segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

A BANDA DO MESTRE ARNESTO

 A BANDA DO MESTRE ARNESTO- Ernesto Joaquim Coelho(Cristo)

Ernesto Joaquim Coelho (vulgo Cristo) sem saber uma nota de música, foi maestro vitalício da banda de música da Festa da Sr.ª dos Enfermos, a Banda do Mestre Arnesto. A alcunha Cristo, herdou-a e desconhecia a origem.

  No último domingo de maio de 1973, realizou-se, como habitualmente na Ataíja de Baixo, a festa em honra da Senhora dos Enfermos, importante no contexto da Igreja Católica.

  Os cristãos portugueses, como foi salientado, sempre tiveram uma especial veneração à Mãe de Cristo, que os conduz a seu Filho, sempre pronta para os socorrer com o afeto maternal. Por isso cedo começaram a invocá-la sob ternos títulos que recordam o seu auxílio, Consoladora dos Aflitos, Saúde dos Enfermos e Refúgio dos Pecadores.

  No sábado, pelas 7h, houve alvorada com lançamento de morteiros. Às 9h entrou a Filarmónica de Serra de El-Rei, seguindo-se peditório pelos lugares da Ataíja de Baixo e Casal do Rei. Às 13h celebrou-se Missa Solene com Sermão. Da parte de tarde, o arraial foi abrilhantado com a referida Filarmónica e pela Banda do Mestre Arnesto. No domingo realizaram-se passatempos como corridas de bicicletas e pedestres, como o pé-coxinho ou em sacos. No recinto houve o, apreciado e imprescindível, serviço de petiscos e vinhos.

  Antes de se deslocar a Ataíja de Baixo, a Charanga percorreu  ruas da Vila de Alcobaça, com muito apreço dos alcobacenses que destacaram a sua forma afinada mais do que seria de esperar. O regente muito descontraído e senhor da função, usando laço encarnado e chapéu de palha mexicano, era a grande atração, tal como a sua batuta mágica. Deste grupo destacavam-se Zé Pedro, Ricardo e o Zé (Ganau). Ao lado da banda, seguiam os fogueteiros, o Manuel Lemos e o Nanã[1] a transpirar por todos os poros, mas a encherem dois saquinhos com notas. A banda parou à porta de casa do falecido industrial Raúl da Bernarda para evocar a sua memória e, depois, foi apresentar cumprimentos ao Presidente da Câmara (Tarcísio Trindade) que veio à rua agradecer a gentileza.



[1] Fernando Pedro da Luz (vulgo Nanã), faleceu a 26 de dezembro de 2003 com 84 anos. Pessoa em geral estimada e inofensiva, dedicava-se a fazer pequenos recados. Tendo limitações físicas nomeadamente na fala, sem saber ler ou escrever, era muito rigoroso e certeiro no que diz respeito a  dinheiros. Tudo isto lhe conferia simpatia e alguma credibilidade. Os seus últimos tempos foram passados no Lar da Santa Casa da Misericórdia.

-JERO (2011)

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