terça-feira, 24 de abril de 2012
A PROPÓSITO DA QUALIDADE DE VIDA (na nossa Alcobaça e não só…)
Fleming de OLiveira
A questão da medição do Bem-estar ou da Qualidade de Vida dos alcobacenses, pela enormidade de indicadores necessários a considerar, não é uma tarefa fácil (mesmo à nossa pequena escala local). Mas creio que, para além do propósito ou ambições manifestadas em momentos político-eleitoralistas, nunca foi tentada a sério e se tal aconteceu, desconheço quando e seus resultados.
São às dezenas, para não dizer centenas, as variáveis que influenciam apreciação da qualidade de vida dos alcobacenses, mais ou menos fáceis de quantificar, seja pela natureza qualitativa (e por isso difíceis de avaliar), outras pela natureza quantitativa (e por isso mais fáceis de contabilizar). Contudo, aquilo que daqui da minha secretária reputo mais complicado fazer, é misturar essas variáveis de molde a obter um indicador comparável com idêntico de outros Municípios, nomeadamente os nossos vizinhos, e que permitria estabelecer um interessante ranking entre todos.
Hoje em dia, ao vivermos um momento de exuberância tecnológica, constatamos que a Ciência e a Economia, apesar dos progressos, não correspondem, às expectativas ditadas pelas necessidades do Homem. E, em Portugal, não podemos assacar esta conclusão e os resultados que sentimos no lombo apenas ou mesmo principalmente ao Engenheiro que, fique sossegadinho e a estudar em Paris.
Muitos termos, são utilizados como sinónimos de Qualidade de Vida, tais como bem-estar, boas condições de vida e satisfação na vida. Olhando a história, num primeiro momento, a expressão Qualidade de Vida aparece à volta de temas como o meio ambiente e a deterioração das condições da vida urbana. Já nos meados do Século XIX, caracterizado pelas reformas liberais, diversas medidas foram definidas e implementadas na Europa (e depois timidamente em Portugal) com o objetivo de melhorar o padrão de vida da nossa população, ainda especialmente a urbana. Durante os anos 50 e início dos anos 60 (sec. XX), o crescente interesse pelo bem-estar e a preocupação pelas consequências da industrialização da sociedade, fizeram surgir (não obstante o Estado Novo) a necessidade de medir esta realidade por critérios e dados objetivos. Surgiram, então, as Ciências Sociais a iniciar o desenvolvimento de indicadores de tipo estatístico, que permitissem medir dados relacionados com o bem-estar da população. Mas os meios e os interesses em confronto não permitiram grandes progressos.
O desenvolvimento e aperfeiçoamento dos indicadores sociais, nos finais dos anos 70 e inícios dos anos 80 do século passado, levou a um processo de diferenciação entre estes indicadores e o conceito Qualidade de Vida. A expressão começou a definir-se como um conceito integrador de todas as áreas da vida, e faz referência tanto a condições objetivas, como a componentes subjetivas.
A definição de Qualidade de Vida não é consensual, embora seja unanimemente reconhecido que ela pode ser descrita em domínios, cada um dos quais associado a um diferente aspecto da vida. De um modo geral, a Qualidade de Vida relaciona-se com a satisfação das necessidades da população a nível económico, social, psicológico, espiritual e ambiental, proporcionando tranquilidade, segurança e esperança de um futuro melhor, não muito longínquo.
O estudo da Qualidade de Vida deve ser cada vez mais um instrumento que permita idealizar políticas e delinear ações que promovam o aumento dessa mesma qualidade de vida nas populações. Para tal, é necessário que esses estudos acompanhem a evolução quer das necessidades das pessoas, quer do conjunto de componentes (materiais mas não só), que envolvem o dia-a-dia de uma população.
É certo que a noção de Qualidade de Vida que temos, não é a mesma dos nossos antepassados, tal como não será igual à das gerações futuras, daí a imperiosa necessidade da investigação em torno deste tema existir e nunca estática, mas sim ter um carácter dinâmico e inovador (mesmo sabendo ou, por isso, mesmo esperando que a crise há-de passar, mesmo em Alcobaça).
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