terça-feira, 17 de dezembro de 2019
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
Voltamos sempre ao "Bom" clima
VOLTAMOS
SEMPRE AO “BOM” CLIMA
Fleming de Oliveira
1)-É importante ter um
bom clima para respirar, como tenho destacado nos meus últimos apontamentos.
É importante ter um
bom clima para trabalhar.
2)-Desde
sempre as sociedades evoluíram mais ou menos conforme a sua capacidade de
invenção e aperfeiçoamento tecnológico.
A partir da Revolução
Industrial a chegar tardia a Portugal envolvido numa invasão estrangeira e
depois numa guerra civil, as transformações sociais que se seguiram, ao mesmo
tempo que trouxeram progressos importantes que não eliminaram a pobreza,
colocaram o trabalhador perante perplexidades, que não pararam até à
atualidade. O cinema estrangeiro e mesmo a literatura nacional, deram-nos obras
que espelham as inquietações que acompanharam o progresso tecnológico.
A revolução tecnológica nunca foi vista como
um bem inquestionável em si e para o ser humano, e o ponto de vista dos “inovadores” está longe de ser pacífico.
Ela não se traduziu apenas na libertação e no bem-estar, pois arrastou efeitos
destrutivos a que o ambiente climático não foi alheio e em renovadas formas de
opressão e injustiça social, não obstante o consumo e a força do mercado terem
ganho uma relevância crescente. Se o trabalho, mais do que o consumo, é onde os
portugueses continuam a ser mais diretamente confrontados com a técnica, a
maior exposição do segundo, tende a secundarizar o primeiro.
Que digam os Centros Comerciais
em fins de semana ou em tempo de chuva.
Desafios e obstáculos
ao desenvolvimento tecnológico em Portugal com efeitos alienantes da técnica
sobre o trabalho, que o PCP denunciou e tentou obstaculizar “tout court” na mais pura ortodoxia depois
do 25 de abril, não impediu que a produção se expandisse.
3)-Desde
a segunda metade do século XX, a classe trabalhadora portuguesa manteve uma
relação ambígua com a tecnologia. Se por um lado, viu-a como uma ameaça aos
postos de trabalho (pessimismo que antevia cenários ameaçadores) por outro, a
inovação tecnológica não só permitiu a eliminação de algumas tarefas
laborais/braçais muito pesadas (visão “idílica”
de um mundo feliz em que as tecnologias substituiriam o esforço físico), como
favoreceu o reforço das organizações sindicais. Ambos os cenários foram
idealizados no quadro de ideologias de sentidos opostos, mas que a realidade
foi progressivamente recusando, visto que os efeitos da evolução tecnológica,
por se inscreverem na lógica da dinâmica social, sempre foram contraditórios.
A tecnologia e as suas
implicações no emprego e na vida social é tema recorrente nos estudos
económico-sociais e em certa propaganda política. O manual tem atestado a
necessidade de se evitar o “determinismo
tecnológico”, pois a máquina “nunca é
nem puro meio, nem puro fim da atividade social”. Para se compreender os
impactos e implicações sociais da inovação tecnológica, é importante sublinhar
que eles incidem simultaneamente em múltiplos domínios e níveis de análise. É
necessário, antes de mais, pôr em evidência as condições socioeconómicas e
culturais
que
favorecem ou impedem o desenvolvimento tecnológico. As tecnologias, tal como o
conjunto de artefactos materiais ainda que hoje tidos como elementares, uma vez
apropriados ou marcados pelo homem, ganharam um novo alcance no plano simbólico
e das subjetividades e revestem-se de múltiplos significados. Por isso, a
problemática da tecnologia, da presença ou da ausência de novas tecnologias,
repousa sempre em implicações sociais, antes, durante e depois da sua aplicação
concreta.
