terça-feira, 8 de março de 2022

Touros em Alcobaça

 

TOUROS EM ALCOBAÇA

 

Os interesses da generalidade dos alcobacenses não se reduziam aos assuntos da política e às dificuldades do quotidiano. As feiras, romarias, touradas, circos, concertos da banda e outros divertimentos ocupavam um espaço importante nas disponibilidades populares.

Em agosto de 1909, havia grande entusiasmo pela realização de uma corrida de touros, a realizar na praça da Vila, e na qual um aficionado da Golegã irá montar um dos cornúpetos. Contrariamente ao que seria de esperar, pois não fora anunciado, e para satisfazer vários pedidos de amigos e admiradores, o vereador a cavaleiro Vitorino Froes, também participou nesta corrida de touros, sendo muito aplaudido.


Outro atrativo irresistível, pelo menos assim anunciavam os cartazes distribuídos pela Vila, era a presença do famoso Monas, que irá lidar com bandarilhas alguns dos bichos propostos ao castigo dos arrojados turistas. Não deixava de ser um chamariz, o acessível preço das entradas, 240 reis para o sol e 160 reis para a sombra, bem como de 1$000 reis para os camarotes. 

Em agosto de 1922, realizou-se na Praça de Touros de Alcobaça com muito público, entre o qual se distinguiam bastantes senhoras e cavalheiros que vieram da Nazaré, uma vacada com dez animais de um ganadeiro de Almeirim, na qual tomaram parte amadores de Alcobaça e de Torres Novas. Antes do espetáculo, houve alguma confusão entre o público, pois a organização não assegurou o respeito pela marcação dos lugares, especialmente os da sombra. As vacas, embora maltratadas uma delas parecia sofrer de uma pata, permitiram um aceitável trabalho por parte dos amadores da lide apeada, o que já não aconteceu com o do cavaleiro Roberto Cunha, porque as vacas que lhe saíram, não se prestavam para a lide a cavalo e fugiam. Isto motivou protestos do público e do cavaleiro, que anunciou depois de espetáculo, numa taberna da Vila onde se reuniu com uns amigos, que não voltava a tourear em Alcobaça, se as vacas não fossem previamente sorteadas.

Por sua vez, o cavaleiro amador Arnaldo Valério, de Torres Novas, teve azar, pois a sua nervosa montada, chocou com uma vaca, caiu sobre ela e matou-a, a qual veio a ser adquirida por José Pereira da Silva Rino, para distribuir a carne pelo Hospital, Asilo de Infância Desvalida e pobres indicados pelo regedor.

Os bandarilheiros que vieram da Benedita, bastante novos e com pouca prática, mostraram apenas que eram valentes, o que lhes valeu a simpatia do público, enquanto os de fora, também amadores, agradaram e receberam ovação. Dos forcados de Torres Novas, salientaram-se quatro, pois os restantes apesar da vontade de fazer boa figura, não o conseguiram, tendo um deles ficado ferido no rosto e numa clavícula. Assistido no Hospital, teve alta antes do jantar, a tempo de ir confraternizar com amigos.

 

Em setembro, realizou-se outra corrida de touros, tendo como cabeça de cartaz o amador caldense, António Emílio Geraldes Quelhas, que envergava uma vistosa casaca à portuguesa. A Comissão que explorava a Praça de Touros de Alcobaça, tornou público, a devido tempo, através da imprensa, cartazes afixados na Praça, no escritório de Manuel Carolino e estabelecimento de Abílio da Silva Ramalho, onde se vendiam os bilhetes de ingresso que, desta vez, garantia os lugares, de modo a evitar que os compradores de bilhetes de sol fossem para a sombra.

 

Esteve animada e concorrida a feira anual de S. Simão, para que contribuiu o esplêndido tempo de novembro, embora frio. Fizeram-se importantes transações, tanto em gado, como em diversos artigos de comércio como louças. Vendeu-se grande quantidade de castanha e frutos secos. No Rossio, achava-se montada uma barraca de fantoches proveniente de Leiria, que deve ter feito bom negócio, especialmente pela afluência da pequenada. A vacada, deixou satisfeitos os aficionados do costume. Enfim, foi uma feira cheia, muito do agrado dos alcobacenses, onde não faltou a endiabrada batota à custa de incautos, apesar de atenta vigilância policial.

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