Como
tenho defendido, entendo a História como um esforço de reconstrução do passado,
o que me leva a uma análise e dedução, suportados por documentos e outros
vestígios.
Sem
esquecer que, como humano sou inexoravelmente subjetivo, por mais que tente
combater essa fatalidade, jamais o farei integralmente. Afinal pessoa não é
autómato, por mais que reconheça o valor da inteligência artificial.
Quando
há muitos, muitos anos mesmo, ao terminar o ensino secundário, tive que decidir
o rumo da vida e concretamente os estudos universitários, oscilei entre a
Faculdade de Letras (Ramo História) e a Faculdade de Direito. Perante a
Faculdade de Letras tinha como handicap a circunstância de o meu Pai ser
licenciado em Direito e exercer a advocacia no Porto. Vim a seguir Direito e a
partir de certa altura advogado da Câmara de Bissau e o facto de o meu Sogro
ser Advogado e minha Mulher licenciada em Direito, acabou por se impor
determinante para vir exercer a Advocacia em Alcobaça a partir de 1974 até me
reformar há uns anos.
A opção
entre o Direito e a História não foi de todo fácil, dado terem muitas coisas em
comum. Enquanto jurista (advogado ou magistrado do MP) quando queria perceber a
trama que me era apresentada, tinha de recriar um historial do interveniente,
compreender o jogo de fatores e indicadores que explicavam comportamentos que
viabilizam o diagnóstico e depois a terapêutica correta. Quando hoje estudo,
registo e divulgo a História, especialmente a de Alcobaça (não mais exerço
advocacia) estou a trabalhar da mesma forma num mundo complexo, mas que não
posso observar diretamente. Tenho de o reconstituir com seriedade por meio de
indícios disponíveis, por exemplo inquéritos que não dispenso.
Fala-se
no branqueamento do passado, de um reescrever a História, o que pode acarretar
situações de rutura que viabilizam a ascensão de populismos fáceis. Esta é
seguramente uma das minhas mais presentes preocupações, desde logo em política
tout court. Não contem comigo na instrumentalização da História em prol de
causas, pois considero isso perverso e por demais negativo.
Ao
abordar o Estado Novo, o que tenho feito com acuidade e regularidade, a
linguagem que utilizo pretende ser compatível com a ontem e hoje, pois os
conceitos não são os mesmos.
Eliminar
símbolos nacionais como monumentos ou restituir bens que advieram supostamente
de forma ilegítima aquando com a gesta ultramarina, assemelham-se a um
branqueamento, nada meritório ou positivo seja para a História enquanto tal,ou
para a Sociedade. O importante é perceber que a História corresponde a
motivações e necessidades, mas que um dia podem ou devem ser esclarecidas,
desmistificadas se necessário.
Com
tenho defendido, ler à luz dos contextos, é ferramenta e postura que reputo
absolutamente essencial.
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