segunda-feira, 28 de março de 2022

BUSTO DA REPÚBLICA E ALCOBAÇA

 

BUSTO DA REPÚBLICA E ALCOBAÇA

 

Com a República,  houve que encontrar outros Símbolos Nacionais.

A questão dos símbolos foi controversa e a ela o Governo Provisório deu imediata atenção. Se queria cortar com os símbolos do anterior regime, criar fraturas culturais, nunca esteve em causa deixar de manter viva a ideia de uma Nação com um passado glorioso e tradição a respeitar. 



A intenção da República em prosseguir um programa político e cultural na modernidade, exigiu a visibilidade e o reconhecimento de um novo poder simbólico, político e cultural, que usou vários instrumentos, entre os quais o Busto da República. A imagem da República Portuguesa foi representada de várias formas, seguindo o modelo francês, caraterizando-se, apenas, pelas cores vermelha e verde das roupagens.  

Simões d’Almeida (sobrinho) artista de Figueiró dos Vinhos, modelou o Busto da República em 1908, dois anos antes da proclamação da República. E nem o concurso público lançado pela Câmara Municipal de Lisboa em 1910, visando a criação de uma imagem oficial que representasse a República, a ser utilizada nas cerimónias pelo novo regime – e cujo prémio foi conquistado por Francisco Santos – retiraria ao busto de 1908 a aura e a fama popular que granjeara. Seria o busto de Simões d’Almeida que contínua e profusamente se difundiria para fins propagandísticos, bem como o que figuraria em todas as reproduções oficiais ou oficiosas.. A partir de 1912, o Busto da República, da  autoria de Simões de Almeida, tornou-se um padrão oficial da imagem da República Portuguesa e a ser considerado um dos símbolos nacionais, tal como o retrato do Chefe de Estado, o Brasão de Armas, a Bandeira e o Hino. Chegou a ser obrigatório a existência de uma reprodução do Busto da República, em local bem visível, nos edifícios públicos. Todavia, ao invés do que aconteceu com os demais símbolos, o uso deste foi caindo em desuso, sendo, hoje, raro encontrá-lo.

O Busto da República, original de 1908, foi  oferecido pelo autor em 1911 a um clube da sua terra natal – Figueiró dos Vinhos –, o Clube Figueiroense

Esse busto, o original, assinado e datado por Simões d’Almeida (sobrinho), encontra-se exposto no Gabinete da Presidência da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos.

 

Em junho de 1910, o fotógrafo alcobacense Carlos Gomes reproduziu fotograficamente o Busto da República, que se encontrava exposto no Quartel, vendendo cada reprodução ao preço de 500 reis. Na montra da Farmácia Campeão, veio a ser exposto um Busto da República, numa reprodução em bronze que, segundo os devotos republicanos, constituía um elegante adorno de sala, tão perfeita era a modelação, tão bem lançada e artística é a cabeça altiva e insinuante. Encarregava-se do seu fornecimento a Casa Catalá, de Lisboa, que tinha como proprietário o alcobacense António Lopes de Oliveira, custando cada exemplar a módica quantia de 12$500 Reis. Na Sessão de 2 de Fevereiro de 1914, foi autorizada a Comissão Executiva da Câmara Municipal a adquirir um Busto da República para a sua Sala das Sessões, sendo o mesmo que ainda lá se encontra. O Centro Republicano também adquiriu um exemplar, tendo feito uma subscrição.

Também foi dada muita importância à Bandeira verde e vermelha –  hasteada pela primeira vez na Festa da Bandeira, a 1 de Dezembro de 1910 –, ao Escudo – com 5 quinas e 7 castelos, à Esfera Armilar, ao Hino Nacional - A Portuguesa , à Moeda– o escudo –, ao Calendário­ – com os feriados, festas nacionais e municipais–, à Divisa – Saúde e Fraternidade –, à Festa da Árvore, ao Panteão Nacional – a Igreja de Santa Engrácia foi escolhida como monumento para o instalar –, às condecorações – a Torre e Espada foi a única Ordem que se manteve –, à Toponímia, à Numismática ou à Filatelia.

Oportunamente continuaremos este tema.

 

 




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