4)-Não, não subscrevo
a visão idílica, neutra e fictícia de uma globalização homogeneizante e
harmoniosa, como tem sido construída e divulgada pelos ideólogos neoliberais e
pelos “mass media” de serviço. O novo
liberalismo global entrou numa dinâmica vertiginosa, e os seus impactos sobre
as relações de trabalho fazem-se hoje sentir em todas as regiões do globo,
diria nas mais desenvolvidas.
Uma reflexão
sobre o caso português impõe que se tenha presente tratar-se de uma sociedade
que só há cerca de 30 anos começou a pôr em prática políticas de modernização
socioeconómica no quadro do processo de consolidação democrática.
O processo de
transformação que o tecido produtivo sofreu, obedeceu a um vasto leque de
incidências, de natureza económica, política, social, institucional, que se
prendem simultaneamente com fatores internos e externos.
Entre outros, há que
destacar os relacionados com a adesão à CEE, o conjunto de ações destinadas à
inovação tecnológica no sector empresarial, os programas de apoio à investigação
científica e tecnológica com os consequentes efeitos no crescimento de quadros qualificados,
as políticas educativas, sua evolução e debilidades, e a articulação entre os
investimentos estruturais e as práticas empresariais.
Não obstante as dificuldades
que Portugal continua a enfrentar neste domínio, pelo menos desde meados dos
anos oitenta, existem indicadores de que o processo de desenvolvimento
tecnológico, no que se refere ao recurso a serviços técnicos especializados e à
informatização, denota evolução. Segundo levantamentos efetuados há cerca de 30
anos e a que tive acesso, a grande maioria das empresas portuguesas já tinha
informatizado os serviços de contabilidade, cerca de metade alterado os métodos
de gestão do pessoal e 10% recorriam a serviços técnicos especializados, próprios
ou contratados, além de terem a sua gestão e o processo de produção informatizados.
Isto está longe de corresponder a um avanço significativo no domínio da
inovação tecnológica, principalmente de base empresarial.
5)-Um ponto importante
que importa ainda sublinhar, prende-se com a participação dos parceiros sociais
e dos trabalhadores nos processos de mudança organizacional e tecnológica.
Creio ser de destacar
que as estratégias de inovação estão associadas a modelos flexíveis e
participativos de gestão e à influência da ação sindical.
Durante muito tempo, o
sindicalismo português manteve-se amarrado a estratégias de resistência na alegada
defesa das regalias conquistadas no pós-25 de Abril. Até aos anos de 1990, os
principais sindicatos da indústria, os filiados na CGTP, persistiram na
renitência face aos programas de reestruturação e centraram-se principalmente
na defesa do emprego e dos “alegados”
direitos adquiridos.
Assim cada um de nós queira e possa colaborar. (Por/Para um bom clima")
Assim
cada um de nós queira
e
possa
colaborar.
(POR/PARA
UM BOM CLIMA)
FLeming de OLiveira
1)-Ursula
von der Leyen, a recém-empossada Presidente da Comissão Europeia, definiu como
uma das prioridades da sua equipa, uma ação ambiciosa em matéria de crises climática
e da biodiversidade. Apoiado, diria até animado por reiterados e crescentes
apelos à ação, este mandato oferece a oportunidade para ampliar e acelerar uma
transição ecológica e justa para a Europa. Há muito que as políticas de alguns
estados europeus abordam a degradação ambiental e as alterações climáticas com
algum êxito e, sem dúvida também, com fracassos. Creio que, ainda aqui, a
questão não se pode aferir pela bondade da legislação existente, outrossim
pelas condições em a implementar. A Europa dispõe de um quadro legislativo bem
estabelecido, com objetivos a longo prazo e fiáveis sobre um grande número de
temas, desde as emissões de gases com efeito de estufa e áreas protegidas, até
à qualidade do ar e aos resíduos urbanos.
No que respeita à atenuação das alterações climáticas, os Estados da União Europeia
conseguiram reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e alcançarão
muito provavelmente (assim o anunciam) os objetivos de curto prazo.
