quinta-feira, 11 de maio de 2023

FLEMING DE OLIVEIRA APRESENTA EM TURQUEL (13 de maio de 2023) JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÒRIA

 Nesta  minha missão que assumi de registar e divulgar a história recente de Alcobaça (muito especialmente a partir do século XIX), vou evocando episódios esquecidos, insólitos, controversos, inverosímeis ou lendários, mas e que integram a memória coletiva, popular e identitária da nossa região onde Alcobaça se insere.

 

A minha vida profissional sempre esteve ligada à escrita. Como advogado, nunca escrevi para a Eternidade, passe o exagero da expressão. Ao contrário do que ora faço, escrevia para e sobre o tempo que passa.

Estou em Turquel a lançar o livro JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÒRIA. Ali não inventei factos, muito menos ajustei contas, mas admito que a forma como os tratei pode ser controversa.

 

Como se sabe não sou alcobacense nato, mas aqui vivo, trabalho, socializo e tenho interesses, há perto de 50 anos, precisamente desde 20 de abril de 1974. Gosto, nos meus textos de referir pessoas de quem ouvi falar, com quem privei me encontrei, com virtudes e defeitos bem personalizados.

 

Conhecer e dar a conhecer a História, ajuda ou deveria ajudar as pessoas a posicionarem-se no seu mundo. Neste tempo de intolerância, a História por vezes é utilizada de forma perniciosa, alimentada por nacionalismos radicais e populistas. Acredito que o meu papel, passa por demonstrar como cada um de nós é fruto de inúmeras e nem sempre identificáveis contradições. Cada um, portugueses e alcobacenses, tem no ADN, judeus, mouros, cristãos, católicos, protestantes, africanos, pessoas que não morreram descalças, que lutaram pela sobrevivência. Cumpre-me demonstrar, na medida do possível essa mescla, afinal do que somos feitos. A História em lugar de fomentar nacionalismos, deve ajudar a relevar e a demonstrar que somos a súmula de muitos, muitos contributos, a relativizar, rejeitando a exclusividade.

 

Desde que o mundo é mundo, compartilhamos histórias que perpassam as pessoas, fazendo delas o que são. A par dos provérbios, lengas-lengas, ditos e dizeres populares, as lendas são importantes testemunhos normalmente orais, que podem caracterizar um povo e uma Terra.
As lendas são verossímeis? Sim, porque o povo quer que sejam. No meu livro conto algumas. Conto o que, se não aconteceu, poderia muito bem ter acontecido.
 

Porque estamos hoje aqui em Turquel?

Desde que vivo em Alcobaça sempre tive forte relação com Turquel que, graças aos Amigos, frequentei assiduamente, mais que hoje. Com prejuízo de esquecer muitos turquelenses ilustres e eventos relevantes, tenho de começar por recordar, por exemplo o Corpo de Ordenanças de fins do século XVIII (e seus componentes que laboriosamente identifiquei e que aqui ainda tem descendentes), o Alferes de Artilharia Manuel dos Santos Pimenta com papel importante na defesa da República e no combate à Monarquia do Norte e depois assumido oposicionista do Estado Novo que o deportou para Timor de onde retornou doente e para morrer ao fim de pouco tempo (pai de Carlos Pimenta o primeiro presidente da Câmara de Leiria depois do 25 de abril com quem privei e me forneceu dados interessantes), o celebrado pintor Adriano Sousa Lopes, que registou na tela a abnegada e sangrenta participação do CEP na Flandres, o Prof. José Diogo Ribeiro (não percebo a razão porque os seus trabalhos memorialistas não foram  reeditados pela Câmara ou pela Junta), o Dr. Joaquim Guerra (saudoso altruísta e bairrista), a Lurdes Costa Ribeiro, primeira mulher autarca em Alcobaça, senão das primeiras do país e o espólio da ADEPART que cumpre tratar e salvaguardar. Estas e outras pessoas, bem como eventos, registei e divulguei em escritos, mas que por falta de tempo não posso aqui invocar com mais detalhe, pelo que peço desculpa por isso. No livro que aqui trago a público com a prestimosa e indispensável colaboração de Afonso Luís, perpassam personalidades tão interessantes como o esquecido mas controverso Padre José Pereira dos Santos, pároco de Turquel nos primeiros anos da República e monárquico assumido.

