segunda-feira, 31 de março de 2014

ASDRÚBAL FORTES, FUZILEIRO CONDECORADO, OPERACIONAL NA GUINÉ



 

ASDRÚBAL FORTES,
FUZILEIRO CONDECORADO, OPERACIONAL NA GUINÉ

-Fleming de Oliveira-

Asdrúbal Fortes Jorge, que reside em Montes-Alcobaça, foi mobilizado para a Guiné em junho de 1964, com a especialidade de Fuzileiro Especial (ou Naval) e o posto de Primeiro Grumete. Esta comissão de serviço, prolongou-se até junho de 1966, tendo participado em operações em todo o território, algumas com os Comandos Africanos, onde pontificava o Fur. Marcelino da Mata. Com Marcelino da Mata falou muitas vezes, o qual falava bom português, e trocou opiniões operacionais. Sobre Marcelino da Mata, supõe que se considerava um português como nós, além de ser extremamente valente e conhecedor da arte da guerra.
Nessa comissão, Asdrúbal Fortes sofreu ferimentos num ombro (não muito graves é verdade), visto a operação em que participava com outros destacamentos de fuzileiros, na região de Cacine, junto à fronteira sul com a Guiné-Conacri, ter sido atacada por engano por um avião português, com rockets e metralhadora. Desse ataque, resultaram 4 mortos e cerca de 40 feridos, todos fuzileiros portugueses.
Regressado a Portugal em junho de 1966 no termo da sua comissão normal de serviço obrigatório, fez contrato com o Estado para passar ao Quadro Permanente dos Fuzileiros. Promovido a Marinheiro e tendo voltado à Guiné, em abril de 1967, fez inúmeras operações, por vezes lançado de helicóptero. Nessa segunda comissão, encontrou-se com Marcelino da Mata, na zona de Cacheu e Binta, em operações de golpes de mão. Em 23 de dezembro de 1968, aliás dia do seu aniversário, no decurso de uma operação no norte da Guiné (pela qual também recebeu um louvor), foi ferido com gravidade por estilhaços de bazuca, depois da metralhadora se ter encravado, o que determinou a sua imediata evacuação para o Hospital de Bissau, aonde foi operado por três vezes aos intestinos, e depois para Portugal, para o Hospital da Marinha, no qual esteve internado durante cerca de dois anos. Dado como incapaz para o serviço militar, pela Junta de Saúde Naval, passou à reforma da qual recebe uma pequena pensão. Não obstante, não repudia, a divisa da Armada A Pátria honrai que a Pátria vos contempla.
Asdrúbal Fortes foi militar condecorado e louvado por várias vezes. Sabe o que é combater com metralhadoras MG, lança granadas espanhol de foguetes Instalaza, G3 bem como viver e morrer no mato ou nos rios (como aconteceu com amigos e companheiros).
Por vezes, tem pesadelos, sonha e sofre com os momentos difíceis e de insegurança porque passou. Confrontou-se com guerrilheiros a fazer fogo com obus de 105mm, morteiros de 82mm, foguetes de RPG7, a disparar com uma costureirinha/calibre7.62 ou outro armamento que nada tinha de comum com o que foi utilizado pelos guerrilheiros no início da luta armada (armas caçadeiras, gentílicas, pistolas metralhadoras, granadas de mão ou engenhos explosivos rudimentares).
A partir de 1966, os fuzileiros, como os militares do exército, tinham pela frente um P.A.I.G.C. com canhões sem recuo, morteiros e foguetes de 120mm. Sabia quanto os portugueses estavam dependentes das vias fluviais, num território pejado por muitos rios navegáveis e sujeitos a marés de grande amplitude, e da incidência na vida de muitos homens, o abastecimento em géneros e material de guerra. As lanchas e os fuzileiros eram o grande suporte logístico.
Asdrúbal Fortes, recebeu a Medalha de Cobre, pelo salvamento de um camarada que caira à àgua e estava a ser arrastado pela corrente. Foi condecorado com a Medalha de Mérito Militar de 4ª Classe e, antes de ser ferido e evacuado para a Metrópole. Possui ainda uma Medalha de Cruz de Guerra de 2ª Classe. No referente, a louvores recebeu alguns coletivos, com o seu Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 10, e individuais. Entre os louvores gosta de destacar o de 3 de junho de 1968, atribuído pelo Comandante de Defesa Marítima da Guiné, Comodoro Aníbal Almeida Graça e publicado na O.A.-11ª Série, nº 48/7-8-968: Louvo o Marinheiro FZE nº 10106-Asdrúbal Fortes Jorge, do Destacamento nº 10 de Fuzileiros Especiais, por ao longo do tempo que em prestou serviço nesta unidade, ter revelado possuir, em acção de combate, excepcionais qualidades de coragem, desembaraço, sangue-frio e desprezo pelo perigo. Tendo feito grande número de operações da Unidade, seguindo no primeiro lugar da coluna, demonstrou sempre ter elevado senso táctico, valentia e decisão debaixo de fogo. Nomeadamente numa operação realizada no IADOR, ao aperceber-se à distância dum grupo inimigo que preparava uma emboscada ao seu grupo de assalto, arrastou consigo a sua esquadra e a Esquadra da Metralhadora. Fixando o inimigo, causando-lhe um ferido e obrigando-o a debandar, só não conseguindo uma completa aniquilação, pelo facto de se terem esgotado as munições, ao mesmo tempo que as da metralhadora que o acompanhava. Digno de ocupar postos de maiores riscos, abnegado, leal, cumpridor e com espírito de sacrifício, considero o Marinheiro FZE 10106 um militar de muito mérito.
NOTA-cfr. o nosso, NO TEMPO DE SALAZAR, CAETANO E OUTROS


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