No entanto, os objetivos a longo prazo exigem reduções
maiores e um empenhamento coerente, sem esquecer o esforço persistente de cada
um de nós. A neutralidade climática que o governo português tem como alegado objetivo,
encontra paradoxalmente obstáculos quando setores, como os transportes, tem
dificuldade em conseguir redução, devido ao aumento da procura.
2)-A
degradação ambiental,
incluindo a perda de
biodiversidade, continua apesar dos esforços reforçados. As perspetivas
a longo prazo são por demais preocupantes. Os sistemas de consumo e de produção
exercem uma pressão insustentável sobre os ecossistemas terrestres e aquáticos,
tanto na Europa, como no resto do mundo, em que a Amazónia será um lastimável
exemplo, com destaque para a poluição.
Diferentes poluentes são libertados (como já referi aqui num anterior
apontamento) e acumulam-se na atmosfera, na água e no solo, com impactos
significativos nos ecossistemas e na saúde humana. Apesar da melhoria do estado
do ar respirável, estima-se que a poluição atmosférica, por si só, ainda cause
mais de 400.000 mortes anuais e prematuras no continente europeu. Não obstante a
Europa tem, provavelmente, o conjunto mais abrangente, ambicioso e completo de
legislação ambiental do mundo.
Estranho?
A opinião pública europeia exige ação em
matéria de alterações climáticas e de sustentabilidade. Milhares de
jovens incentivados por Greta Thunberg, marcham pela Europa, lado a lado com os pais
e avós. Tendo em conta o apelo e a magnitude das tarefas, não surpreende que
estas questões estejam no centro das ambições políticas da UE. A composição do
Parlamento Europeu reflete estas exigências públicas.
3)-Ao longo dos últimos anos, as avaliações da Agência Europeia do Ambiente/AEA
têm chamado a atenção para questões relacionadas com os principais sistemas
sociais, incluindo a mobilidade, a energia e, mais recentemente, os alimentos.
As políticas europeias refletiram esta abordagem nos pacotes legislativos,
incluído o que diz respeito ao clima e à
energia. A AEA tem vindo
ainda a salientar a necessidade de uma transição para a sustentabilidade e o
papel da política na facilitação da mesma, o que também é sublinhado na agenda
de von der Leyen.
O que se pode fazer para que o Pacto Ecológico Europeu se
concretize?
Embora não me assuma como “expert”, admito que tal pressupõe uma
reformulação de sistemas-chave, como a forma de deslocação, produção e uso de energia,
produção e consumo de alimentos. Mas os desafios que é preciso enfrentar no
sistema de mobilidade ou de energia não são os do sistema alimentar.
Será que teremos mesmo de abdicar do belo
bifinho como adiantou a Universidade de Coimbra?
Nos últimos anos, as energias renováveis
tornaram-se uma componente fundamental do sistema energético, enquanto o
transporte rodoviário continua por enquanto a depender de veículos privados.
A urgência e a magnitude dos desafios,
significam que não podemos adiar mais a resolução de questões difíceis como
estas. Como podemos produzir alimentos sem prejudicar o ambiente (lá voltamos ao bife…) e apoiar as comunidades rurais?
Como podemos conseguir que essas comunidades
não fiquem ainda mais para trás?
Como é que conseguimos compatibilizar os
fundos públicos e privados das atividades que causam degradação ambiental e alterações
climáticas, com as que promovem a sustentabilidade?
5)-A Europa está repleta de bons exemplos de
ideias e políticas, que até exporta. É tempo de expandir e de acelerar o
processo. Com níveis recordes de apoio público, vivemos um momento único e podemos
assumir medidas de
que precisamos para colocar a Europa no
caminho da sustentabilidade. Para facilitar esta transição, a Agência
Europeia do Ambiente, alegadamente, continuará a apoiar os decisores políticos
e o público, fornecendo os melhores conhecimentos sobre questões atuais e
emergentes.