 

É com muito gosto que me associo à afamada e benemérita Sociedade Filarmónica Turquelense nesta iniciativa memorialista, relevando a pronta einteira disponibilidade.

25 de abril, República e Democracia são conceitos ou práticas indissociáveis que não é ocioso realçar. Entramos no ano do seu cinquentenário. Há a salientar a importância de Turquel, no passado e no presente, no quadro da terra de Alcobaça e o relevo que no contexto do livro lhe é conferido merecidamente.

 

Estamos aqui num acto que gostaria que fosse de cultura. Assim, não resisto a invocar a luta dos professores, esses agentes formadores de cultura hoje em dia pouco respeitados, desde logo, pelo poder político. Entendo urgente e fundamental reabilitar a classe, para que a escola possa cumprir a sua finalidade, sermos cada vez mais Portugal.

 

Há dias celebramos (9 de maio) o Dia da Europa, o que nos leva a recordar e valorizar o papel que esta tem desempenhado na nossa vida, na defesa dos valores que nos são caros e inalienáveis. Os Portugueses em geral não têm divergências quanto ao seu posicionamento, bem como o do País enquanto tal e nesse aspeto identificam-se com a política externa do governo.





TRABALHO DIGNO E REMUNERAÇÂO

 

O meu conceito de “trabalho digno” inclui reais aspirações no domínio profissional e implica, desde logo, a oportunidade para realizar um trabalho produtivo, mediante uma remuneração justa, segurança no local e proteção social para o próprio e respectiva família. E sem olvidar, claro está, as perspetivas de desenvolvimento pessoal, integração e reconhecimento sociais, liberdade para expressar preocupações, a organização e participação nas decisões que afetam a vida de cada um, a igualdade de oportunidades e de tratamento. Socialismo?

O direito ao trabalho é exclusivamente humano (não encarado retoricamente), e como tal fundamental para que se possa ter vida digna (fornecedor do sustento). Ao contribuir para o desenvolvimento individual fortalece, concomitantemente, a comunidade e a sociedade em geral.

Todavia, nem todo o trabalho contribui positivamente para manter a vida com dignidade. Muitos portugueses neste século XXI vivem em situação de pobreza ou em riscos de isso poder ocorrer um dia destes, sendo que ter emprego digno não garante a salvaguarda. Conheço pessoas que, em consequência da limitação de oportunidades, aceitam salários baixos, empregos temporários com condições inseguras e insalubres. São por isso especialmente vulneráveis a maus-tratos e a assédio, presas a um trabalho perigoso se não ilegal e a práticas análogas à escravatura, que supostamente não existe mais.

O crescimento económico sustentado, isto é respeitando os limites do planeta (Portugal neste mês de Maio de 2023 já ultrapassou o que competiria gastar até ao fim do ano), é importante para todos, mas o progresso deve criar empregos, sem prejudicar as pessoas e o ambiente.

“Trabalho digno” impõe condições para comprar comida, uma casa para viver, cuidados de saúde, pelo que o salário deve ser justo e adequado ao trabalho feito. Quem faz o mesmo trabalho deve receber o mesmo dinheiro. Socialismo?

Trabalho fundamental nem sempre é valorizado em termos sociais ou de retribuição. A escravatura era o exemplo mais perfeito desta asserção, contraditória nos termos. O escravo fazia um trabalho muito importante para o dono, por vezes imprescindível para a própria economia em geral, sem remuneração, direitos ou reconhecimento sociais.

Hoje em dia continua a haver em Portugal profissões ou tarefas sem reconhecimento, pese embora essenciais, que a sociedade não valoriza nem retribui relativamente. Recordo, por exemplo, o grave problema que uma greve do pessoal da recolha de lixo, acarreta na vida de uma comunidade.

