quinta-feira, 19 de abril de 2012

UM EXEMPLO A SEGUIR? REABILITAÇÃO URBANA - ALCOBAÇA/GUIMARÃES

Fleming de OLiveira

Nestes passados dias da Páscoa andei numa de cultura e turismo pelo Minho, concretamente por Braga e Guimarães.
É unanimemente reconhecido que o nome e a imagem do Centro Histórico de Guimarães, extravasaram as fronteiras do domínio público, com uma subjacente impressiva marca de qualidade.
O reconhecimento e o interesse, nacionais e internacionais, por Guimarães, foi crescendo devido ao rigor dos critérios adoptados e aos cuidados com que, durante alguns anos, a autarquia foi preparando, processando e patrocinando uma intervenção que, suscitando formas e renovando funcionalidades, reabilitou para o presente em prol da cidade e seus habitantes antigas e, quiçá, esquecidas espacialidades. Como lastimo, os autarcas da nossa terra (não sou alcobacense por nascimento, mas por adoção, o que me parece não significar menos), não terem nunca tido essa sensibilidade ou poder para contrariar soluções facilitistas.
Nos últimos anos, foram concretizados em Guimarães seguramente alguns projetos e ambições antigas. A reabilitação de espaços públicos, cedendo a sua forma a novas funções, bem como o apoio técnico e financeiro à iniciativa privada, constituíram as principais linhas estratégicas que nortearam a concretização dos objetivos de intervenção no exemplar Centro Histórico de Guimarães:
-A reabilitação visou a recuperação, preservação e valorização do património construído, em termos de qualidade formal e funcional, cuja autenticidade se entendeu ser necessário manter.
-A reabilitação passou também pela utilização de materiais e técnicas tradicionais.
-O outro objetivo (não o último, mas talvez o primeiro em valia) residiu na manutenção da população residente (entre nós parece que houve o propósito inverso, afugentar-se a população residente ou trabalhadora), dotando-a de melhores condições. Esse trabalho, pelo rigor de intervenção e carácter exemplar, recebeu já variados e prestigiados prémios, nos quais os locais se revêm efetivamente e não apenas na maquette.
A assunção por parte do Município de se constituir como exemplo, reforçada na continuidade das ações, veio a induzir nos privados a iniciativa e o gosto pela reapropriação do seu espaço e a (re)invenção de formas do viver na área antiga da cidade, marcando-as com os sentidos de Coletividade e de Humanidade que têm sido e só podem ser o fundamento de uma intervenção leal e coletivamente assumida. Isto significa menos dirigismo e menor empolamento formal (intelectual…) das iniciativas públicas e das ações técnicas e regulamentares (ao contrário do que, infelizmente, tem sido corrente noutros pontos do País).
A minha esperança é que o tempo, sendo normalmente um adversário de difícil gestão, mas que não deixa nunca de ter razão, e por isso jamais é completamente perdido..., possa servir para corrigir uma mira.
Caro leitor, se poder não perca a oportunidade de ir este ano a Guimarães, não propriamente por ser a Capital Europeia de Cultura, mas por ali poder fazer um encontro com o que de mais genuíno existe do ser português.


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