segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PANFLETÁRIOS

-UM PANFLETÁRIO INIGUALÁVEL
MAS COM SEGUIDORES
-Pe JOSÉ AGOSTINHO DE MACEDO
-A TRUCULÊNCIA DO JORNAL A VOZ
DE ALCOBAÇA (1ª Série)


FLEMING DE OLIVEIRA





AO FALAR DE JORNALISMO POLÍTICO E PANFLETÁRIO, é impossível esquecer, o exemplo do Pe. José Agostinho de Macedo, talvez o mais incontrolado e sabido caceteiro da pena que houve em Portugal, que viveu no virar do século XVIII, um dos mestres de Frei Fortunato de S. Boaventura, que fundou jornais e folhetos de que se chegaram a tirar quatro mil exemplares !!!
Frade, veio a ser expulso da sua congregação (da Graça), por devassidão. Segundo regista a pequena história, apresentava-se em público de batina desabotoada, de ventas largas cheias de rapé, munido de um bordão que gostava de desandar apesar do seu físico ossudo e grande, dava murros violentos no balcão gorduroso da taberna e agitava Lisboa com a sua fama de vida boémia e desbragada. Vivia (amancebado assim se dizia antigamente) com uma freira de Odivelas.
Depois de provocar e empanturrar Bocage, que também andava perdido, com um indigesto amontoado de vulgaridades panfletárias, este respondeu-lhe (…) Epístolas, Sonetos//Odes, Canções, Metamorfoses…//Na frente põe o teu nome, e estou vingado.
Quando morreu em 1831, deixou saudades, pois o Povo sentiu pelos seus nervos, falou pela sua boca. O Povo Português, reconhecia-se retratado na sua figura de padre a arrastar-se pelas portarias de conventos, casas senhoriais ou vielas mal frequentadas de Lisboa, ébrio de cólera e muitas vezes de vinho. E o Povo, não obstante esse comportamento tido por licencioso, encontrou nele a franqueza e desinteresse, salvo talvez a cobiça da popularidade, dos que não tendo vergonha, têm o mundo por si. Viveu quase sempre como mendigo. Nas arremetidas do Pe. Macedo havia ódios, fruto de antagonismos antigos, fundados e viscerais. Os papéis, folhetos e jornais que produziu, não se inseriam numa comédia pretensamente civilizada, como as de hoje, para prazer de um público de camarote ou de TV. As injúrias e as ofensas, pagavam-se frequentemente com bengaladas, facadas ou tiros, eram mesmo a sério. Podemos dizer que se existe algum paralelismo entre o espírito panfletário da 1ª. Série de o Voz de Alcobaça e o Pe. Agostinho de Macedo, reside tão só no facto de as injúrias inflamantes, os epítepos obscenos de Mário Sá, e as verduras de Vasco da Gama Fernandes ou Lameiras de Figueiredo, entre outros, dirigirem-se preferencialmente a instituições, como a Igreja ou a Monarquia, ou ao poder anti república, ao invés de hoje, personalizadas cupidamente em A ou B, pesssoas eventualmente incómodas, mas com quem nos cruzamos na rua e nos sentamos em mesas contíguas do café.




FLEMING DE OLIVEIRA





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