FLEMING DE OLIVEIRA APRESENTA A 13 DE MAIO DE 2023 (Turquel) JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÓRIA -CONVITE-

 

Fleming de Oliveira e a Sociedade Filarmónica Turquelense, têm muito gosto em convidar V.Exª. e Família para o evento a realizar no dia 13 de maio  de 2023, pelas 16h,30 na sede desta, o qual integra, entre o mais,  a apresentação do livro UMA JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÓRIA e um documentário vídeo sobre Alcobaça.

Ficamos gratos se oportunamente puder confirmar a sua presença.




FLEMING DE OLIVEIRA APRESENTOU EM ALFEIZERÃO (29 de abril de 2023) “JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÓRIA”

 

Na Junta de Freguesia de Alfeizerão realizou-se, no dia 29 de Abril de 2023, o lançamento do livro Janela com vista para a Rua da Memória, de Fleming de Oliveira. Na mesa estiveram Filomena Fadigas, que orientou a sessão, o autor, a secretária Inês Cardoso, a vice-Presidente da Câmara de Alcobaça Inês Silva, e dois elementos do executivo da Junta.

Na circunstância, foi apresentado publicamente o busto da República, agora reconstituído com a mísula original de mármore datada de 1929 que antes o sustentava e que passou a figurar no salão onde decorrem as assembleias de freguesia e outras reuniões sociais e políticas.

A Vice-presidente da CMA Inês Silva fez a apresentação do livro, lendo alguns extratos e relevando o intuito do autor de registar e divulgar, (particularmente) a história recente de Alcobaça, evocando episódios esquecidos, insólitos, controversos, inverosímeis ou lendários, mas que integram a memória coletiva, popular e identitária da região.

Intervieram ainda Rui Rasquilho, sublinhando a importância destes registos, e a esposa de Fleming de Oliveira, Ana Maria Magalhães, que numa intervenção singular e interessante, reconheceu o relevante contributo do marido na divulgação da história da região, talvez porque, sendo portuense de origem, tem uma visão mais distanciada do quotidiano da nossa Terra.

Na sessão foi exibido o documentário vídeo da RTP REGRESSO A ALCOBAÇA, da autoria de José Hermano Saraiva.





DIREITO E HISTÓRIA

 

Como tenho defendido, entendo a História como um esforço de reconstrução do passado, o que me leva a uma análise e dedução, suportados por documentos e outros vestígios.

Sem esquecer que, como humano sou inexoravelmente subjetivo, por mais que tente combater essa fatalidade, jamais o farei integralmente. Afinal pessoa não é autómato, por mais que reconheça o valor da inteligência artificial.

Quando há muitos, muitos anos mesmo, ao terminar o ensino secundário, tive que decidir o rumo da vida e concretamente os estudos universitários, oscilei entre a Faculdade de Letras (Ramo História) e a Faculdade de Direito. Perante a Faculdade de Letras tinha como handicap a circunstância de o meu Pai ser licenciado em Direito e exercer a advocacia no Porto. Vim a seguir Direito e a partir de certa altura advogado da Câmara de Bissau e o facto de o meu Sogro ser Advogado e minha Mulher licenciada em Direito, acabou por se impor determinante para vir exercer a Advocacia em Alcobaça a partir de 1974 até me reformar há uns anos.

A opção entre o Direito e a História não foi de todo fácil, dado terem muitas coisas em comum. Enquanto jurista (advogado ou magistrado do MP) quando queria perceber a trama que me era apresentada, tinha de recriar um historial do interveniente, compreender o jogo de fatores e indicadores que explicavam comportamentos que viabilizam o diagnóstico e depois a terapêutica correta. Quando hoje estudo, registo e divulgo a História, especialmente a de Alcobaça (não mais exerço advocacia) estou a trabalhar da mesma forma num mundo complexo, mas que não posso observar diretamente. Tenho de o reconstituir com seriedade por meio de indícios disponíveis, por exemplo inquéritos que não dispenso.

Fala-se no branqueamento do passado, de um reescrever a História, o que pode acarretar situações de rutura que viabilizam a ascensão de populismos fáceis. Esta é seguramente uma das minhas mais presentes preocupações, desde logo em política tout court. Não contem comigo na instrumentalização da História em prol de causas, pois considero isso perverso e por demais negativo.

