quinta-feira, 17 de janeiro de 2019



NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas

Gerardo, António Carvalho, conhecido como Cuco, nasceu em Chiqueda a 15 de junho de 1937 e faleceu a 30 de janeiro de 2012.
Cuco é uma alcunha muito antiga e de família, que vem do tempo de seu pai José. Cuco, porque este quando apascentava cabras em Chiqueda e ouvia cantar um cuco, imitava-o muito razoavelmente passando a ser conhecido desta maneira.
Foi uma pessoa consensual e especialmente estimada em Alcobaça, transversal a idades, políticas e meio social.
Aquando do falecimento, a imprensa de Alcobaça não deixou de lhe dar o devido destaque, pelo que se irá aqui invocar os depoimentos de JERO (in O Alcoa) e Jorge Barros (in Voz de Alcobaça).
Não é fácil falar deste homem sem esconder emoção. Visitámos a sua última casa em vida, há cerca de mês e meio.
O Gerardo, que foi toda a vida um homem pacífico e bom, vivia revoltado nos meses que antecederam a sua partida.
Com a ajuda da Diretora Maria da Luz conseguimos estar à conversa com o António durante uns minutos. Oferecemos-lhe um livro que, entre várias histórias, recordava os jogos do Cabeço. Quando lhe recordámos que ele jogava a avançado-centro em cima da linha de baliza do adversário, de imediato se lembrou do Palma Rodrigues, o guarda-redes. Juntamente com o Provedor João Carreira falámos de outros tempos e o Gerardo deu resposta certa e imediata a vários temas: "Paguei 12 contos para o Carlos Lopes correr em Alcobaça", foi uma das suas "tiradas".
Saímos do seu quarto sentindo que toda aquela gente que o rodeava, o estimava e o tratava o melhor possível.
Foi uma "despedida".
Até sairmos da Misericórdia não nos foi possível deixar de lamentar, com quem nos acompanhou na visita, como a vida estava a ser cruel para um homem tão bom.
A história de vida do António Carvalho Gerardo atingiu alguns patamares invulgares.
Nasceu em Chiqueda de origens humildes e 3 décadas depois de ter ingressado na Resinagem Nacional, como moço de recados, sentava-se à mesa de reuniões da empresa como adjunto da administração!
Em 12 de fevereiro de 1982 foi organizado em sua honra um almoço de homenagem. Em Santo Antão, na Batalha, 125 amigos elegeram-no como o carola nº. 1 de Alcobaça.
O Alcoa publicou então 3 artigos onde se referia a presença imprescindível de António Gerardo  em comissões organizadoras das Feiras de São Bernardo, no Carnaval, nas festas dos Santos Populares, na Volta à Portugal em Bicicleta, nos Grandes Prémios de Atletismo, nos jogos de Andebol, no Futebol de Salão, no Tiro aos Pratos, etc, etc..
Durante anos e anos pertenceu a direções dos Bombeiros Voluntários de Alcobaça. Era carinhosamente tratado pelo Bombeiro "18A".Também aí foi distinguido e homenageado como Bombeiro Honorário.
Permaneceu solteiro e pode-se dizer que dedicou a sua vida a causas sociais da sua Alcobaça.
O Carola nº. 1 deixou em aberto um lugar muito difícil de preencher.
Alcobaça fica-lhe a dever muito.
Adeus Amigo.
E mais uma vez muito obrigado por tudo quanto fizeste pela nossa Alcobaça.
-No referido almoço, a esse digno e exemplar cidadão, foi oferecido um trofeu com a legenda Ao Carola nº1-Alcobaça agradecida, trofeu instituído pela primeira (e única) vez.
-Jorge Barros, no Voz de Alcobaça, de 27 de dezembro de 2012 (aliás o último número do jornal que a seguir encerrou) contou que na manhã de um de julho de 1958 iniciei o meu primeiro emprego apadrinhado pelo António para o substituir como paquete na Resinagem Nacional em virtude de ele ter sido apurado nas sortes para ingressar na tropa. “Oh pá não te esqueças de entrar aqui com o pé direito”, aconselhou-me precisamente quando se ouviam as nove badaladas nos melodiosos sinos das torres do Mosteiro. Na minha irreverência de cachopo, saltei a soleira da porta a pés juntos, o que o deixou desagradado e talvez desconfiado. Felizmente a tropa não o quis e voltou ao escritório. Trabalhámos juntos vários anos, com a particularidade de mantermos essa ligação no curso noturno da Escola Técnica que frequentávamos. Chegámos mesmo a atuar juntos numa récita, interpretando o papel dos diabos no Auto da Alma, de Gil Vicente. Essas festas proporcionavam uma convivência saudável entre professores e alunos de que nos ficou uma memória infinita. O António Gerardo foi conselheiro e confidente, protegendo-me de muitas diabruras de adolescente. Depois ainda que geograficamente distantes, mantivemos inalteráveis os laços da nossa ligação de sempre. Para a sociedade alcobacense e para as gentes da sua terra natal – Chiqueda – ele foi um cidadão dinâmico, dedicado e altruísta, nunca regateando o fervilhante entusiasmo, o vasto saber, a disponibilidade permanente e discreta, bem patentes do contributo dado a várias coletividades e iniciativas. Viveu amargurado uma doença que se recusou a aceitar, quase parecendo cultivar uma solidão interior que muitas vezes nem a companhia de familiares e amigos conseguia vencer.
