QUESTÕES DE FAMÍLIA
e OUTRAS,
ENFIM,
SOLIDARIEDADE
SOCIAL
Fleming de Oliveira
Longe vão os tempos
em que os cuidados de saúde e higiene com os idosos eram prestados no calor da
familia.
Foi, ainda assim, com os nossos Avós que faziam parte integrante da família tradicional, a quem eram
dispensados, naturalmente, o aconchego e o zelo possíveis. A família estava
estruturada e preparada para isso, sendo a situação aceite no campo ou na
cidade, num contexto de maior ou menor escassez de recursos. Antes de disparar o
surto de urbanismo, a família tradicional
era principalmente rural e agrupava, não raramente, três gerações. Na
cidade, encontrava-se no seio de uma classe média burguesa, mais ou menos alta
ou confortável. Com uma cidade de habitações exíguas, a família viu-se reduzida
ao núcleo mais elementar, desde logo, com a diminuição do número de filhos.
O conceito de família, na sociedade portuguesa, deixou há muito de caber, apenas,
no rótulo de tradicional, para se
espalhar por outras formas de organização, desde os homossexuais, à mãe e pai
solteiros, casais que conjugam filhos de anteriores relações com outros
nascidos da nova relação. A sociedade portuguesa olha para as mais recentes
formas de organização familiar, com um misto de abertura e desconfiança,
principalmente no que toca às mães solteiras e aos casais de homossexuais, cujo
debate não encerrou, apesar de referendos.
Com
o passar dos tempos a estrutura foi-se alterando, com exigências e compromissos
sócio-laborais a exigirem maior ocupação e dispersão dos braços, o que implicou
que o idoso fosse sendo remetido para o isolamento do lar. O aumento do tempo
médio de esperança de vida, acarretou para esta faixa etária a necessidade duma
estrutura social mais sólida, com suporte administrativo e financeiro integrado
no Estado-Social. Contudo este, pelo menos em Portugal, está longe de ter
capacidade de resposta para todo o espaço nacional, além de que nem os
Hospitais ou as Instituições de Solidariedade Social têm condições ou vocação
para lidar com a situação.
Perante
este estado de coisas e com a população a envelhecer, os Lares de Idosos começaram a proliferar de Norte a Sul numa lógica
de exploração ou de negócio como outro qualquer, sabe-se lá com que qualidade.
O programa do governo socialista do Senhor
Engenheiro, fez o reconhecimento da diversidade das situações
familiares, o que implica o estudo e acompanhamento das mudanças em curso na
família e a definição de tipologias de intervenção adequadas. Além
disso, defendeu a consagração de políticas públicas determinadas por critérios de justiça
social nomeadamente no que se refere à progressiva eliminação dos fatores que
afetam todas as famílias em situações de grande vulnerabilidade social - as
pessoas/mulheres sós, sobretudo idosos, as famílias numerosas pobres, as
famílias em situação de monoparentalidade, as famílias com pessoas
desempregadas, as crianças em situação de risco, as famílias imigrantes e
famílias com pessoas portadoras de deficiência.
Fez o reconhecimento, fraturou, insistiu e nada adiantou…
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