Ao abordar o Estado Novo, o que tenho feito com acuidade e regularidade, a linguagem que utilizo pretende ser compatível com a ontem e hoje, pois os conceitos não são os mesmos.

Eliminar símbolos nacionais como monumentos ou restituir bens que advieram supostamente de forma ilegítima aquando com a gesta ultramarina, assemelham-se a um branqueamento, nada meritório ou positivo seja para a História enquanto tal,ou para a Sociedade. O importante é perceber que a História corresponde a motivações e necessidades, mas que um dia podem ou devem ser esclarecidas, desmistificadas se necessário.

Com tenho defendido, ler à luz dos contextos, é ferramenta e postura que reputo absolutamente essencial.

terça-feira, 18 de abril de 2023

-RUA DA MEMÓRIA- -A HISTÓRIA É TEMA COMPLEXO E NÃO BAFIENTO- -LENDAS, FACTOS E PESSOAS CÁ DA TERRA- -AS LENDAS SÃO VEROSÍMEIS!-

 

-RUA DA MEMÓRIA-

-A HISTÓRIA É TEMA COMPLEXO

E NÃO BAFIENTO-

-LENDAS, FACTOS E PESSOAS CÁ DA TERRA-

-AS LENDAS SÃO VEROSÍMEIS!-

 

 

Nesta  minha missão que assumi de registar e divulgar a história recente de Alcobaça (especialmente a partir do século XIX), vou evocando episódios esquecidos, insólitos, controversos, inverosímeis ou lendários, mas e que integram a memória coletiva, popular e identitária da nossa região onde Alcobaça se insere.

A minha vida profissional sempre esteve ligada à escrita. Então, nunca escrevi para a Eternidade, passe o exagero da expressão. Ao contrário do que ora faço, escrevia para e sobre o tempo que passa.

Vou lançar este mês “UMA JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÒRIA”. Ali não inventei factos, muito menos ajustei contas, mas admito que a forma como os tratei pode ser controversa. Não escrevo para académicos, mas para pessoas como nós. O passado é revisitado sob o meu olhar e as fontes de pesquisa foram relativizadas, tanto no que diz respeito à objetividade, quanto à diversidade.

Pese embora guardião de memórias, apodo que não repudio de todo, não tenho a pretensão de me assumir como um grande ou privilegiado narrador. Ao contrário do que gostaria, a Memória nunca conseguirá guardar toda a informação. A sua função é ir atualizando o registo. O seu trabalho é a reescrita da história, que assim se vai modificando com o tempo, tal como o corpo vai mudando e o mundo se vai alterando. 

A narrativa em “UMA JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÒRIA” acompanhada, transformada ou reforçada por imagens ou apontamentos, pode ser contada, recontada, interpretada e reinterpretada. Caracterizada pela organização de factos encadeados numa sequência temporal não rígida, foi alterada para estabelecer uma relação com o leitor.

As disputas pela memória dos acontecimentos vividos ou negados não é problema novo. Num certo sentido, está presente desde os primórdios da Humanidade. Somente algumas memórias continuam vivas, conquistando posições hegemónicas e tornando-se referência para pensar o passado.

Comunidades, grupos ou classes sociais produziram versões dos factos, algumas das quais registadas em pinturas, esculturas, monumentos, tradições orais, etc. Para que determinadas experiências conquistassem uma posição hegemónica foi necessário silenciar outras, relegadas ao esquecimento e, por conseguinte, excluídas da memória.

Faltam-me arte e engenho para tecer ou transmitir o encantamento que tive com o trabalho que vou apresentar com o referido livro. Por isso ou para isso, colhi palavras de outros, do que resultou uma manta de retalhos pulsante de sentimentos, de pessoas e de rostos costurados em situações que engendram a memória.

Como se sabe não sou alcobacense nato, mas aqui vivo, trabalho, socializo e tenho interesses, há perto de 50 anos. Gosto, nos meus textos de referir pessoas de “carne fraca e de osso forte”, de quem ouvi falar, com quem privei me encontrei, com virtudes e defeitos personalizados. Registo o passado, mas não vivo no passado.