Assim cada um de nós “queira” e “possa”
colaborar.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2019
Apresentação em Peniche do livro "No tempo dos Boéres em Portugal"- publicação no jornal região oeste
JRO – Jornal Região Oeste
FORTALEZA DE PENICHE RECEBE APRESENTAÇÃO DE LIVRO SOBRE A PRESENÇA DOS "BOÉRES" EM TERRITÓRIO NACIONAL
No próximo sábado, dia 7 de dezembro, pelas 16h, o Museu Nacional Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche, irá acolher a Apresentação do livro "No tempo dos Bóeres em Portugal, da autoria de Fleming de Oliveira. Esta sessão contará com a organização do Município de Peniche e da Direção-Geral do Património Cultural e a apresentação da obra ficará a cargo do editor Carlos Fernandes.
Neste livro, editado pela Hora de Ler, é descrita a passagem por Portugal, entre 1901 e 1902, de um contingente de refugiados bóeres, resultantes da 2.ª Guerra Anglo-Bóer (1899-1902) que à época decorria na região do Transval, na África do Sul. Durante este período a então vila de Peniche acolheu 368 bóeres que ficaram internados na Fortaleza, e noutros locais da povoação. Os refugiados bóeres estavam autorizados a andar livremente pela península e, em algumas ocasiões especiais, podiam deslocar-se ao exterior. Os tempos livres eram ocupados com caminhadas, eventos desportivos, associações de debate e troca de correspondência. Alguns bóeres trabalharam na construção civil e agricultura.
O autor, Fernando José Ferreira Fleming de Oliveira, nasceu no Porto, em 22 de fevereiro de 1945. A 15 de novembro de 1969, licenciou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi Delegado do Procurador da República em várias comarcas. Vive e trabalha em Alcobaça como advogado, desde 1974. Foi eleito, em listas do PSD, substituto legal/ vice-presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, assim como presidente da Assembleia Municipal, deputado à Assembleia da República e deputado municipal. Colabora regularmente em jornais e revistas, realiza palestras e conferências sobre temas históricos e faz crítica literária.
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
terça-feira, 26 de novembro de 2019
O "Erro" de Lavoisier
O “ERRO” DE
LAVOISIER
FLeming de Oliveira
1)-O meu Avô paterno, respeitável bancário,
apreciava a bricolage e alguns ensaios, ditos científicos, que fazia na cave da
casa, com algum incómodo da minha Avó. Por isso, na família, dizia-se carinhosa ou
jocosamente que era um bancário frustrado, não obstante ser homem de confiança
de A. Cupertino de Miranda, com quem trabalhou durante mais de 30 anos, mesmo ainda
antes de este constituir o Banco Português do Atlântico, no Porto.
Um belo dia, ainda não frequentava eu a escola primária, cobriu uma vela acesa com um pote de vidro e anunciou-me que iria provar que, após pouco tempo, o fogo apagava por si. A experiência, obviamente, não o deixou mal colocado. Explicou-me que a combustão consumia o oxigénio do ar pois que, por outras palavras, sem oxigénio, não há fogo. Já tinha uma vaga ideia disto e por isso não fiquei de boca aberta.
-Queres saber quem descobriu a função desse gás
na combustão? Foi um génio francês, que morreu há muitos anos, chamado Antoine
Lavoisier.
-Está bem!
2)-Lavoisier nasceu em 26 de agosto de 1743
em Paris, e filho de um advogado, esperava-se que seguisse as pisadas do pai.
Contudo, o rapaz interessava-se menos pelas humanidades e mais pelas ciências
e, ao fim de algum tempo, tomou especial gosto pela química, uma área ainda
pouco explorada.
Lavoisier que ficou
conhecido por derrubar teorias científicas, demonstrou que a combustão e outros
processos relativos (como a calcinação de metais) eram o resultado do oxigénio
se combinar com outros elementos, que a massa dos produtos da reação era igual
aos que deram origem a ela. Era o princípio da conservação de massas, conhecido
pela celebérrima expressão: "Na natureza nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma".
