Em inícios de
1973, a
história de um leão à solta npelas redondezas
de Rio Maior, sobressaltou os habitantes locais.
A notícia correu o país, chegou mesmo ao Ultramar, apareceu na RTP e nas primeiras páginas dos jornais. O Leão de Rio
Maior, ainda hoje vive na memória dos mais velhos.
Na
altura encontrava-me a prestar serviço militar em Bissau e, aí, me chegou se
bem me lembro por aerograma da minha Mulher, a espantosa notícia. O meu chefe
de serviço, sabendo que eu tinha familiares em Alcobaça, embora não se
lembrasse da relação desta Vila com Rio Maior, perguntou-me se não havia risco
de aqueles saírem à rua.
Os
habitantes de Rio Maior, não os
de Alcobaça obviamente, viviam
atormentados desde o dia em que um pastor fugiu a gritar que tinha visto um leão andar à solta.
Carcaças de
cabras, jumentos e ovelhas devoradas e largadas eram as provas, provadas, para que as
gentes de Rio Maior passassem as noites em branco, temendo pela segurança.
O jornalista Fernando Pessa, a pé e de bicicleta, percorreu de bicicleta os campos para entrevistar
pastores e agricultores que teriam avistado a fera. Juraram todos
que o leão existia, era um perigo e andava a esquartejar o gado,
refugiando-se depois na mata. Fernando Pessa, recorde-se, foi um
famoso jornalista do século XX. Convidado
para a secção portuguesa da BBC, viveu em Londres
durante a II Guerra, de onde fez
reportagens, via rádio, memoráveis.
SMas
só em 1984, se veio a
descobrir que, afinal, a história do Lleão de Rio Maior é verdadeira,
não uma lenda ou mito.
José Diogo, assim se chamava o homem, contou à imprensa local que, durante quase
um ano, tomou conta
do animal, depois de o ter encontrado na berma da estrada. Seria provavelmente a cria
de uma leoa de um
circo, que escapou e se perdeu. O
leãozinho passou a viver com ele, alimentado nas primeiras semanas a leite e
restos de comida. Foi crescendo, crescendo ficando cada vez maior, até que o dono percebeu que de cão nada tinha, era um
leão. Podia ter alertado a GNR, podia ter chamado tratadores do Jardim
Zoológico de Lisboa, mas já não
conseguia viver afastado da fera, afeiçoara-se a eleela como se tratasse de um animal de estimação se tratasse. Só que o leão era grande de mais e ele não podia tê-lo em casa.
Levou-o, então, para um antigo barracão. O local estava há muito abandonado e José Diogo julgou que o seu leão e os
habitantes estavam em segurança.
Aflito com os relatos que chegavam, não conseguia dormir sossegado, pensando que um dia eoo animal poderia
atacar uma pessoa habitante e então seria uma tragédia, agarrou numa caçadeira e saiu à sua procura do animal. Andou horas a chamar por ele, até que ele ele veio ter com o dono. José apontou-lhe a arma à cabeça, e, com a pesar,a custo disparou.
Por
coincidência ou não, nunca mais se
ouviu falar do leão.
Em 1974, já
a trabalhar em Alcobaça como advogado, um cliente a
viver da zona da Benedita, que ainda ainda não sabia do triste fim do animal,
contou-me que participou, com um cunhado
e mais 4 caçadores, numa batida para o apanhar.
Sem comentários:
Enviar um comentário