segunda-feira, 19 de março de 2018
segunda-feira, 12 de março de 2018
Bonito ou Feio
BONITO OU FEIO?
FLeming de OLiveira
Se é loira, deve ser “burra”. Se é bonita, chegou ao topo da
carreira na “horizontal”. Se o tipo tem
músculos, é fútil por dedicar tantas horas ao ginásio.
Sim,
os atributos físicos, ainda que belos, podem jogar contra quem os possui,
tornando-os alvo de reprovação social, de crítica com intenção de humilhar e denegrir, sem esquecer o ciúme ou a
inveja maligna.
A
beleza é um atributo bem cotado socialmente, mas também pode fechar portas. De
facto, ser bonito é um ativo precioso, mas pode acarretar efeitos danosos, não
ser a pessoa levada totalmente a sério ou ficar dependente desse atributo. O facto de uma pessoa ser atraente pode transmitir a noção
de que tem mais poder sobre o espaço à volta, fazendo com que os outros sintam
que não podem competir ou se aproximar dela.
Parece
impossível imaginar, afinal, que bonito pode ser algo negativo, a ponto de
prejudicar aspetos da vida.
Beleza
e a inteligência não são incompatíveis, mas sem sofismas todos são naturalmente
atraídos pelo belo, e quem se aproxima do “ideal
dominante” tem mais força social.
Por
isso, a indústria da beleza é florescente,
a obsessão
pela beleza remonta a tempos imemoriais, facilitando a vida aos menos dotados
ou penalizados pelo decurso da vida.
Paradoxalmente,
embora no antigamente, uma figura esbelta podia ser um estorvo, particularmente
em profissões em que os requisitos técnicos da função estão na primeira linha. Uma
figura atraente, captava a atenção pública, mas recebia avaliações menos favoráveis
que os outros colegas.
Quando,
há mais de 40 anos, comecei a trabalhar nos tribunais, dizia-se (???), “machistamente” que a beleza era capaz de
exercer o seu fascínio. Réus bonitos tinham probabilidades de obter penas mais
leves ou até
serem absolvidos.
Da mesma forma, se o indivíduo que entrou com o processo for mais atraente, é é
possível que a balança da Justiça tende a pender para ele, fazendo com que
ganhe o caso e consiga indemnizações maiores.
Os
tempos evoluíram, há menos tolerância para manobras sexistas, que tendem a
acabar mal, como referi num apontamento aqui publicado, há pouco tempo. A
democratização de costumes e o mediatismo, permitem que seja normal, homens e
mulheres, fazerem valer a imagem. Não era de todo estranho, noutro tempo repito,
uma mulher no início da carreira, se vestir como se fosse mais velha para ser
levada a sério. Hoje não sendo assim, o preconceito e machismo ainda levem mulheres
a camuflar atributos físicos, para não serem importunadas.
Não
há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe. É um ditado que assenta como
uma luva quando se aborda um atributo tão poderoso e perturbador.
Ser
bonito pode ajudar, mas não é passaporte carimbado para a felicidade.
Sim,
meus Amigos. Existem vantagens em ser feio. Quase nulas? Talvez. Vantagens? Não
muitas.
Se
você, assim como eu, possui uma beleza exótica, ou até mesmo se não a tiver, somos
considerados feios. E o pior não é isso, mas sim que isso entrou na nossa
cabeça ao ponto de quando olhamos ao espelho, perguntamos: Meu Deus, por que eu sou tão feio assim?
As
desvantagens de ser feio todo mundo conhece, e são tantas que os feios deveriam
ser protegidos como classe, assim como minorias raciais ou pessoas com
deficiência!!!
A maioria de nós, embora
tenha dificuldade em o assumir publicamente, prefere comprar a vendedores com
melhor aparência, ouvir advogados mais bonitos, votar em políticos mais
esbeltos, aprender com professores mais elegantes. Não, não é uma questão de de
recusar em contratar o feio, mas enquanto trabalhadores, clientes, somos
responsáveis por esses efeitos.
Assim,
sugiro (academicamente) que deveríamos ajudar as pessoas de aparência simples,
alargando as leis que protegem minoras e, criando programas de ação afirmativa
para os feios.
Isso
soa claramente impossível, fantasioso, provocatório sem dúvida, pois
pressuporia que classificássemos “legalmente”
alguém como “pouco atraente”, para
não dizer “horroroso”, embora as
pessoas possam ser comprovadamente feias.
Buscar
a “igualdade” significa tratar todos
por igual, negros, feios, bonitos, albinos, carecas, e leis para proteger uns
ou outros é assumir a não discriminação.
De
fato, os feios não devem sofrer preconceito, mas seria uma lei a solução para o combater?
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