A relação entre Lavoisier e o
oxigénio não se quedou por aqui, pois ainda descobriu a sua função na
respiração, na oxidação, nas químicas. Identificando-o como um dos componentes
do ar, renomeou em 1777 o “ar
essencial” como “oxigénio” , com base no grego ὀξύς
(oxys) (ácido,
literalmente "amargo")
e γενής (genēs) (produtor, literalmente "que gera"), porque pensava,
erroneamente, que o oxigénio era um constituinte de todos os ácidos. Os
cientistas comprovaram, depois, que Lavoisier estava errado, o hidrogénio constitui
a base química dos ácidos. Entretanto o nome “oxigénio” já se popularizara o suficiente para assim permanecer. Afinal, tal como Descartes estava
errado…
Lavoisier colaborou na
construção do sistema
métrico, na reforma da nomenclatura
química,
escreveu a primeira relação de elementos químicos,
previu a existência do silício e
estabeleceu o enxofre como
um elemento, ao
invés de um composto. E
demonstrou que, ao
contrário do que se pensava, a água é
uma substância
composta, formada por dois átomos de hidrogénio e
um de oxigénio/OH2.
Essa descoberta foi muito importante, pois, segundo a “Teoria de Tales de Mileto”, então ainda aceite, a água era um dos quatro elementos terrestres
primordiais, a partir da qual outros materiais eram formados. Por esta e por outras, foi chamado de
pai da química moderna.
3)-Lavoisier comprou ações da “Ferme Générale”, que sendo rendáveis
ganhou bastante dinheiro e animosidade. Tratando-se de uma sociedade que o povo
em geral odiava, impopular por causa dos abusos que praticava na
cobrança de impostos, esse sentimento
tornou-se extensível aos sócios e agentes. Com a Revolução Francesa, elementos da “Ferme Générale” foram presos,
levados a julgamento e Lavoisier condenado à guilhotina.
Cientistas de toda a Europa, ainda enviaram uma petição para que Lavoisier
fosse poupado, e o presidente do tribunal, Jean-Baptiste Coffinhal, em resposta ao último e desesperado apelo da esposa para que
pudesse prosseguir a pesquisa científica, recusou e proferiu uma frase que ficou
marcada nos livros de história: "A França não precisa de cientistas."
Em 8 de maio de 1794,
aos 50 anos, Lavoisier foi guilhotinado. O matemático Joseph-Louis Lagrange, no
dia seguinte, resumiu o dramático episódio numa frase: "Não bastará um século para
produzir uma cabeça igual à que se fez cair num segundo."
4)- A Amazónia, a maior floresta tropical do mundo, esteve ou ainda está a
arder. O mundo protestou contra esses incêndios e a partir deste espaço
alcobacense fiz uma mais que “irrelevante”
denúncia, seguida de apelo. Na Amazónia, vive a maior biodiversidade registada
numa só área do planeta. Que consequências têm os fogos para o resto do mundo?
E será mesmo a Amazónia, como se diz o “pulmão
do planeta”?
Esta expressão não é completamente correta (é uma forma
apelativa de referir), uma vez que a floresta também consome oxigénio e há
outros organismos que podem ser maiores contribuintes, como as algas. No
entanto, o papel de sequestro de carbono confere-lhe um papel inquestionável
nesse equilíbrio. Logo,
essa de pulmão do planeta não confere, rigorosamente falando. São as algas
marinhas que fazem a maior parte desse trabalho, pois lançam na atmosfera quase
55% de todo o oxigénio produzido. Florestas como a Amazónia, segundo os
cientistas, são ambientes em clímax ecológico, o que quer dizer que consomem
todo, ou quase todo, o oxigénio que produzem. As estimativas variam, mas todas
indicam que a parcela de oxigénio excedente fornecida pela Amazónia para o
mundo é relativamente pequena.