Considero-me um escritor com intenção de produzir algo que possa valer para ajudar Alcobaça a não deixar cair no esquecimento a herança que os antepassados lhe legaram. Utilizo fontes primárias, inéditas ou não, documentos, testemunhos, fotografias, enfim o que for possível para tentar reconstituir, recordar o passado.

 

Como referi, assumi o dever (cívico) de evocar, especialmente a partir do século XIX, episódios esquecidos, ainda que insólitos, controversos, inverosímeis ou lendários, mas e que integram a memória coletiva, popular e identitária da nossa região de Alcobaça onde Alcobaça se insere.

Sem antecipar o conteúdo do meu livro, a lançar a 29 de abril em AlfeizerãoUMA JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÓRIA”, destaco temas como o Padre Brigalheira, que na década de 1920 foi Pároco em Montes, o Rancho do Alcoa, extinto por alturas de 1956/1957 e do qual fizeram parte inúmeros alcobacenses que entretanto nos deixaram (mas que têm descendentes, familiares ou amigos e do qual nunca se havia feito a história ou repositório), e os Baldios da Serra dos Candeeiros na tentativa fraudulenta da sua aquisição na década de 1990 por parte de certos “habilidosos”.

Como esta minha missão é infindável, informo os leitores e alcobacenses em geral, que me encontro disponível para (re)colher informações com vista a preservar a memória da nossa Terra, da nossa Gente, enfim da nossa Casa Comum.

Sei que a nossa diretora Sara Vieira (Região de Cister), encontrará espaço para acolher este propósito, se ou quando for conseguido.

Tenho a convicção, certeza mesmo, que a defesa e manutenção do nosso património é património futuro, e que este é muito mais que a pedra. A História não é repositório de coisas bafientas e vetustas, é o estudo do passado, ainda que este pareça ser apenas, o dia de ontem.

Algumas pessoas pensam serem a última “batata frita do pacote” e que lhes cabe fazer tudo de novo, porque o passado não conta. Errado. A História faz-se no presente, sem olvidar as condições de sustentabilidade e de respeito pelo entorno.

Municípios como atualmente é o caso de Alcobaça, têm massa crítica e capacidade de intervenção, o que confere confiança para gerir o património. Depois do 25 de abril ocorreu uma explosão de associações de defesa do património que continuam a existir, pese embora um trabalho quase residual, o que no contexto referido é bom sinal.

Sei que o orçamento municipal da cultura não é dos mais nutridos, nem que o respetivo pelouro é dos que têm numericamente mais pessoas afetadas. Como autor de escrita nunca solicitei subsídios, quando muito financiamentos, alguns apoios.

Há diferença? Entendo que sim, tal entendo não ser, liminarmente, contra os subsídios. Sei perfeitamente o que é um financiamento, mas há pessoas que quando ouvem alegados/supostos economistas, populistas e economistas populistas falar de financiamentos e dizer piadas mais ou menos benignas ficam com as “orelhas a arder”. Não estou a fazer nenhuma observação de natureza política, mas enfim a fazer desabafos…

 

O colonialismo português ao longo de seis centenas de anos, foi muito complexo e assim colide, inevitavelmente, com “verdades eurocentristas” que conduzem à tentação de o rever com penitências presentes. O progresso civilizacional, concedo, colide com algumas enormidades dos saudosistas do “império que iluminou o mundo”, embora descobrir é algo do mais fantástico que existe.

Como cerca de um milhão de rapazes entre 1963 e 1974, casado e pai de 2 filhas cumpri serviço militar na Guiné e se estive na secretaria em Bissau algum tempo, também soube o que era a vida em aquartelamento no mato e na fronteira. Então tive dúvidas sobre o sentido de uma guerra que só tem cavalheirismo na literatura, pois é um alfobre de horrores em que caiem as partes em confronto.

