terça-feira, 24 de abril de 2012

ALCOBAÇA: UMA SOLUÇÃO FALHADA E/OU ADIADA?

Fleming de OLiveira
Os alcobacenses, constituem o fator mais importante na estratégia de desenvolvimento local, uma vez que são eles a essência da Comunidade, os detentores dos conhecimentos e ideias que interessam. É por isso, essencial, promover soluções que possam dar resposta a direitos básicos de cidadania (não propriamente dos turistas japoneses, nem dos profissionais, ainda que supostamente muito laureados), de caráter social ou económico, soluções que vão gerar coesão social e propiciar, naturalmente, uma maior igualdade de oportunidades, aos que cá estão. A nossa Alcobaça é, diariamente, o nosso cenário. O esvaziamento populacional e o pouco, melhor dizendo nulo, dinamismo evidenciado pelas recentes soluções urbanísticas (todavia, nunca se fez tanto no Concelho de Alcobaça como nos mandatos de Gonçalves Sapinho e tão mal na Cidade, como nestes), veio progressivamente deteriorar, até tornar praticamente obsoleta, a vivência no Cento Histórico, do mais nobre que existe em Portugal. Neste sentido, o envelhecimento do tecido urbano alcobacense, colocou questões relacionadas com o desinvestimento sofrido na zona e ilustrou a preferência dos investidores por estratégias de descentralização. A riqueza do património edificado no Centro da nossa Alcobaça, deveria fazer com que a tarefa de o reabilitar estivesse permanentemente em curso, constituindo a conservação e reabilitação, uma ação de continuidade que é necessário continuar a impulsionar e para a qual se exige um pleno envolvimento, estudo e esforço de investimento, desde logo com o exemplo do setor público. É seguramente fundamental atuar na reabilitação de elementos patrimoniais, como igrejas, monumentos, praças, jardins, etc., contribuindo para o reforço da imagem e identidade da cidade e para o turismo, sem esquecer que o Património é a identidade de um lugar, de uma cidade, de um Portugal. A herança dos antepassados deve ser assumida pelos presentes que promovam a recuperação e modernização, contribuindo para a identidade e memória coletiva. Cidades com o estatuto de Património Mundial ou monumentos possuidores desses valores, possuem um especial valor emblemático, tendo por isso de ser especialmente avaliadas. Muitos de nós conhecem cidades cujo interesse patrimonial, também assinalável, foram objeto de especial cuidado na sua recuperação e requalificação. O Jardim do Paço, em Castelo Branco, a Cava de Viriato, em Viseu, os Castelos de Bragança e de Portalegre, ou Guimarães, sem esquecer o Castelo, assumem tal importância que os seus encantos não estão longe de quem lhes está perto. A reabilitação devolveu o brilho às pérolas dessas cidades. Caros leitores, se poderem, confirmem o que digo, como fiz por alturas da última Páscoa para poder escrever este desencantado apontamento! A cidade evolui ao sabor do tempo e o tempo traz consigo novos desafios. À necessidade de dar novos usos a espaços que se perderam com funcionalidades ultrapassadas (em Alcobaça não existe um Mosteiro, mas um ex-Mosteiro), a reabilitação sustentada deveria responder com novos e ponderados horizontes. A reabilitação do Centro de Alcobaça deveria evidenciar as características que permitam promover a actividade habitacional e económica.Deveria-o fazer suportada em fatores de competitividade, ligando os estudos da autarquia aos destinatários, sem esquecer o design, o marketing, a comunicação, a investigação e desenvolvimento de produtos e serviços, a logística, o conhecimento e a inovação, contribuindo assim para a recomposição do tecido habitacional e empresarial da cidade. Outrossim assistimos a um resultado (falhado) no reabilitar o nosso Centro Histórico, olvidando as características que permitam promover a sua atividade. Um cenário que perdeu qualidade, fruto de novos elementos introduzidos, acinzentou-se, ganhou cheiros estranhos e os alcobacenses deixaram de ser o ator principal, mesmo sem haver alternativa. Fleming de OLiveira

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