Correndo risco de ser acusado de meter foice em seara alheia,
mas por que o assunto me perturba deveras e deveria ser extensível, tenho
procurado obter mais alguns dados, que nada me tranquilizam. Com os incêndios e a desflorestação, há uma
perda relevante de carbono associado à biomassa florestal e aos solos (solos e
plantas da Amazónia, em conjunto representam cerca de 25% do carbono armazenado
nos sistemas terrestres) o que tem profundas implicações.
A regeneração da
floresta tropical é quase impossível. A remoção da vegetação significa a
remoção de quase 90% dos nutrientes que estão nas plantas, não no solo. A
desertificação dos solos é um processo muito rápido e é um dos problemas
ecológicos mais graves e complexos que resulta destes incêndios de grande
escala.
4)-Lavoisier ainda diria hoje que “Na
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”?
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
Viva o Verde!
VIVA O VERDE!
FLeming de
OLiveira
1)-Espaço verde urbano e as respetivas funções, têm
sido objeto de ajustamentos mais ou menos elaborados ao longo do tempo, sendo aceite
de forma quase unânime (seja por “Mestres”
ou “Aprendizes”) terem efeito no
bem-estar da população citadina.
A necessidade dos espaços verdes, é uma
das consequências da evolução que as cidades têm sofrido, nomeadamente a partir
da revolução industrial. Foi com o êxodo da população rural para a cidade, que
surgiu o conceito e necessidade de “espaço
verde urbano”, que teve por primeiro objetivo recriar a presença da
natureza no meio urbano. Deste então, os espaços verdes funcionaram como agradáveis
locais de estar, de encontro, ou de passeio público.
2)-Nas cidades industrializadas de Inglaterra, surgiu a
necessidade de “pulmão verde”, ou
seja, um espaço com dimensão adequada para produzir o oxigénio necessário à
compensação das atmosferas poluídas especialmente pelo carvão. Foi de certo
modo à luz deste propósito, que foi construído em Lisboa o Parque Florestal de
Monsanto, a necessidade de a paisagem natural penetrar na cidade. É o
principal pulmão da capital, o maior parque florestal português e um dos
maiores da Europa. Inclui belos espaços que proporcionam atividades como desportos
radicais, caminhadas, atividades ao ar livre, peças de teatro, concertos, feiras, exposições, e
vistas magníficas sobre Lisboa e concelhos limítrofes. Este objetivo conseguido, tem levado à criação de outros espaços, sejam da
recuperação dos existentes, da sua interligação através de corredores verdes,
caminhos preferencialmente pedonais. Em Monsanto, optou-se
pela imagem de bosque selvagem, interrompido por percursos essenciais,
aproveitando-se as vistas e ambientes que a serra oferece. É ótimo passear por
lá. É esta a lógica que os “Mestres”,
como o meu primo Arq. Raúl, ensinam na Universidade e tentam aplicar nos seus “ateliês” com vista a assumirem uma
crescente relevância na política municipal, procurando uma solução vivificadora
do tecido urbano e de ligação ao espaço rural envolvente.
Qualquer citadino em Portugal tem a necessidade e o prazer em usufruir de
uma estrutura que englobe os espaços verdes, localizados em áreas de interesse
ecológico ou importantes para o funcionamento dos sistemas naturais, como a vegetação,
a circulação hídrica e climática, ou o património paisagístico. Entendo eu como
“aprendiz”, que aquela estrutura
lisboeta deve ser prosseguida noutros locais com soluções que penetrem nas
zonas edificadas, lhes confiram um carácter mais urbano, e que se modificando
ao longo do percurso, venham a constituir um espaço de jogo e recreio, ou meramente
um separador físico entre o trânsito automóvel e a circulação de peões.
