Fleming de OLiveira
Cada vez que vou a
França, reconheço que temos uma enorme divida de gratidão para com eles, os
americanos, canadianos, britanicos, australianos, neozelandeses e mesmo russos,
e mais homens e mulheres de muitas outras nações que estiveram unidos por uma
causa nobre.
Serviram
como soldados, marinheiros, pilotos e enfermeiros na II Guerra, milhares destes
não mais voltaram aos países que deixaram para vir combater e libertar a Europa,
onde ficaram enterrados no mar ou em grandes cemitérios, ainda hoje muito bem e
respeitosamente respeitados nas suas cruzes brancas.
Há
uma data que simboliza o ponto de viragem na guerra travada pelos Aliados, 6 de
Junho de 1944. O Dia D, como ficou conhecido, foi uma resposta especial para
responder à nuvem suástica que pairava sobre o nosso continente.
Passaram já variadas
décadas.
Muito
poucos dos que estiveram na Normandia, ainda se encontram vivos, mas quando na
Páscoa passada estive em Omaha Beach (Omaha a sangrenta) senti, sem nunca ter vivido esses tempos, aliás ainda
nem era nascido, uma pequena contração no estômago.
Para
mim, a resposta pareceu linear.
Sabendo
que cada dia perdemos os poucos que ainda restam desses heróis, quero ter a
certeza que esses e a sua memória nunca mais serão esquecidos pelo que fizeram,
mesmo por nós portugueses.
As
historias sobre esse 6 de Junho de 1944 continuam a fascinar-me e o nosso
tempo.
Olhar
sobre o mar e o céu da Normandia, hoje tão calmos que nos permitem passear na
areia e molhar os pés, e com tão poucos vestígios e ainda bem, do drama que ali
se desenrolou, e pensar no que foi a jornada de dor, angústia, exaltação ou
morte, vivida por aqueles que fizeram e protegeram o desembarque das tropas
Aliadas, não deve esquecer o sacrifício dos que lutaram e morreram nas praias
de Omaha e Utah, e que sirva para homenagear o sacrifício de todos os soldados
que, independentemente da nacionalidade e do lugar onde combateram e tombaram
numa guerra cruel.
A
minha digressão pela Normandia, fez-me compreender o que nunca resultara da
leitura de qualquer romance histórico ou visionamento de um filme, e como seguramente
houve uma natureza própria naquele 6 de Junho de 1944.
Pode
aquela ter sido, uma guerra global, mas o universo de um soldado termina a
poucos metros de si próprio, talvez mesmo ao lado de um companheiro ou nas
balas que assobiam sobre si ou nas explosões que rebentam a seus pés.
Passei
por Africa, pela Guiné como quase um milhão de rapazes da minha geração, tal
como o nosso subdiretor JERO, mas não tenho a pretenção de fazer comparações
com a II Guerra aonde o bem e o mal, estiveram perfeitamente definidos.
Deixemos
homenagear os rapazes que entre 1961 e 1974 passaram pelos 3 teatros de
operações de Africa, lançando daqui uma ingénua e muito utópica proposta, para
que nunca mais seja dada a oportunidade de pôr o mundo em perigo.
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