AMULETOS, TALISMÂS E
BOA SORTE!!!
Fleming de Oliveira
De
acordo com certas culturas, ou mentalidades, a lisonja acarreta ou tem
subjacente uma maldição. O mesmo se aplica à inveja. Desde tempos remotos, tais
pragas, denominadas como mau olhado, partem da crença que um individuo pode
causar male, simplesmente olhando (dardejando) para os bens de outra pessoa, senão
mesmo nela própria. A proteção seria possível com talismãs ou amuletos usados,
transportados ou pendurados muitas vezes nas casas. Ainda há, como creio que
haverá sempre, pessoas que vivem a explorar, o que poderíamos caracterizar,
linearmente, como “crendice popular”.
Com os progressos do cristianismo, desde logo a partir dos primeiros
séculos, foi desencorajado o uso de amuletos, tidos como objectos pagãos.
Porque muitos dos primeiros cristãos (recém convertidos mostravam o desejo de
usar talismãs e amuletos), a Igreja fez esforço para divulgar novos objetos
sagrados, como imagens de Jesus, Virgem Maria e Santos.
Os amuletos da sorte tem a “grande” função de proteger a pessoa
a quem pertencem, da má sorte, perigo ou doença. A palavra amuleto parece
provir do latim “amuletum”, isto é, objecto usado para a defesa, ou do
árabe “hamalet”que , por sua vez, significa o que está suspenso.
O escritor e filósofo romano, Plínio, o “Velho”, terá sido o primeiro a
registar a existência de amuletos de sorte. Na sua obra “História Natural”, que
remonta ao ano 79 dc, Plínio, menciona como categorias de amuletos, os que
oferecem proteção contra a negatividade e a má sorte, os que contém substâncias
profiláticas e ainda os que se destinam a serem usados como remédio.
Nos
países banhados pelo Egeu, os indivíduos de olhos claros são considerados mais
poderosos, e os amuletos na Grécia e Turquia são, geralmente, globos oculares
azuis. Quando há uns anos estive na Turquia, a minha Mulher fez questão de
trazer como mera recordação turística (o que fazia questão de ressalvar, para que
não restassem dúvidas…) alguns destes amuletos, que colocou à porta de casa e ofereceu aos filhos. O olho turco é um amuleto azul muito comum
naquele país, sendo exportado para todo o mundo. Tradicionalmente é usado
contra mau olhado. Na Turquia, segundo nos explicaram, as mães colocam o
amuleto na roupa dos filhos, pelo que se é encontrado rachado, significa que
funcionou e protegeu a criança. Ao carregar um “olho turco”, a energia negativa
direcionada ao portador será atraída pelo amuleto, ainda que seja por meio de
um elogio, já que os turcos acreditam que elogios podem revelar, inconscientemente, a inveja.
Bastante antigo, e ainda relativamente usual entre nós é a ferradura, um
talismã com o poder de atrair o bem e expulsar o mal da casa que a tiver
colocada. Para ter mais força ainda, deve ser aplicar-se atrás da porta de
entrada. Diz-se ser eficaz para expulsar pessoas invejosas, além de atrair
dinheiro e prosperidade.
Na verdade tem havido mudanças de formatos dos amuletos ao longo dos anos
mas, mesmo assim, o seu poder permanece inalterado. Além de atrair sorte, os
amuletos também servem para afastar a energia negativa. Alguns Portugueses,
usam chifres ou símbolos fálicos destinados a “distrair” os lançadores de
pragas ou os invejosos, ressalvando normalmente que não acreditam nisso, mas na
dúvida…. Um conhecido meu, usava um “pé de coelho” no carro, e não era
propriamente um “primário”. Porquê?, perguntei uma vez. Recorde-se que o coelho
é considerado um símbolo de fertilidade, portanto, quem tiver um pé de coelho
como amuleto, está a afastar as más energias que impedem a fertilidade, seja na
vida, família, amor ou negócios.
Segundo se dizia em casa de meus Pais, quando
nasci um tio deu-me uma pequenina figa em metal, mas que engoli para grande
preocupação de minha Mãe, acabando por ser expelida pela “via natural”.
Quando andava a
estudar em Coimbra, um colega de casa trazia sempre consigo um “trevo da sorte”, para o
acompanhar no jogo e aconselhava que se alguém achar um
trevo-de-quatro-folhas, guarde-o com todo o carinho até secar,“sabendo” que ele
atrai muita sorte na hora de jogar. Mas caso não se consiga ter um de verdade,
pode-se comprar um, desde que usado com a mesma fé.
Nestes tempos de crise, muito jeito nos faria um eficaz amuleto, trevo da
sorte ou outro, não é verdade?
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