quarta-feira, 8 de novembro de 2023

A “NOSSA” MISSE PORTUGAL 2023

 

A “NOSSA” MISSE PORTUGAL 2023

 

Marina Machete foi a primeira mulher transgénero a vencer o concurso Miss Portugal. A “menina” de 28 anos bem feitos, de Palmela, vai representar o nosso país no Miss Universo, que se realiza este mês em EL Salvador.

Não só foi a primeira mulher transgénero a participar em Portugal, como também a primeira a vencer. Marina Machete foi coroada Miss Portugal e será a representante no concurso Miss Universo 2023.

Mas de que estamos a falar? Uma mulher trans é alguém a quem, ao nascer,  foi atribuído o sexo ou género masculino, mas cuja identidade de género é feminina. Em razão da disforia (sentimentos de angústia significativa ou dificuldade de funcionamento relacionados com um sentimento persistente de que o sexo ao nascimento não corresponde ao sentimento interno de ser do sexo masculino, feminino, misto, neutro ou outra coisa), mulheres trans podem fazer a transição de género. Tal processo comumente inclui terapia de substituição hormonal e, às vezes, cirurgia de redesignação sexual. Mulheres trans podem ser heterossexuaisbissexuaishomossexuaisassexuais, entre outras categorias não heteronormativas. Onde se inclui Marina? Creio que não interessa para aqui .

Antes de vencer o concurso, num evento que decorreu em Borba, recorreu às redes sociais (tem mais de oito mil seguidores no Instagram), para expressar o orgulho em ser a primeira mulher portuguesa trans a competir por esse título. “Durante vários anos não me foi possível participar e hoje orgulho-me de fazer parte deste incrível grupo de finalistas”.

Marina Machete é hospedeira de bordo e descreve a profissão como uma experiência que a ajudou a expandir horizontes.

Num vídeo disponível no YouTube(que por acaso vi), revela ela que, como transgenéro, precisou de ultrapassar inúmeros e penosos obstáculos. “Felizmente e especialmente com a minha família, o amor provou ser mais forte do que a ignorância”. Com os pais a serem donos de oito gatos e um cão, enfatizou que os “direitos dos animais e a sua proteção são alguns tópicos que procuro defender”. Poderia ter falado da guerra na Ucrânia ou no conflito Israel-Hamas, mas isso não rende, e que  as mulheres trans enfrentam uma forma de violência conhecida como transfobia .

Na próxima edição do Miss Universo, a “nossa” Marina vai concorrer com outra transgénero, a neerlandesa Rikkie Valerie Kollé, que venceu o título no passado mês de julho. Antes destas, creio que há cinco anos, tinha existido uma candidata trans ao título Miss Universo, a espanhola Angela Ponce que não venceu. Mas os espanhóis (in)felizmente estão muito mais adiantados que nós…

A Câmara Municipal de Palmela aprovou, por unanimidade, em 18 de outubro, uma saudação a Marina Machete, pela “conquista do título e oportunidade de representar o concelho e o país no concurso Miss Universo”. Num caso semelhante qual seria posição da nossa autarquia, Senhor Presidente Hermínio Rodrigues?   

 Caros leitores, sei bem que sou conservador, preconceituoso, que não tenho idade ou intenção de mudar e que o mundo é composto por mudança. Conforme as convenções (tradicionais) que assumo, existem dois tipos de géneros, o masculino e o feminino, e a identidade de género está ligada exclusivamente ao sexo biológico. Seja como for, não percebo como os homens que querem ser mulheres (o contrário é muito raro) demonstrem uma visão caricatural destas, aliás num estilo criticado pelo feminismo. Afinal adoram concursos de beleza e a objetificação do corpo feminino, quaisquer que sejam as circunstâncias...

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