando-lhe mais vida. Ali, a Ana Maria e à nossa medida, criou um pátio interior, colocando vasos e diferentes plantas verdes, contrastando com o restante pavimento acinzentado.
É o verde que posso ter à “mão”.

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