FUTEBOL, CLAQUES
E
UM MESTRE NA PRISÃO
FLeming
de OLiveira
- Liminarmente
faço uma declaração.
- Aprecio o
futebol (no tempo de universitário, não perdia um jogo da Académica, ainda que à
chuva ou ao sol no peão do Estádio do Calhabé), mas desde então raramente vou a
um estádio. Fico-me pela televisão a beber uma cervejinha.
Tripeiro nato
e assumido, embora a viver há 50 anos em Alcobaça mas sem renegar as origens, inclino-me,
afetivamente, para o FCP. Estive com o meu filho em Sevilha (2003) e em
Gelsenirchen (2004), e não esqueço esses momentos memoráveis.
- Um primo,
aliás muito próximo do FCPorto, creio que até foi diretor, explicou-me na
semana passada que, nos tempos que correm, as claques seguem de perto a preparação de um jogo de futebol, despendem horas
a estudarem coreografias, a pintarem telas e painéis gigantes, a fazerem
distribuição de bilhetes.
O que
começou por salutar carolice, virou negócio escuro, como intuímos sem assumir especial
perspicácia. As claques são organizadas, vigiadas, entidades suspeitas. As direções de clubes, pelo menos dos
chamados 3 grandes, ajudavam as claques, com a cedência ou venda mais barata de
bilhetes, facilidades no aluguer de transporte, e apoio logístico.
- Fernando Madureira (vulgo “Macaco”) é reconhecido como o rosto dos
Super Dragões. Muito,
e de há muito, se fala sobre ele, mas nunca foi acusado em tribunal, sendo que com a “Operação Pretoriano” (investigação
levada a cabo tendo como ponto de partida os incidentes verificados na
Assembleia Geral do FC
Porto, do passado 13 de novembro), o MP pediu
a sua prisão preventiva. No
caso de Sandra, sua mulher, o MP não considerou necessária uma medida
restritiva da liberdade embora acredite que ela não teve um papel apenas
secundário nas agressões que aconteceram aquando da assembleia-geral do clube.
- Detido na sequência da “Operação Pretoriano”,
Fernando Madureira, ficou em prisão preventiva, Hugo Carneiro, conhecido como “Polaco”,
elemento dos Super Dragões, vai continuar detido, o empresário Vítor Catão
ficou em prisão domiciliária, com vigilância eletrónica. Todos eles ficaram
proibidos de contactar pessoas envolvidas no processo, com exceção de
familiares diretos.
Em causa estão, como referi, os acontecimentos da Assembleia
Geral do FC Porto, e os crimes de ofensa à integridade física no âmbito de
espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno
desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso
de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação.
Aos demais seis arguidos ao fim de uma semana de
detenção, não foram aplicadas medidas privativas de liberdade, mas ficam
proibidos de contactar entre si, com exceção dos familiares diretos, bem como de
entrar em recintos desportivos onde jogue o FC Porto, de aceder à sede dos
Super Dragões e obrigados a apresentações às autoridades às segundas, quartas e
sextas-feiras e sempre que jogue a equipa do FC Porto.
Isto servirá de exemplo? Não creio.
- De acordo com uma recente uma reportagem da CMTV, que por acaso vi, os
rendimentos de Madureira e mulher não explicam o ostensivo estilo de vida, uma
vivenda de luxo em Canidelo (Gaia), automóveis topos de gama, um restaurante, um hostel e um bar
na zona da Ribeira (Porto).
- Em 2016, Madureira
realizou mestrado em Gestão do Desporto no ISMAI, onde obteve 17 valores, a tese
disponível na internet, é desinteressante, redigida em mau português e cheia de
erros ortográficos.
- Portanto reconheço
que, ele pelo menos, de facto e de direito é mesmo Mestre.
Sem comentários:
Enviar um comentário