3)-Medidas como
estas são importantes na ligação dos espaços diferenciados entre si e na
amenização do ambiente, pelo contraste entre a suavidade do material vivo
inerente à vegetação e o carácter inerte e rígido dos pavimentos e outras
superfícies, nomeadamente as construídas em altura. Nas funções de integração,
de enquadramento, de suporte de uma rede contínua de percursos para peões, o
espaço verde urbano pode visar o incentivo à apreensão e vivência dos objetos e
dos conjuntos em que se organizam. As espécies vegetais, nas suas diferentes
formas, cores e texturas, constituem elementos com os quais se pode aumentar o
valor estético dos espaços urbanos.
A observação
e contemplação da vegetação pela população urbana (e não me refiro apenas aos
estudantes e a Alcobaça) possibilitam o (re)conhecimento da sequência natural do
ritmo das estações e de outros ciclos biológicos, o (re)conhecimento da fauna e
flora espontânea e cultivada, o (re)conhecimento dos fenómenos e equilíbrios
físicos e biológicos.
4)-O novo Parque Verde de Alcobaça, que permitiu
requalificar 60 mil metros quadrados de terrenos citadinos nas margens do rio
Alcoa, obviamente, não pretende competir com Monsanto, nem ser um modelo para o
resto do País.
A conceção deste espaço incluiu, e bem, 3
percursos distintos, pedonais e cicláveis, uma praça, um anfiteatro, duas
clareiras, uma zona de restauração e lazer, um parque infantil e um sistema
integrado de jogos de água, espaços desportivos, uma galeria ripícola (explicou-me
o meu primo Raul, que esta é um instrumento para o funcionamento dos ecossistemas fluviais com ação como
filtro biológico de nutrientes e de diversas substâncias poluentes), um sistema hidráulico cisterciense e um parque de
estacionamento.
Seja como for, na minha opinião, é uma
obra de sucesso e das mais marcantes do mandato de Paulo Inácio. Espero que, numa segunda fase, o parque pouco
ambicioso por agora, cresça para o dobro do tamanho atual, como prometeu o
autarca e a população apreciará.
4)-Lastimo, porém, que
ainda não tenha havido “coragem” para
corrigir a zona circundante do Mosteiro, falhada à nascença. A falta de manutenção do
saibro, é um problema apontado recorrentemente pelos cidadãos locais e
visitantes. O piso com década e
meia, não recebeu o devido acompanhamento por parte das entidades responsáveis,
como a população apreciaria.
5)-Estou viciado com o verde e não
pretendo ser tratado.
Dado dispor, felizmente, de um espaço onde é possível ter um
mobiliário de jardim para passar algum tempo de tranquilidade, pude adicionar-lhe
um toque de verde, dando-lhe mais vida. Ali, a Ana Maria e à nossa medida,
criou um pátio interior, colocando vasos e diferentes plantas verdes, contrastando
com o restante pavimento acinzentado.
É o verde que posso ter à “mão”.
terça-feira, 15 de outubro de 2019
EFEITO ESTUFA
EFEITO ESTUFA
FLeming de OLiveira
1)-Salvar
o planeta?
Sim,
hoje em dia todo o mundo diz que sim e creio que o quere. Mas se falar é uma
coisa, fazer é outra. Medidas que sejam tomadas para combater a poluição, sem a
ajuda da população, que é o fator mais importante, ficam muito aquém do efeito
útil e pretendido. Num mundo onde as pessoas escolhem liminarmente o
desenvolvimento, e o progresso a curto prazo, a situação fica cada vez mais difícil.
Entre fechar uma fábrica para ajudar a natureza ou mante-la para conseguir mais
poder e empregos, prefere-se em geral continuar com a indústria, mesmo que poluente.
2)-Perante isto, já ouvi falar no “novo tabaco”. As mortes atribuídas pela má qualidade do ar nos últimos
anos ultrapassaram as dos fumadores. Se o mundo está a virar as costas ao
tabaco, deve fazer o mesmo com o ar
tóxico que se respira.
