VIVA O VERDE!
FLeming de
OLiveira
1)-Espaço verde urbano e as respetivas funções, têm
sido objeto de ajustamentos mais ou menos elaborados ao longo do tempo, sendo aceite
de forma quase unânime (seja por “Mestres”
ou “Aprendizes”) terem efeito no
bem-estar da população citadina.
A necessidade dos espaços verdes, é uma
das consequências da evolução que as cidades têm sofrido, nomeadamente a partir
da revolução industrial. Foi com o êxodo da população rural para a cidade, que
surgiu o conceito e necessidade de “espaço
verde urbano”, que teve por primeiro objetivo recriar a presença da
natureza no meio urbano. Deste então, os espaços verdes funcionaram como agradáveis
locais de estar, de encontro, ou de passeio público.
2)-Nas cidades industrializadas de Inglaterra, surgiu a
necessidade de “pulmão verde”, ou
seja, um espaço com dimensão adequada para produzir o oxigénio necessário à
compensação das atmosferas poluídas especialmente pelo carvão. Foi de certo
modo à luz deste propósito, que foi construído em Lisboa o Parque Florestal de
Monsanto, a necessidade de a paisagem natural penetrar na cidade. É o
principal pulmão da capital, o maior parque florestal português e um dos
maiores da Europa. Inclui belos espaços que proporcionam atividades como desportos
radicais, caminhadas, atividades ao ar livre, peças de teatro, concertos, feiras, exposições, e
vistas magníficas sobre Lisboa e concelhos limítrofes. Este objetivo conseguido, tem levado à criação de outros espaços, sejam da
recuperação dos existentes, da sua interligação através de corredores verdes,
caminhos preferencialmente pedonais. Em Monsanto, optou-se
pela imagem de bosque selvagem, interrompido por percursos essenciais,
aproveitando-se as vistas e ambientes que a serra oferece. É ótimo passear por
lá. É esta a lógica que os “Mestres”,
como o meu primo Arq. Raúl, ensinam na Universidade e tentam aplicar nos seus “ateliês” com vista a assumirem uma
crescente relevância na política municipal, procurando uma solução vivificadora
do tecido urbano e de ligação ao espaço rural envolvente.
Qualquer citadino em Portugal tem a necessidade e o prazer em usufruir de
uma estrutura que englobe os espaços verdes, localizados em áreas de interesse
ecológico ou importantes para o funcionamento dos sistemas naturais, como a vegetação,
a circulação hídrica e climática, ou o património paisagístico. Entendo eu como
“aprendiz”, que aquela estrutura
lisboeta deve ser prosseguida noutros locais com soluções que penetrem nas
zonas edificadas, lhes confiram um carácter mais urbano, e que se modificando
ao longo do percurso, venham a constituir um espaço de jogo e recreio, ou meramente
um separador físico entre o trânsito automóvel e a circulação de peões.
3)-Medidas como
estas são importantes na ligação dos espaços diferenciados entre si e na
amenização do ambiente, pelo contraste entre a suavidade do material vivo
inerente à vegetação e o carácter inerte e rígido dos pavimentos e outras
superfícies, nomeadamente as construídas em altura. Nas funções de integração,
de enquadramento, de suporte de uma rede contínua de percursos para peões, o
espaço verde urbano pode visar o incentivo à apreensão e vivência dos objetos e
dos conjuntos em que se organizam. As espécies vegetais, nas suas diferentes
formas, cores e texturas, constituem elementos com os quais se pode aumentar o
valor estético dos espaços urbanos.
A observação
e contemplação da vegetação pela população urbana (e não me refiro apenas aos
estudantes e a Alcobaça) possibilitam o (re)conhecimento da sequência natural do
ritmo das estações e de outros ciclos biológicos, o (re)conhecimento da fauna e
flora espontânea e cultivada, o (re)conhecimento dos fenómenos e equilíbrios
físicos e biológicos.
4)-O novo Parque Verde de Alcobaça, que permitiu
requalificar 60 mil metros quadrados de terrenos citadinos nas margens do rio
Alcoa, obviamente, não pretende competir com Monsanto, nem ser um modelo para o
resto do País.
A conceção deste espaço incluiu, e bem, 3
percursos distintos, pedonais e cicláveis, uma praça, um anfiteatro, duas
clareiras, uma zona de restauração e lazer, um parque infantil e um sistema
integrado de jogos de água, espaços desportivos, uma galeria ripícola (explicou-me
o meu primo Raul, que esta é um instrumento para o funcionamento dos ecossistemas fluviais com ação como
filtro biológico de nutrientes e de diversas substâncias poluentes), um sistema hidráulico cisterciense e um parque de
estacionamento.
Seja como for, na minha opinião, é uma
obra de sucesso e das mais marcantes do mandato de Paulo Inácio. Espero que, numa segunda fase, o parque pouco
ambicioso por agora, cresça para o dobro do tamanho atual, como prometeu o
autarca e a população apreciará.
4)-Lastimo, porém, que
ainda não tenha havido “coragem” para
corrigir a zona circundante do Mosteiro, falhada à nascença. A falta de manutenção do
saibro, é um problema apontado recorrentemente pelos cidadãos locais e
visitantes. O piso com década e
meia, não recebeu o devido acompanhamento por parte das entidades responsáveis,
como a população apreciaria.
5)-Estou viciado com o verde e não
pretendo ser tratado.
Dado dispor, felizmente, de um espaço onde é possível ter um
mobiliário de jardim para passar algum tempo de tranquilidade, pude adicionar-lhe
um toque de verde, dando-lhe mais vida. Ali, a Ana Maria e à nossa medida,
criou um pátio interior, colocando vasos e diferentes plantas verdes, contrastando
com o restante pavimento acinzentado.
É o verde que posso ter à “mão”.
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