quinta-feira, 10 de maio de 2012

EMPRESÁRIOS, EXECUTIVOS E EMPRESAS

Fleming de OLiveira Nos dias de hoje, vemos todos os dias empresas e estabelecimentos encerrar atividade, nalguns casos com enorme surpresa do exterior. Quem diria que M (…) andava com tantas e insuperáveis dificuldades? Ele que era tão amável, apresentava-se sempre sorridente e nunca se queixava, deu mesmo um tiro nos miolos? Aquilo que sabemos é que, sem (bons) empresários, não haverá economia sã e/ou próspera. E também sabemos que sem empresários e uma economia produtiva e competitiva, geradora de riqueza (e emprego), não haverá futuro para o descolar do nosso Portugal, assegurar um mínimo de Estado Social. Não basta combater o défice, reduzir despesas, baixar o nível de vida das famílias, ainda que alegadamente por um indefinido período transitório. O País precisa de (bons) empresários, que queiram arriscar, que tenham espírito de iniciativa e não se resignem com esta situação de vil tristeza. M (…) parecia ser tudo isso, mas não, não lhe bastou que altos dignitários do País visitassem, propagandeassem, casos de sucesso e dizer que acreditavam nos bons portugueses. M (…) era, de certeza, um bom português de Alcobaça que não podia viver isolado, pois tinha, a cada momento, de sentir-se estimulado e, isso si é que era importante, não acreditava no Poder, que deveria fornecer apoio, sem direito a exigir trocos. Interessante será saber investigar o presente e o passado, pois que mesmo uma coisa de nada pode constituir no futuro um bom negócio. Portugal não tem matéria-prima, nem dinheiro para a comprar, está descapitalizado. Caberá aqui um papel fundamental ao ensino, à investigação e à Universidade, através do recenseamento dos recursos naturais, se possível pelas Autarquias. Gostava de saber melhor como atua o Polo Universitário de Alcobaça e quem se revê nele. Fala-se muito nas (in)habilitações (literárias) dos nossos empresários, como se fossem condição determinante para o sucesso e o deslocar da crise. Sendo assim (tout court), Portugal teria o problema resolvido, graças a milhares de licenciados desempregados e de qualidade. M (…) tinha frequentado com aproveitamento a Escola Comercial mas, talvez lhe faltasse o verdadeiro requisito do sucesso, o velhinho Toque de Midas. Uma vez, confessou-me sem acrimónia que gostaria de ver deste Poder não a rejeição, mas uma evolução nas Novas Oportunidades, em lugar de se fazer delas um instrumento de correção de estatísticas, encaminhá-las, também, para um melhor desempenho de mão-de-obra e apoio efetivo aos novos e antigos empresários. Mas parece que possuía excesso de habilitações (escolares) e o programa daquelas não se coadunava com os seus propósitos específicos. Existem diferenças de fundo (que destacaremos sem juízos de valor ou hierarquias) entre um Empresário e um Executivo. O primeiro, como M (…), começou o negócio, foi o seu dono durante muito tempo, geriu-o com o seu sentido de oportunidade. Acontece que nem sempre bons empresários são bons gestores, aptos para dominar o negócio enquanto é pequeno, mas a perde-lo quando atinge patamares mais elevados ou se defronta com insuspeitos desafios como a necessidade de aceder a mercados externos. Os empresários dormem menos, assumem o risco e recebem os frutos da iniciativa, bem como respondem pelo fracasso. Os executivos, na sua maioria, prepararam-se para assumir negócios dos outros. Uns empreendem, outros administram, estes pensam no crescimento e nos lucros, na imagem da empresa e no resultado final, aqueles pensam nisso tudo, mais as questões (internas, que muito sono lhes tiram) que concorrem para os fins. Os empresários só deixam as empresas quando um deles morre, pois elas são o seu projeto de vida, vivem por elas e para elas. Os executivos até podem ser algo semelhantes, mas nada os impede de pedir demissão, serem demitidos ou ir trabalhar para fora, pois possuem um projeto, eventualmente, idependente da empresa. Os empresários são necessários para uma sociedade mais plural, com mais produtos e serviços ofertados, enfim, mais oportunidades de crescimento. Os executivos são necessários para que a organização seja mais eficiente e eficaz. Empresários geram riqueza e ficam com boa parte dela. Executivos geram soluções que possibilitam essa riqueza e recebem uma remuneração para isso. Qualquer um pode ser empresário, mas somente profissionais podem ser executivos.

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