segunda-feira, 14 de maio de 2018

Não gosto de "certa" linguagem - Região de Cister















Ultimamente tenho visto televisão e cinema, mais do que era normal. Vi documentários e filmes, alguns premiados com os Óscares da Academia, com tramas interessantes, boa ação e um ponto de vista perspicaz, mas… Mas, ao fim de cinco minutos, sintome agredido com tantos “palavrões”, uma autêntica chuva deles, que me levou a pensar, qual a razão destes palavrões? O meu Filho, pai de filhos também, mas de outra geração esclareceu-me que isso é necessário, para ser “honesto”, e conferir um ar mais “realista” … Bem sei que há pessoas que parecem incapazes de comunicar sem usar uma linguagem suja, mas no que me diz respeito não só me aborrece esse tipo de linguagem, como me indigna um abuso que degrada a língua e os nossos costumes. Parece-me que a obscenidade vocabular é, além do mais, uma forma “barata” de atrair a atenção, não passando de um recurso de quem não tem melhor vocabulário para se exprimir. O que é que há de honesto em substituir palavras da língua-padrão por termos escatológicos? Será que não se pode admitir a existência e o exercício do sexo, sem os descrever em linguagem “chula”? Sempre que se fala da absorvente e eterna relação entre o homem e a mulher há necessidade de se usarem expressões como as que se vêm rabiscadas nos sanitários públicos? Não há muito tempo, um grupo de pais considerou alguma linguagem de Válter Hugo Mãe (que me abstenho aqui de reproduzir) no livro “O Nosso Reino” imprópria para adolescentes de 13 e 14 anos e protestou contra a inclusão, entre as leituras recomendadas para este nível etário, pelo Plano Nacional de Leitura/PNL Compreendo a preocupação destes pais, mas não tanto a simplicidade do contra-argumento simplista que, “estão desfasados daquilo a que os adolescentes se encontram expostos graças à omnipresença da internet, e a todo o tipo de conteúdos a que, sem filtros nem barreiras, ali conseguem encontrar”. Admito ser conservador, mas tenho reservas em acompanhar, sem mais, a postura dos que considerem os filhos imaturos para lerem determinadas obras e os orientem noutras. Sou totalmente a favor de não tratar os jovens como “estúpidos”. Mas, como Pai e Avô, sei que lhes falta muita informação, que a grandeza e a complexidade humanas estão contidas em alguém de 14 anos de idade, e que assim não se deve fazer de conta, liminarmente, que existem crian- ças com essa idade, ao invés de atentar no esplendor do aparecimento de um ser muito perto de estar inteiro. As duas associações de professores de Português vieram a terreiro defender, conjuntamente, que “vivemos num tempo em que a liberdade é amea- çada por esse mundo fora e é nestes tempos que o papel do professor se intensifica na luta permanente contra a hipocrisia, o preconceito e todas as formas de discriminação”. No concernente às críticas sobre a inclusão do livro na lista de livros recomendados em leitura autónoma pelo PNL, as ditas associações defendem que “é na escola, através dos professores, que começa a construção da verdadeira democracia, se derrubam as barreiras sociais, e se expõem as fragilidades de uma visão enviesada e preconceituosa da realidade”. São centenas os livros que integram o PNL, pelo que admito que ocorram erros de avaliação quanto ao respetivo mérito ou oportunidade. Se me for permitido pelo nosso Diretor Joaquim Paulo fazer mais um comentário (a que não confiro conteúdo ou intenção políticos) direi que desejaria encontrar uma equipa, aliás paga com o nosso dinheiro, apta a escolher livros recomendados às diferentes faixas etá- rias, em suma, produzir um trabalho criterioso e que, em torno do livro e da leitura, se têm alimentado, lobbies longe de justificar o que com eles é despendido. E a forma como reagem às críticas demagógicas (aqui o comentário tem conteúdo político), é uma evidência de que continuam a existir estruturas no MEC mais centradas em servir-se a si, ou a quem por lá anda, do que em prestar serviço público.

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