Um conhecido, natural de Moçambique mas que estudou em Portugal e aqui vive, entende como normal e justo que devolvamos ao seu país, o que de lá “indevidamente” trouxemos, embora não o saiba especificar, como se a gesta portuguesa tivesse sido fundamentalmente malévola.

Indiferente a um luso-tropicalismo serôdio e desajustado, o Ministro da Cultura (PS), que nem conheço pessoalmente, fez uma declaração serena e ponderada sobre as restituições.

Na linha do que tenho defendido, o nosso colonialismo não pode ajuizado conforme o “presentismo”, as regras e valores deste século XXI, que corre.

Como jurista (não propriamente como político) até me atrevo a dizer que o seu país só existe como tal, após os portugueses de lá terem saído. O Portugal do século XV até ao de 25 de abril é, afinal, acusado de se ter apropriado indevidamente do que era seu.

Em resumo, é Portugal a roubar a Portugal.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  Não pretendo justificar-me, mas reafirmar que me assumo como republicano e democrata. Esta postura, que incorpora um sentimento que vai muito além da convicção ideológica, não impediu que há meses tivesse acompanhado com interesse o cerimonial associado à morte de Isabel II de Inglaterra, pelo peso das indumentárias e dos procedimentos, bem como pelo que a monarquia britânica ocupou na minha e nas nossas vidas pelo menos desde 1952, isto é, o ano em que esta subiu ao trono. Mesmo encarando a instituição monárquica como ultrapassada e contrária a valores que reputo fundamentais, nesse momento mostrar indiferença era algo que considero uma forma desconforme de marcar posição, ainda que só para mim.

No ano passado e no seguimento desse evento escrevi, para uma revista um artigo (do qual tirei uma separata) sobre a memorável visita que em 1957 a jovem e graciosa Rainha Isabel fez a Portugal e a Alcobaça. Embora tenha costados britânicos (mas há mais de 170 anos a viverem em Portugal), não esqueço que houve momentos em que fizeram aquilo que lhes interessava e muto bem apetecia, pese embora outros em que foi decisiva a sua participação.

Não sendo historiador por formação, sinto que enquanto a pena me não doer, estou habilitado a discernir em torno de um facto histórico e fazer a sua divulgação, não como um papagaio, salvo o respeito a este. Com essa divulgação nada pretensiosa ou muito menos académica, faço um pouco de História em moldes que reputo cuidadosos, embora eventualmente controversos, atento como trato os dados recolhidos.

O meu campo de intervenção tem sido muito circunscrito à nossa região, pois entendo que nos assuntos deste nosso território tem cabimento alguém ligado ao gosto do património ou com opinião sobre ele. Nesse sentido tenho publicado como o próximoUMA JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÓRIA”, a lançar no dia 29 de abril de 2023 pelas 16h, em Alfeizerão.

Ao terminar o curso de Direito, sabia qual seria em circunstâncias normais a minha saída profissional, o que felizmente se cumpriu, conjugada com alguma intervenção política em Alcobaça. Aqui, consegui conciliar o trabalho forense das 9 horas à meia-noite, com um gostoso diletantismo de colaboração com o município, o PPD/PSD e O Alcoa.

Conhecer e dar a conhecer a História (a minha paixão desde os bancos da escola), ajuda ou deveria ajudar as pessoas a posicionarem-se no seu mundo. Neste tempo de intolerância, a História é por vezes utilizada de forma perniciosa, alimentada por nacionalismos radicais e populistas. Acredito que o papel do historiador passa por demonstrar como cada um é fruto de inúmeras e nem sempre identificáveis contradições. Cada um de nós tem no seu ADN, judeus, mouros, cristãos, católicos, protestantes, espanhóis, africanos, pessoas que não morreram descalças, que tiveram de lutar pela sobrevivência (mesmo económica) e uma dos objetivos do seu sacrifício foi criar descendência. Cumpre ao historiador demonstrar tanto quanto possível essa mescla, afinal do que somos feitos. A História em lugar de fomentar nacionalismos, deve ajudar a relevar e a demonstrar que somos a súmula de muitos, muitos contributos, a relativizar, rejeitando a exclusividade.

