terça-feira, 24 de abril de 2012

EM TORNO DA FAMÍLIA BIPARENTAL, MAS NÃO SÓ.

Fleming de OLiveira Em Portugal, em termos político-eleitorais, é vulgar ouvir reclamar por políticas integradas para a infância. Embora à escala local, a ação de apoio à criança seja alegadamente integrada, importa que globalmente se faça bastante mais, pelo cumprimento dos seus direitos. Numa coisa estamos todos de acordo, cada vez mais se proclamam os direitos da criança mas, paradoxalmente, crescem os atentados contra as crianças de todo o mundo. Não há Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco que o resolva, mau grado o esforçado trabalho que vai desenvolvendo, e me apraz registar (concretamente no nosso caso de Alcobaça). Muito embora a globalização tenha aspetos positivos para o desenvolvimento das sociedades, o certo é que também veio acentuar as desigualdades sociais. No caso de Portugal (Alcobaça, tanto quanto sei, não será uma exceção), tem-se registado uma diminuição percentual da pobreza global, mas é na infância e nos idosos, que os índices de qualidade são mais diferenciados, é nos meios mais pobres (carenciados materialmente) que as crianças correm maiores riscos, a começar na situação dramática do desemprego parental. Menos filhos, menos casamentos e uma população envelhecida, são dados amplamente conhecidos no respeitante ao Portugal deste século XXI. A Coordenadora Nacional para os Assuntos da Família, salientou, recentemente e com toda a sua autoridade, que é urgente cuidar da família. Subscrevo inteiramente. Portugal viu aumentar o número de famílias residentes nos últimos anos, mas as famílias portuguesas são mais pequenas, com menos filhos, menos casamentos e… mais divórcios, dados que fazem parte da caracterização estatística da família portuguesa, como é fácil de reconhecer. Posso ser considerado démodé. Mas apesar dos indicadores serem muitos negativos em relação à família, é justamente por isso, que defendo que ela é cada vez mais o núcleo que melhor pode responder às inquietações que a sociedade coloca hoje. O conhecimento da vida, permite-nos reconhecer as alterações nos padrões de nupcialidade, divorcialidade e da fecundidade, bem como o aumento da esperança de vida, com o consequente envelhecimento da população portuguesa. A taxa de nupcialidade diminuiu enquanto, concomitantemente, se assistiu ao aumento da taxa de divorcialidade. Para além da redução do número de casamentos, assistiu-se, no mesmo período, ao retardar da idade ao primeiro casamento (legal…). A sociedade civil também não ajuda (talvez para parecer moderna, up to date). No núcleo estável de pai, mãe e filhos, que gostosamente apelidamos Família Tradicional, expressão embora utilizada nalguns casos com um teor pejorativo, a família biparental continua a ser a que dá melhores garantias para a criação e educação dos filhos. Outro dado significativo tem a ver com o aumento da proporção de casais sem filhos, sendo necessário acrescentar que as mulheres têm menos filhos e mais tarde. A redução da dimensão média da família em Portugal é, assim, explicada pelo decréscimo das famílias mais numerosas, a par com o crescimento particularmente acentuado do número de famílias unipessoais. Será esta uma inevitabilidade? Estimados leitores e conterrâneos alcobacenses, também assumo como uma inevitabilidade, mais do que nunca, cuidar da família, o núcleo, a unidade onde a vida nasce, cresce, e se desenvolve. Bem desejaria que hoje, amanhã, em qualquer ponto do País, as famílias se reúnam e se divirtam, gostem de estar juntas. Compartilho, neste momento convosco, o breve apontamento de Vergílio Ferreira: Toda a gente admira um grande artista e ergue-lhe mesmo, às vezes, um monumento a confirmar, mas nunca ergueu um monumento a um homem e uma mulher por terem gerado um filho, que é obra infinitamente maior.

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