SE
NÓS NÃO OS RESOLVERMOS, QUEM O FARÁ POR NÓS?
Fleming
de Oliveira
Há anos fiz alguma
política que, aliás, não me deixou especiais saudades. Nunca tive também
ilusões, que também nunca escondi, acerca do mérito dessa intervenção. Apesar
disso tudo, continuo a gostar da política “pura e dura”, mas olho com
alguma pouca paciência e menos disponibilidade, o modo como alguns dos
políticos portugueses pretendem, por regra, justificar o seu comportamento, as
suas decisões, os seus erros, encontrando sempre uma primeira resposta no tempo
que os antecedeu, bem como, nos que também os antecederam.
Entendo
que esta postura (deste ou outro qualquer poder), além de censurável em si nada
nos interessa, e pressupõe o objetivo de escamotear a realidade, servindo-se de
factos e situações, ainda que descontextualizadas, para “justificar a
justificação”. A explicação de tudo isto parece-me óbvia, o poder por
inépcia e teimosia, falhou nas opções assumidas e não encontra melhor argumento
do que lançar poeira sobre o própria falhanço. Não vale a pena matar o
mensageiro, embarcar em histerias, sejam elas positivas ou negativas, nem
imputar nestes tempos revoltos à Senhora Merkel a origem dos males que nos
atingem ou argumentar que ela é um deus prepotente, egoísta e infalível que nos
leva para o abismo.
Que
ela é poderosa e importante não há dúvida e apesar disso ou por via disso a
teremos de aceitar, não valendo a pena atirar pedras ou vociferar palavras em
manifestações que, porventura nos aquecendo momentaneamente a alma, não têm
resultados úteis, nem positivos.
Espero que fique
demonstrado que o principal da política governamental não terá sido tanto
corrigir as contas públicas ou a trajetória do défice, mas eliminar “refundar”,
rápida e a contento (?) alguns supostos, mas instáveis e falsos, equilíbrios em
que assentava a democracia portuguesa e acarretaram o deflagrar da crise em que
nos encontramos.
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