Alcobaça
em fins do século XIX
O
vereador Augusto Rodolfo Jorge, na sessão da Câmara Municipal de 22 de janeiro
de 1890, no contexto do ultimato britânico que já referimos apresentou a
proposta que foi aprovada por unanimidade: A
Câmara Municipal de Alcobaça repetindo o eco de toda a Nação Portuguesa
ofendida vilmente no seu brio e sentimento de nacionalidade pela maior das
afrontas, protesta contra o acto de violência e deslealdade com que a
Inglaterra acabou de proceder contra Portugal.
Pelo
mesmo vereador, na sessão de 9 de Abril seguinte, foi declarado e proposto que estando prevista a próxima chegada a
Portugal de Serpa Pinto, brioso militar que nos territórios de África expôs
valentemente a sua vida para defender o País das prepotências da Inglaterra e
sustentar a honra da Bandeira, seria justo que o município alcobacense se
associasse às demonstrações de júbilo e patriotismo que em Lisboa vão ser feitas
à sua chegada fazendo assinalar na vila esse dia como verdadeira gala e festa
nacional. Atendendo, porém, que o município não pode despender uma quantia que
pudesse fazer face às despesas com os festejos que condignamente assinalassem a
chegada desse verdadeiro patriota e arrojado militar, propõe que nesse dia seja arvorada em frente dos
Paços do Concelho, a bandeira nacional, que se dê feriado aos empregados e lhe
seja enviado um telegrama de felicitações pelo regresso à Pátria e pelo denodo
com que soube sustentar o brio e a honra de povo português, pequeno em
território, mas grande em feitos heróicos e acções magnânimas .
Nesse mês, a população de Alcobaça que lia
jornais, regozijou quando soube que Rafael Bordalo Pinheiro ofereceu ao Cap.
Serpa Pinto, um escarrador em louça das Caldas, representando o John Bull,
sobraçando dois sacos a transbordar de libras de ouro. Admitiu-se adquirir uma
cópia dessa peça abrindo para o efeito uma subscrição, para a expor no edifício
da Câmara Municipal, mas Bordalo Pinheiro não acedeu à delegação municipal de
Alcobaça que a Caldas da Rainha foi falar com ele, no seu atelier. O autor
pretendia que fosse peça única e assim foi.
Mas
havia outros interesses e preocupações. A Câmara Municipal recordava ser
proibido deitar lixo para a rua ou fazer despejos, propondo-se tomar medidas
enérgicas para contrariar estes procedimentos
pouco respeitosos, bem como a proceder à eliminação, através de bolas envenenadas, dos
cães vadios existentes no concelho, para o que foram expedidas as necessárias
instruções aos regedores das freguesias. A
progressão dos casos de raiva no país e sua deteção em Alcobaça em particular,
justificava estas medidas urgentes, embora desagradáveis. Ao mesmo tempo,
haveria que recordar à população que os cães, depois de mortos, terão sido
cerca de 70, não deveriam ficar expostos ao tempo.
O Semana Alcobacense, por sua vez, tomava
a iniciativa de renovar o pedido para se por cobro ao abuso de se estender
inestética e pouco salutarmente roupa nas janelas e ruas da vila, tal como já
acontecia em Lisboa e em muitas localidades evoluídas da Europa.
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