As lendas com o que têm de folclore e sedutoras transmitem normalmente por via oral as cosmovisões, as mitologias, as explicações sobre como surgiu este ou aquele sítio, esta ou outra receita, determinada devoção ou ritual, etc.. Algumas têm origem em acontecimentos verdadeiros, pese embora se saiba que quem conta um conto lhe acrescenta um ponto. Naquele meu livro, recorro às lendas da nossa Terra (Alcobaça), umas mais outras menos conhecidas, mas sempre bonitas. Alguns dos pais da nossa História como os ilustres Herculano, Garrett ou Arnaldo Gama deram importância às lendas para o que fizeram pesquizas, para assim as registarem e divulgarem. A minha tarefa foi mais fácil, embora não tenham menos encanto que as daqueles.

Gostaria muito de saber a opinião dos leitores quando o livro sair.

 

Desde que o mundo é mundo, compartilhamos histórias que perpassam as pessoas, fazendo delas o que são. A par dos provérbios, lengas-lengas, ditos e dizeres populares, as lendas são importantes testemunhos orais, que podem caracterizar um povo e uma Terra.
Neste sentido, Alcobaça, concretamente o Mosteiro, é um rico alfobre, onde o trabalho ao nível identitário pode apresentar-se como fator de atração.
Daí, mais uma razão para a publicação desta minha “UMA JANELA COM VISTA PARA A RUA DA MEMÓRIA” que, de forma simples procura dar a conhecer algum património oral.
As lenda são verossímeis? Sim, porque o povo quer que sejam. De mãe para filho, é transmitida uma fabulação de maravilhas que estão para além da História. Conta-se o que, se não aconteceu, poderia muito bem ter acontecido. E assim, oralmente, se escreve uma literatura, em que o espírito do povo vira criança, brinca e faz de conta. Brinca? Talvez não, é a sério. O que é que pode mais do que um sonho? As lendas procuram transmitir-nos algo importante que se passa na zona penumbrosa e criativa do popular. E o que não existe passa a existir por força do seu encantatório enredo.
Alguns de nós habituaram-se a ouvir histórias de lendas contadas pelos pais (especialmente a mãe) e avós. No imaginário coletivo, as lendas são frequentemente histórias de mouras encantadas, dos seus apaixonados cavaleiros e encantamentos. Recordam-nos momentos de afetos, de sonhos, de irmos a um qualquer lugar para ver se encontrávamos uma bela moura (as mouras são todas lindas) ou testemunhos sua presença, junto de uma fonte ou poço, castelo ou palácio. Gostaria que este livro fosse um pretexto para as mais novas ou futuras gerações continuarem a fazê-lo, para passarem bons momentos em família ou na escola, permitindo-lhes conhecer, para melhor amar, o património comum.
É salutar acreditar que, algures, há um pote com moedas de ouro a aguardar ser achado. Mais do que irmos à sua procura, de berços dourados ou de outros tesouros escondidos num palácio ou castelo perto de nós, devemos, acima de tudo, prezar criar laços de afeto com o nosso Património e a nossa História, promovendo consciência crítica nas gerações mais novas e vindouras.
Todavia nos nossos alegados centros culturais, as lendas vão perdendo eficácia, menosprezadas por uma civilização que luta desesperadamente pela vida real. 

 

 

 

 

terça-feira, 28 de março de 2023

MÁRIO AUGUSTO FLEMING DE OLIVEIRA

 MÁRIO AUGUSTO FLEMING DE OLIVEIRA, nasceu em 24.2.1921 em Matosinhos e aí faleceu no dia 15.2.2017. Casou em 17.12.1942 com MARIA CÂNDIDA MACHADO PINTO HENRIQUES (FLEMING DE OLIVEIRA), nascida em 9.7.1922, falecida a 12.2.2011.  

Desportista eclético, foi guarda-redes de futebol no Leixões Sport Clube e meritório cavaleiro tauromáquico amador, com atuações em praças como  Espinho, Póvoa de Varzim e Viana do Castelo, nos anos de 1950.

Dedicou a atividade profissional ao comércio e indústria têxtil.

Desx