TOUROS EM ALCOBAÇA
Os
interesses da generalidade dos alcobacenses não se reduziam aos assuntos da política
e às dificuldades do quotidiano. As feiras, romarias, touradas, circos,
concertos da banda e outros divertimentos ocupavam um espaço importante nas
disponibilidades populares.
Em
agosto de 1909, havia grande entusiasmo pela realização de uma corrida de
touros, a realizar na praça da Vila, e na qual um aficionado da Golegã irá
montar um dos cornúpetos. Contrariamente
ao que seria de esperar, pois não fora anunciado, e para satisfazer vários
pedidos de amigos e admiradores, o vereador a cavaleiro Vitorino Froes, também
participou nesta corrida de touros, sendo muito aplaudido.
Outro atrativo irresistível, pelo menos assim anunciavam os cartazes distribuídos pela Vila, era a presença do famoso Monas, que irá lidar com bandarilhas alguns dos bichos propostos ao castigo dos arrojados turistas. Não deixava de ser um chamariz, o acessível preço das entradas, 240 reis para o sol e 160 reis para a sombra, bem como de 1$000 reis para os camarotes.
Em
agosto de 1922, realizou-se na Praça de Touros de Alcobaça com muito público,
entre o qual se distinguiam bastantes
senhoras e cavalheiros que vieram da Nazaré, uma vacada com dez animais de
um ganadeiro de Almeirim, na qual tomaram parte amadores de Alcobaça e de
Torres Novas. Antes do espetáculo, houve alguma confusão entre o público, pois
a organização não assegurou o respeito pela marcação dos lugares, especialmente
os da sombra. As vacas, embora maltratadas uma delas parecia sofrer de uma
pata, permitiram um aceitável trabalho por parte dos amadores da lide apeada, o
que já não aconteceu com o do cavaleiro Roberto Cunha, porque as vacas que lhe
saíram, não se prestavam para a lide a cavalo e fugiam. Isto motivou protestos
do público e do cavaleiro, que anunciou depois de espetáculo, numa taberna da
Vila onde se reuniu com uns amigos, que não voltava a tourear em Alcobaça, se
as vacas não fossem previamente sorteadas.
Por sua
vez, o cavaleiro amador Arnaldo Valério, de Torres Novas, teve azar, pois a sua
nervosa montada, chocou com uma vaca, caiu sobre ela e matou-a, a qual veio a
ser adquirida por José Pereira da Silva Rino, para distribuir a carne pelo
Hospital, Asilo de Infância Desvalida e pobres indicados pelo regedor.
Os
bandarilheiros que vieram da Benedita, bastante novos e com pouca prática,
mostraram apenas que eram valentes, o que lhes valeu a simpatia do público,
enquanto os de fora, também amadores, agradaram e receberam ovação. Dos
forcados de Torres Novas, salientaram-se quatro, pois os restantes apesar da
vontade de fazer boa figura, não o conseguiram, tendo um deles ficado ferido no
rosto e numa clavícula. Assistido no Hospital, teve alta antes do jantar, a
tempo de ir confraternizar com amigos.
Em
setembro, realizou-se outra corrida de touros, tendo como cabeça de cartaz o
amador caldense, António Emílio Geraldes Quelhas, que envergava uma vistosa
casaca à portuguesa. A Comissão que explorava a Praça de Touros de Alcobaça,
tornou público, a devido tempo, através da imprensa, cartazes afixados na
Praça, no escritório de Manuel Carolino e estabelecimento de Abílio da Silva
Ramalho, onde se vendiam os bilhetes de ingresso que, desta vez, garantia os lugares,
de modo a evitar que os compradores de bilhetes de sol fossem para a sombra.
Esteve
animada e concorrida a feira anual de S. Simão, para que contribuiu o
esplêndido tempo de novembro, embora frio. Fizeram-se importantes transações,
tanto em gado, como em diversos artigos de comércio como louças. Vendeu-se
grande quantidade de castanha e frutos secos. No Rossio, achava-se montada uma
barraca de fantoches proveniente de Leiria, que deve ter feito bom negócio,
especialmente pela afluência da pequenada. A vacada, deixou satisfeitos os
aficionados do costume. Enfim, foi uma feira cheia, muito do agrado dos
alcobacenses, onde não faltou a endiabrada batota à custa de incautos, apesar
de atenta vigilância policial.
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