Asdrúbal Fortes Jorge, faleceu no dia 6 de janeiro de 2021. Residente em Montes, trabalhou para os Serviços Municipalizados da CMA, até se reformar e com ele muitas vezes me encontrei. Conheci a sua vida militar e como ela o afetou psicológica e fisicamente até
falecer.Mobilizado
para a Guiné em Junho de 1964, com a especialidade de Fuzileiro Naval e o Posto
de Primeiro Grumete, interveio em operações todo o território, algumas delas
com os Comandos Africanos, ao lado de Marcelino da Mata que os chefiava. Na sua
opinião, Marcelino da Mata, considerava-se um “português como nós”, além de ser extremamente conhecedor da arte da
guerra. Nessa comissão, Asdrúbal Fortes sofreu ferimentos num ombro, visto a operação
em que participava na região de Cacine, ter sido atacada por engano por um
avião português T6, com rockets e metralhadora de que resultaram 4 mortos e
cerca de 40 feridos, todos portugueses.
Regressado a Portugal em Junho de 1966, no termo da sua comissão de serviço obrigatório, fez contrato para passar ao Quadro Permanente dos Fuzileiros. Foi promovido a Marinheiro e tendo voltado à Guiné em Abril de 1967, fez inúmeras operações. Nesta segunda comissão, encontrou-se de novo com Marcelino da Mata, na zona de Cacheu e Binta em “golpes de mão”. Em 23 de Dezembro de 1968, aliás dia do seu aniversário, foi ferido com gravidade, o que determinou a sua imediata evacuação para o Hospital de Bissau, aonde foi operado por três vezes aos intestinos, e depois transferido para Portugal, aonde esteve internado no hospital da Marinha durante cerca de dois longos e penosos anos. Dado como incapaz para o serviço militar, pela Junta de Saúde Naval, passou à reforma da qual recebia uma muito pequena pensão. Nunca repudiou, a divisa da Armada “A Pátria honrai que a Pátria vos contempla”.
Asdrúbal Fortes Jorge recebeu a Medalha
de Cobre, pelo salvamento de um camarada que caíra à água e estava a ser
arrastado pela corrente. Foi condecorado com a Medalha de Mérito Militar de 4ª.
Classe e com Cruz de Guerra de 2ª. Classe. A Medalha da Cruz de Guerra, foi criada
pelo Decreto n.º 2870, de 30 de Novembro de 1916, para premiar atos e feitos de bravura praticados em
campanha. Esta condecoração recolheu notoriedade durante a Primeira Guerra e durante
a Guerra do Ultramar, apresentando em cada época um cunho ligeiramente
diferente. Divide-se em 1ª, 2ª, 3ª e 4ª classe, por ordem decrescente de
importância.
“Louvo o Marinheiro FZE nº 10106 Asdrúbal Fortes Jorge, do Destacamento nº 10 de Fuzileiros Especiais, por ao longo do tempo que em prestou serviço nesta unidade, ter revelado possuir, em ação de combate, excecionais qualidades de coragem, desembaraço, sangue-frio e desprezo pelo perigo. Tendo feito grande número de operações da Unidade, seguindo no primeiro lugar da coluna, demonstrou sempre ter elevado senso tático, valentia e decisão debaixo de fogo. Nomeadamente numa operação realizada no IADOR, ao aperceber-se à distância dum grupo inimigo que preparava uma emboscada ao seu grupo de assalto, arrastou consigo a sua esquadra e a Esquadra da Metralhadora. Fixando o inimigo, causando-lhe um ferido e obrigando-o a debandar, só não conseguindo uma completa aniquilação, pelo facto de se terem esgotado as munições, ao mesmo tempo que as da metralhadora que o acompanhava. Digno de ocupar postos de maiores riscos, abnegado, leal, cumpridor e com espírito de sacrifício, considero o Marinheiro FZE 10106 um militar de muito mérito”.
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