segunda-feira, 16 de outubro de 2023

UM AVIÃO NA ESTRADA.

 Luís Machado, da Benedita, que usava o pseudónimo “Zito”, contou que em 1983, aconteceu um caso invulgar na nossa região, senão único no País. 

Um avião, depois de sobrevoar a zona, viu-se forçado a aterrar na EN1, próximo da Venda das Raparigas. Um piloto da FAP, desceu com o seu avião na principal estrada do país, em local onde os desastres de viação eram constantes e mortais, sem sofrer beliscadura, mantendo o aparelho incólume e sem esbarrar em qualquer das viaturas que percorriam a estrada. 

Um avião de treino da FAP (um shipmunk da Base da Ota) perdera o motor, o que na gíria da Força Aérea significa que o motor deixou de funcionar, ao sobrevoar a zona da Venda das Raparigas. 

A manhã chegava ao fim. O trânsito era na menos intenso do que o normal. O piloto não hesitou entre aterrar num campo lavrado, em que o aparelho muito sofreria e talvez ele próprio, e a pista que a estrada Lisboa-Porto lhe oferecia, pelo que escolheu esta. Aproveitou uma clareira no trânsito e poisou num local a cerca de três quilómetros do entroncamento para Alcobaça. 

Testemunhas oculares disseram que o piloto mostrou coragem e sangue-frio ao aterrar na estrada e ao desviar o avião para a erma, como se estivesse a arrumar um automóvel na Avenida da Liberdade.

Condutores que então por ali circulavam, surpreendidos por um “objeto desconhecido” rolar na estrada e faiscar reflexos do sol do meio-dia, pisaram o acelerador e afastaram-se rapidamente por via de dúvidas. 

E quando o avião se imobilizou e o piloto saiu lesto da carlinga para se pôr de pé sobre uma asa, tentando identificar a paisagem que o cercava, poucos se afoitaram a acercar-se dele.Pediu para chamarem a Base

O avião seguiu depois num camião da Ota, após retiradas as asas para poder circular.


Sem comentários: