VARIAS FACES DA
MESMA MOEDA
FLeming de OLiveira
Os estudos e a percepção pública portugueses, apontam no
sentido de a corrupção ser um fenómeno em crescimento em Portugal. Todavia a
Procuradora Cândida Almeida (DCIAP), há tempos na última Universidade do Verão
do PSD, afirmou que o nosso país não é
corrupto, os nossos políticos não são corruptos, os nossos dirigentes não são
corruptos.
Porém, uma grande
maioria dos portugueses, considera outrossim que os níveis de corrupção não
param de aumentar, são muito elevados e que os partidos políticos são afetados,
se não os mais responsáveis por este fenómeno. Afinal, só quatro países da Zona
Euro estão atrás de Portugal no ranking geral, a saber, Malta, Eslováquia,
Itália e Grécia.
Segundo o que foi
divulgado pelo último relatório do Sistema Nacional de Integridade (SNI), que
aprecia esta temática, a Administração Pública, o Ministério Público, os
organismos de investigação criminal e os especializados no combate ao fenómeno,
são as áreas mais vulneráveis à corrupção. As condições propícias à corrupção
têm aumentado significativamente nos últimos anos, devido ao crescimento do Estado e da sua função reguladora na Economia. Acrescento
eu, a crise será sem dúvida um fator motivador.
Parece seguro continuar
a validar o argumento que as trdicionais lentidão e complexidade no nosso
sistema judicial, são considerados obstáculo ao eficaz combate ao fenómeno, para
além da falta de formação de juízes e a inexistência de tribunais
especializados. Assim, parece-me possivel inferir com segurança que os
resultados têm sido bastante limitados. O combate ao fenómeno apresenta pois
resultados mais baixos do que seria de esperar, no âmbito de um país desenvolvido.
Há imenso fumo de corrupção no aparelho do Estado. O que
não há é uma investigação do Ministério Público. É mais fácil vir dizer que não
há corrupção do que investigá-la e punir os corruptos, retorquiu o
Bastonário Marinho e Pinto, numa alusão às referidas declarações de Cândida
Almeida, o qual indo mais longe garante que a
corrupção existe, é o cancro da democracia
em Portugal e está entranhada nas
estruturas do Estado de Direito. Esta cultura de favorecimentos vários é algo que mancha a
democracia e uma sociedade que se quer justa.
A corrupção não se
resume ao crime previsto no Código Penal, pois também está conotada com uma
série de comportamentos que embora não sendo éticos, tambem não são ilegais,
não são correctos, pelo que seria preciso atacar comportamentos, os bem
conhecidos compadrios e cunhas, que continuam a ser tolerados e que implicam
resultados deploráveis.
Quem vive e trabalha em Portugal, apercebe-se do intricado
sistema de cunhas e compadrios (esse tráfico de influências, velha forma de obter benefícios ilegítimos na nossa
sociedade) que pulula em quase todos os sectores de actividade. No
sector público ou nas parcerias público-privadas ele torna-se mais evidente,
porque ao habitual compadrio, junta-se o cartão partidário da cor certa.
Não pretendo contribuir para uma imagem (ainda
mais) negativa da vida pública nacional. Mas, confesso, já me vai faltando a
paciência. Neste último trimestre de 2012, faço a intenção de questionar tabús,
desocultando o diáfano manto que encobre o politicamente correto.
E, assim, nos vamos
transformando num país sem recursos naturais soberanos, sem poder de compra,
sem mercado interno, sem investimento privado digno do nome e uma imensidão de
desempregados e de emigrantes!
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