segunda-feira, 30 de maio de 2022

Maria Judite Isidoro Granada Costa

Maria Judite Isidoro Granada Costa, nas suas próprias palavras, esclareceu-nos que, o ano de 1944 estava no seu início e o mês de janeiro dava os primeiros passos, quando no dia 12 nasceu. Surpresa talvez para seus pais que gostariam de ter um rapaz, pois já tinham uma menina com 9 anos. Nasceu em casa como era hábito nesse tempo. Foi crescendo rodeada de muitos mimos de seus pais, Olívia Isidoro e Eurico Granada e de sua irmã Julieta Granada. O seu lar era rico em paz, carinho e muita ternura. O ouro do seu berço era uma forte e inquebrantável liga de amor. Nascera numa dura época em que a 2ª guerra mundial continuava a ceifar vidas, mas não se lembra de ter sentido qualquer falta. O que nessa altura não sabia, também devido à sua  tenra idade, era que para  poder comer um pouco de carne ou pão, sua mãe ou a sua irmã passavam longas horas nas filas de racionamento, das célebres senhas. Seu pai era comerciante e ganhava para sustentar a família.

Não pode deixar de referir que em sua casa havia sempre um ou outro animal, encontrado abandonado e socorrido, passando a fazer parte da família.

Com 6 anos de idade, entrou para a escola primária-Escola Primária Oficial do Asilo da Infância Desvalida do Dr. Álvaro Possolo e este nome significava que a essa  escola estava agregado um lar de crianças do sexo feminino que a frequentavam. Situava-se também na rua onde nasceu-Rua Frei Fortunato.

Gosta de pensar nessa sua primeira escola, um Livro com muitas páginas e dezenas de histórias. Histórias vividas, de amizade e companheirismo, de meninas que cresceram juntas, partilharam sonhos, viveram quimeras. Era o seu pequeno mundo, que se estendia à sua família e amigos e ía um pouco mais além do lugar onde vivía. Do restante mundo em constante turbilhão pouco ou nada sabia. Era o tempo em que sem televisão, as histórias infantis escutadas com os ouvidos encostados ao rádio, faziam parte do seu imaginário.

Terminou a 4ª classe com dez anos e ficou em casa tentando, teimosamente, contrariar a vontade de seu pai, que não queria que ela continuasse a estudar. Ele, seu pai, que era o melhor pai do mundo, dizia que as meninas deviam aprender a costurar e a bordar, duas “coisas” que ela abominava (sem ofensa para ninguém). Com o apoio de sua mãe e irmã conseguiu convencê-lo e inscrever-se na Escola Técnica de Alcobaça, onde fez o Ciclo Preparatório. Foi depois estudar para Leiria e como seu pai era comerciante, como já foi referido, resolveram inscrevê-la no curso Geral do Comércio. Quando terminou, entrou para o Magistério Primário também em Leiria-1962, que terminou em 1964. Entretanto, a fim de poder contribuir para o orçamento familiar, foi dando explicações, como nessa época se dizia. Lembra-se de ter oferecido à sua mãe uns lindos sapatos comprados com o primeiro dinheiro que ganhou.

Relembrando a infância e as suas brincadeiras, lenço-queimado, rodinhas, cabra-cega entre outras, a que mais gostava era a de brincar às escolas e que lhe permitia ser professora.

Assim acabado o curso teve oportunidade de realizar, verdadeiramente, o seu sonho, ser professora.

Foi numa escola primária do concelho de Alcobaça, que durante alguns anos exerceu as suas funções. Apesar das dificuldades, dados os poucos recursos em materiais didáticos, inexistência de funcionários auxiliares, de limpeza da escola, entre outros, foram anos inesquecíveis. As suas alunas, cerca de 40, foram as primeiras flores do seu jardim, que foi crescendo em múltiplos matizes e doces aromas.

Por motivos pessoais, casamento, mudou para Lisboa em 1972, vivenciando então, as experiências de uma grande cidade: transportes apinhados, longas distâncias de casa à escola, filas de carros quase parados, gente correndo sempre apressada, sempre cansada... Por outro lado existia um sem número de opções apelativas e difíceis de selecionar, espetáculos, cinema, exposições de arte, conferências, museus.

Teve a grande oportunidade de se matricular no curso de História da  Faculdade de Letras de Lisboa, em 1975, que terminou em 1979. Mais um sonho que se tornou realidade.

Continuou a dar aulas, agora no ensino secundário, lecionando a disciplina de História.

Na Escola Secundária da Damaia, onde exerceu durante dez anos, fez uma profissionalização no exercício de dois anos. Lecionou em mais duas escolas e nos últimos onze anos de serviço, fixou-se em Massamá na Escola Secundária Stuart Carvalhais, de onde passou à aposentação.

Os seus alunos eram para si, em primeiro lugar pessoas a quem devia todo o respeito. Só respeitando seremos respeitados. Empenhou-se numa prática pedagógica apontada para o sucesso dos alunos, como a melhor forma de realização profissional, tendo sempre presente a falibilidade do seu ser, como pessoa, mas a certeza de que quando a nossa vida é pautada pelo amor ao próximo, as dificuldades transformam-se em vitórias.        

Em inícios da década de oitenta, fundou juntamente com outros professores a Associação Portuguesa de Professores Cristãos Evangélicos, sem qualquer fim lucrativo, tendo como objetivo a formação de professores numa vertente pedagógico/cristã, condição relevante na transmissão de valores e na formação dos jovens.

Abraçou o Cristianismo por convicção e fé depois de uma real experiência com Jesus.

É membro da Igreja Evangélica Batista de Alcobaça, onde colabora, integrando um grupo de crentes, na orientação de Estudos Bíblicos, que lhe tem permitido fortalecer a sua caminhada com Deus.

Em regime de voluntariado, durante 20 anos, exerceu cargos no corpo diretivo da Fundação Vida Nova, instituição fundada pela Igreja Batista de Alcobaça e vocacionada para o ensino de crianças, desde o Berçário até às Atividades de Tempos Livres.

Apoiou, também em regime  de voluntariado, uma instituição de  proteção a crianças, no concelho de Sintra e mais recentemente assistência a idosos, como voluntária do Coração Amarelo.      

Colabora desde 2012 com a Universidade Sénior de Alcobaça, onde leciona a disciplina de História.

Convívio familiar, convívio com os amigos, a ternura dos seus três gatos, a companhia de muitos livros, são condições imprescindíveis no dia-a-dia da sua vivência física.

Em todo o seu percurso, que continua a gostar de recordar, passaram apenas alguns dias...meses...anos?

A palavra-chave da sua vida: Amor.  

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