segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A VIDA NOS TEUS BRAÇOS…


FLEMING DE OLIVEIRA
Algumas pessoas veem a vida passar tão rapidamente que só se dão conta disso muito tempo depois. Se temos medo que isso possa acontecer com a nossa vida, é porque talvez não estejamos a realizar o que desejaríamos. Muitas pessoas arredam-se de viagens que poderiam ser inesquecíveis, festas a que os amigos foram, comemorações que marcaram uma época, entre outros momentos que dariam boas historias para um dia contar aos netos.
Na maior parte das vezes que isso ocorre, é porque a pessoa não sabe aproveitar o lado bom da vida, com sabedoria. Ninguém nasce sabido e ninguém sabe de tudo, pelo que não deve deixar para amanhã aquilo que pode ser realizado no momento.
Muitas pessoas ficam a trabalhar até tarde, estudar todo o dia, sendo que esquecem que, para além destes nobres afazeres, é preciso perceber que viver é mais que isso.
Claro não se deve abandonar o estudo ou mandriar apenas pelo facto de ser cansativo. Esquecendo, se possível, a Crise que nos leva para caminhos incertos, eu diria que é preciso organizar-se e levar uma vida equilibrada, não só financeiramente falando, mas ainda uma boa vida amorosa, familiar e espiritual.
O importante é não ter atitudes de que se possa se arrepender grandemente no futuro.
Pense duas vezes antes de atuar e seja feliz!

Para muitos portugueses medianos, cada vez mais vive-se a vida, cada dia após cada dia. Procura-se, perdem-se os sentidos desejados, perde-se amor, sonha-se, pouco, sonha-se em tons de cinzento, sonha-se com nada, sobre nada.
E assim vamos morrendo pouco a pouco, como se uma larva nos comesse por dentro até à Alma. Sim, morre-se tanto ou mais pela alma que pelo coração. Morre-se por não se viver, por não se arriscar em tonalidades cromáticas e dissonantes, vive-se num estado de morte vegetativa, bem lenta.
As lágrimas correm pela tristeza de não sermos o que desejámos ser, pela melancolia dos sonhos de criança continuarem a ser sonhos de criança, agora virados nós adultos, pela incapacidade de nos abraçarmos, de nos entendermos por dentro, no mínimo.
E assim se vive sem sabor a pimenta ou sal, sem entender que cada por-do-sol é diferente entre si, que estes podem ser como sorrisos. Sim estamos com os olhos cheios de cegueira, de medo de ver as cores, de viver por nós, para nós.
E por isso sujeitamo-nos à mediocridade, a um sentir leve, a um viver morno.
E assim vivemos uma vida não destinada à vida.
Por isso te agarro e te beijo com beijos de fogo, por isso te sussurro poesias com pimenta e algum sal para te temperar a alma, por isso te consumo, porque me consumo, para que os teus olhos possam sorrir nos meus.
Por isso te amo hoje, embora o amor seja sempre ou nunca, por isso me encarno e me ressuscito em ti, pois só morrendo algumas vezes é que deixamos de ter medo de viver a vida que nos sobra.
E assim me leva a vida nos teus braços, morre-se nos braços de quem se quer, porque a morte é o pequeno momento de todos os que ressuscitei em ti.


FLEMING DE OLIVEIRA

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