segunda-feira, 2 de março de 2020

EM DEFESA DO "MEU RICO" BIFINHO!


EM DEFESA DO “MEU RICO” BIFINHO!


FLeming de OLiveira


1)-Temos ouvido, recorrentemente, que o consumo de carne de vaca terá de decrescer em cerca de 90% (sera que está incluída a Índia, onde a vaca é sagrada e vivem muitos milhões de pessoas?), de forma a evitar mudanças perigosas no ambiente.Estamos a arriscar a sustentabilidade de todo o sistema. Se estamos interessados em que as pessoas consigam comer e produzir, teremos de reduzir o consumo de carne”, dizem os precavidos sábios e estudiosos.
A maior parte da população mundial, não consome regularmente carne de vaca ou produtos derivados de leite em grande quantidade. O seu consumo está associado à melhoria das condições socioeconómicas e, por isso, as previsões são de que duplique até 2050.
Há quatro consequências diretas da produção de carne de vaca à escala global (Índia não incluída?), a superfície ocupada pelas pastagens (para que uma vaca produza um quilo de proteína, tem de consumir entre 10 a 16 quilos de cereais); a água consumida pelos animais (para ter um quilo de carne, o consumo é de 15 mil litros de água) e pelo processo de produção; os gases de efeito estufa gerados pela flatulência do gado, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura/FAO equivale a 14,5% do que é lançado para a atmosfera; e a energia necessária para alimentar a indústria. A estas acresce a contaminação dos solos e das águas com os dejetos dos animais.
A solução passará, pois, por diminuir drasticamente o consumo de carne e substituir a proteína animal, por legumes e leguminosas. E acrescentam esses sábios e estudiosos que cada cidadão deverá em média (a estatística serve para tudo!), reduzir em 75% o seu consumo de carne de vaca, 90% o de carne de porco (os muçulmanos estão incluídos? E os judeus contam pouco…) e comer metade da quantidade de ovos. Já o consumo de leguminosas deveria triplicar, enquanto o de frutos secos (nozes, por exemplo) e sementes deveria quadruplicar. Enfim, uma mudança radical (em países que não a Índia ou de maioria muçulmana, já que Israel para aqui pouco conta) que não sendo para o meu tempo ou mesmo para o dos meus filhos, abrangerá provavelmente o dos meus netos, ainda que europeus.
Nessa altura, preparados para estas e outras andanças, pese embora a viver na Europa, só recordarão o “meu” gostoso bifinho de vaca, condimentado apenas com uma pitada de sal grosso, que comem quando vão a minha casa. Para isso estarão a pagar as sábias orientações com vista a contrariar a ação da indústria agropecuária dos países “evoluídos” que, alegadamente, causa especiais estragos a nível ambiental, devido à emissão de gases de efeito estufa, à desflorestação, à seca, à quantidade de água utilizada, ao aumento do nível dos oceanos e à contaminação de aquíferos subterrâneos.
2)-O que para mim é ainda a novidade que me deixa perplexo e com que tenho dificuldade em lidar, para eles será o início ou o decurso de uma intervenção talvez irreversível, inserida em globais e profiláticas políticas governamentais de educação, de criação de taxas sobre alimentos, de concessão de subsídios para a produção de alimentos, tipo legumes e leguminosas no espaço Europa. Então não estranharão como eu, a razoabilidade das ementas das instituições escolares e hospitalares de modo a contrariar o que de outro modo seria eventualmente muito pior, visto a população em 2050, ser cerca de 10 mil milhões de habitantes. Eles saberão que, à sua escala, podem contribuir para evitar maior degradação se se conformarem com a alteração da alimentação típica dos ancestrais, e se consciencializarem os políticos de que é preciso ter em qualquer caso melhores leis ambientais.
O crescimento da população mundial se fosse harmónico (na Europa não cresce de momento), estaria a implicar que a criação de animais para consumo de carne se tornasse impossível, sendo que muitas das dietas têm como base produtos agropecuários.
Alimentar uma população de dez mil milhões será possível, se para além da produção de gado, houver cuidado com os produtos de origem agrícola dizem os estudiosos. A diminuição do uso de fertilizantes, a estimulação da agricultura em regiões do mundo tidas como mais pobres e o aumento das reservas de água, são medidas fundamentais para que a agricultura seja amiga do ambiente.
4)-Creio que a esmagadora maioria dos portugueses acredita que as alterações climáticas são o resultado de comportamentos incorretos (embora não propriamente em Portugal), mas concomitantemente não creem por isso que deixar de consumir carne tenham impacto nelas.
Os meus netos que se situam na faixa etária entre os 16 e os 25, admitem reduzir a quantidade de carne de vaca. Moda? Um deles que anuncia desejar seguir agronomia defende que, além do consumo, será sempre necessário que também Portugal tome medidas no que diz respeito à produção dos alimentos que passem por evitar fertilizantes químicos, excessos de água e aumentar as suas reservas5)-A Universidade de Coimbra abriu a polémica ao proibir carne de vaca nas suas 14 cantinas. Os produtores portugueses acusaram a instituição de demagógica e precipitada e o Governo dividiu-se, o ministro da Agricultura classificou-a de “populista”, enquanto o ministro do Ambiente como “relevante”. O Presidente Marcelo disse que, por enquanto, não irá alterar hábitos alimentares. Antes de Coimbra avançar com a decisão de eliminar a carne de vaca das cantinas, a Universidade de Londres havia tomado “idêntica” decisão, mas mais abrangente. No caso inglês, foi acompanhada pela eliminação gradual de plásticos descartáveis ou de utilização única e pela instalação de mais painéis solares nos edifícios, e assumida a meta de transformar a escola numa instituição neutra em termos de emissões carbónicas em 2025.
6)-Caros Leitores, deixem-me comer um “rico bifinho”, que dá muito bem-estar e profunda satisfação.



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