As fontes poluentes são inúmeras, a queima de combustíveis fósseis para
produção de eletricidade, uso nos transportes, na indústria e nos aglomerados
domésticos; a utilização de solventes nas indústrias, especialmente a química e
a extrativa; a agricultura e o tratamento de resíduos. Mas há outras causas,
fora da ação humana, que também contribuem, como as erupções vulcânicas, as
poeiras transportadas pelo vento, a água do mar vaporizada e as emissões de compostos
orgânicos das plantas.
3)-Estamos condenados a respirar um ar de fraquíssima qualidade? Não, se o pequeno esforço que tem
sido feito nos últimos anos, for prosseguido e aumentar. Na Europa, entre 2002
e 2017, observou-se uma tendência de aumento do número de dias em que o índice de qualidade do ar foi
classificado como “Muito Bom”, ou “Bom”.
Mudanças climáticas, tal como
decorre da expressão, correspondem a
mudanças no clima que estão a
ocorrer por todo o planeta e que apresentam efeitos, tão
visíveis, quanto a extinção de espécies, derretimento de glaciares e calotes
polares ou o aumento do nível do mar.
O aquecimento global, é a intensificação do
efeito estufa, fenómeno em si natural e importante,
que permite que o planeta fique e se mantenha aquecido adequadamente. O efeito
estufa acontece, por na atmosfera existirem gases que garantem
que parte do calor que chega ao planeta fique retido. O aumento desses gases
acarreta uma maior retenção de
calor e, portanto, o aumento da temperatura. Quando se fala em
aquecimento global, associa-se a um aumento
anormal da temperatura média do planeta. Para se ter uma ideia, a
temperatura média global de superfície do planeta aumentou, aproximadamente,
0,74º. C. nos últimos 100 anos, e pesquisas indicam que esse aumento está
diretamente relacionado com a ação do homem, que, ao longo dos anos, aumentou as
emissões desses gases de efeito estufa.
Segundo o Greenpeace,
a emissão de gases de efeito estufa, aumentou ao longo dos últimos 10 anos mais
rapidamente que o período entre 1970 a 2000, o que significa que o descontrolo
dessas emissões, dará lugar a consequências devastadoras. Preocupados com as
mudanças no clima governantes e instituições traçam planos e indicam metas…Mas…
De acordo com o Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU que
tem como função fazer avaliação de
informações sobre as alterações climáticas, se medidas urgentes
não forem tomadas para estabilizar as emissões dos gases até 2100, o aumento da
temperatura global excederá 2º. C. dos níveis pré-industriais (Sec. XVIII), o
que poderá ser catastrófico.
Segundo relatórios do mesmo IPCC, países como o Brasil
poderão sofrer sucessivas e cada vez maiores inundações
e outras devastações, graças à proliferação de tempestades e períodos de estiagem longa, com deslizamento
de terras e aumento das enchentes. As zonas costeiras, correm risco com o aumento do nível do mar, graças
ao degelo decorrente da elevação da temperatura média do planeta. As áreas
secas sofrerão, ainda mais, com a falta
generalizada de água. A água potável, já escassa em algumas regiões,
poderá ser mesmo motivo de disputas políticas, quem sabe guerras.
Perante este quadro, é fácil perceber que mais
espécies de plantas e animais entrarão em extinção
e a produção de alimentos poderá sofrer
queda, pois a mudança climática afeta diretamente o cultivo de certas espécies.
A saúde
humana, a questão mais relevante, e as condições de vida, podem ser
afetadas gravemente com as alterações climáticas. A insolação, alergias,
doenças transmitidas por mosquitos, desnutrição e fome serão intensificados
com o aumento da temperatura global.
4)-Segundo o IPCC, ainda que a
emissão de gases do efeito estufa diminua, a Terra
continuará a sofrer danos residuais irrecuperáveis e terá que aprender a
lidar com o aumento gradual da temperatura.
Apesar de serem irrecuperáveis alguns danos apontados,
a diminuição da emissão de
gases com efeito estufa é absolutamente necessária para que a intensidade daqueles
seja contida e depois diminuída. E então voltamos a falar em ações sustentadas
de defesa do planeta !!!
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