O
Manel S…aparece-me com alguma frequência, no meu escritório, para, como diz, pôr a conversa em dia.
Recentemente
ele, que tem a mania que também é filósofo nas horas vagas, contou-me que com 6
ou 7 anos foi ao pinhal acompanhar o pai, que era resineiro.
Em
determinado momento, o pai perguntou-lhe se ele ouvia algum barulho ao que o
Manel S… respondeu que sim, que era uma carroça que se estava a aproximar.
O
pai perguntou-lhe ainda se ele era capaz de dizer se a carroça vinha vazia ou
carregada.
-Pai,
como é que eu hei-de saber se ainda não a vi?
-Pois
é muito simples eu também não a vi mas sei que vem vazia. Vamos já confirmar…
Minutos
depois, passou por eles o T’i Joaquim que os cumprimentou afavelmente a
conduzir um carro totalmente vazio puxado por uma de bois.
O
pai do meu amigo sorriu e disse-lhe:
-Como
vês, eu tinha razão.
O
meu amigo acrescentou-me que tendo se tornado adulto, e embora os seus estudos
não tivessem sido muitos, sempre que ouve
uma pessoa falar alto demais na tentativa até de intimidar os circunstantes,
tratando o próximo com grosseria ou desdém, inoportuna ou prepotentemente, tem
a impressão de ouvir a sábia voz de
seu pai recordando-lhe que quanto mais vazia vai a carroça, mais barulho ela
faz.
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