quarta-feira, 11 de julho de 2012

Muito Ruído e pouco "sumo"


O Manel S…aparece-me com alguma frequência, no meu escritório, para, como diz, pôr a conversa em dia.
Recentemente ele, que tem a mania que também é filósofo nas horas vagas, contou-me que com 6 ou 7 anos foi ao pinhal acompanhar o pai, que era resineiro.
Em determinado momento, o pai perguntou-lhe se ele ouvia algum barulho ao que o Manel S… respondeu que sim, que era uma carroça que se estava a aproximar.
O pai perguntou-lhe ainda se ele era capaz de dizer se a carroça vinha vazia ou carregada.
-Pai, como é que eu hei-de saber se ainda não a vi?
-Pois é muito simples eu também não a vi mas sei que vem vazia. Vamos já confirmar…
Minutos depois, passou por eles o T’i Joaquim que os cumprimentou afavelmente a conduzir um carro totalmente vazio puxado por uma de bois.
O pai do meu amigo sorriu e disse-lhe:
-Como vês, eu tinha razão.

O meu amigo acrescentou-me que tendo se tornado adulto, e embora os seus estudos não tivessem sido muitos, sempre que  ouve uma pessoa falar alto demais na tentativa até de intimidar os circunstantes, tratando o próximo com grosseria ou desdém, inoportuna ou prepotentemente, tem a impressão de ouvir a sábia voz de seu pai recordando-lhe que quanto mais vazia vai a carroça, mais barulho ela faz. 




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