A entrada da pandemia no nosso
mundo não foi em aspeto algum fácil para nenhum país, mas acredito que para
Portugal e os que cá habitam tenha sido especialmente árduo. Somos um povo
muito acolhedor, os turistas o confirmam, e realmente a base deste sentimento
quase maternal e afetivo que sentem, provém muito do contacto físico que
mantemos com todos, como um aperto de mão ou o famoso cumprimento com os dois
beijinhos.
Bom, para pessoas a que durante a
vida foi ensinado que era sempre boa educação cumprimentar toda a gente quando
chegam a um local ou etc, aceitar a nova realidade foi, e continua a ser, um
trabalho bastante complicado.
Como já expus todos tivemos de
mudar de hábitos desde que nos deparámos com esta nova realidade, incluindo
principalmente, os casais de namorados. Não para aqueles que estão numa idade
talvez mais avançada e vivem até mesmo juntos, mas especialmente para os
namoros adolescentes. Como é óbvio ainda dependemos de alguém, seja de um pai,
uma mãe, uma avó, etc… E, portanto, as nossas escolhas nunca podem ser feitas
inteiramente por nós.
Muitos dos casais tiveram de
estar quase 5 meses separados, durante a época de confinamento o que os pôs
como que à prova. Houve alguns que, infelizmente, não aguentaram a pressão de
estarem tanto tempo afastados, e os que ainda continuam juntos vivem
diariamente com a insegurança de pôr a segurança deles ou das famílias em
perigo. Esse é o maior problema, as cadeias de contágio que podem ser causadas
“apenas” por duas pessoas que estão juntas.
O mesmo acontece em grupos de
amigos, no meu caso, por exemplo, mantivemos sempre o contacto durante os meses
de confinamento, por redes sociais, por jogos de computador, mas como é óbvio
nada se igualava aos tempos em que nos podíamos juntar em casa de alguém e
estar horas e horas a conversar, sem nos apercebermos sequer do passar do
tempo, sentíamos a falta de nos vermos pessoalmente, parecia que por mais que
tentássemos era quase impossível manter a ligação que tínhamos. Felizmente
correu tudo bem, e quando houve a fase inicial de desconfinamento pudemos ir,
com todas as medidas de segurança, beber o primeiro café juntos em 5 meses, é
verdade que tudo estava diferente à nossa volta, mas naquela hora que os nossos
pais nos deram permissão para sair, tudo pareceu estar a voltar à normalidade
dentro dos possíveis.
Acho que é isso que causa a
insegurança ser ainda maior, o medo que nos provoca a ideia de podermos por em
risco a saúde das pessoas que mais gostamos, pelo que é de facto um grande
dilema.
Será que devemos pôr parte da
nossa felicidade que partilhamos com uma pessoa à frente daqueles que estão
connosco em casa e que nos fazem igualmente felizes e são essenciais para a
nossa existência e bem-estar? É realmente uma questão muito complicada e que
sinceramente não acho fácil encontrar uma solução completamente justa para nós
e para nós e aqueles com quem convivemos.
A Maria frequenta o
12º ano e presta-me em regime de part-time alguma colaboração. Trata-se de uma
menina esforçada e com boas perspetivas profissionais e pessoais pelo que a publicação neste espaço é um pequeno estimulo.
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