Gerardo, Maria Helena Canha Carvalho, Cuca para muita gente, nasceu em Alcobaça em 8 de maio em 1957 e aí fez estudos até ao antigo 5º ano do liceu.
Maria Helena também é conhecida, por vezes, como Lena Cuca, dado ser neta de José Gerardo, que iniciou na família a alcunha de Cuco, utilizada gostosamente pelos seus descendentes.
Trabalhou como empregada de escritório durante 8 anos e nesse período efetuou o 12º ano. A partir daí, ingressou na sua atual profissão, comerciante, que aprecia pois gosta de contactar com pessoas. Foi então que passou a exercer atividades associativas como, por exemplo, no Ginásio Clube de Alcobaça (futebol feminino), Banda de Alcobaça, C.O.C.A. (Carnaval), Rotary Club de Alcobaça (Presidente) e o Refood. Pertenceu ainda a um grupo de senhoras que angariavam fundos para instituições, como o Hospital, os Bombeiros, a Liga Portuguesa Contra o Cancro e o CEERIA.
Os utentes do Ceeria são pessoas portadoras de multideficiências com comprometimento físico e mental. Apresentam na sua maioria muitas e grandes dificuldades sensoriais e motoras. Deste modo, foi considerado imprescindível a aquisição de equipamentos específicos para uma sala de Snoezelen, proporcionando a utilização de estímulos controlados e de estimulação sensorial e proprioceptiva, que podem ser implementados individualmente ou em conjunto com música, sons, luzes, estimulação táctil e/ou aromas, promovendo assim o conforto e relaxamento adequados a cada individuo.
Helena Gerardo, também tem feito incursões na política local, com o exercício de mandatos na Assembleia de Freguesia de Alcobaça.
Nas eleições autárquicas (2013) fez parte da lista liderava por Isabel Fonseca (PS), que venceu as eleições para a União das Freguesias de Alcobaça e Vestiaria, pois entendeu que esta lista tinha gente jovem, dinâmica e com ideias claras para relançar a vida de Alcobaça e Vestiaria.
O estabelecimento de que é proprietária, foi fundado em 6 de janeiro de 1947 (sendo portanto um dos mais antigos de Alcobaça), por José Gomes de Pinho e Arménio Ferreira Correia (cunhados entre si), chamava-se José Gomes de Pinho e Cª Ld.ª e dedicava-se a chapelaria, sapataria e camisaria.
Em 1982 aqueles cederam as quotas a Maria Helena e irmão, sendo esta sócia maioritária sendo que o irmão nunca trabalhou na sociedade. Desde então, e mantendo o nome de José Gomes de Pinho, Ld.ª-Casa Ruby, tem exercido o comércio de venda de chapelaria, calçado de criança e calçado de conforto para senhora.
-Maria Helena gosta da sua colaboração com o movimento Refood (Alcobaça).
De segunda a sexta-feira, dentro do Centro de Operações do Refood, de Alcobaça, cerca de dez voluntários, colocam o avental para separar e distribuir em sacos os alimentos, que durante o dia e a noite são recolhidas por outros tantos voluntários. Cada saco, contem a indicação do número de adultos e crianças a que se destina. Além dos cafés e restaurantes da região que aderiram ao projeto, que todos os dias dão aos voluntários o que lhes sobra, também alguns supermercados, oferecem produtos que, de outra forma, tinham como destino o lixo. Ocasionalmente os voluntários também são chamados para recolher sobras de festas ou jantares especiais. Tudo o que vier é bom. As famílias agradecem e nós também.
A associação Refood foi criada em 2011, pelo norte-americano Hunter Halder, com o objetivo de combater o desperdício alimentar, recolhendo a comida que não é utilizada em cafés, pastelarias e restaurantes, conseguindo assim apoiar famílias carenciadas. 
Maria Helena Gerardo entende convictamente que só juntos conseguimos e por isso eu acredito e contribuo com a minha ajuda para a cidade que me viu nascer e crescer.
Gertrudes Bernardino da Costa, e marido Manuel Roxo, ela de 77 anos e ele de 84, foram encontrados mortos em casa no Silval, no dia 17 de janeiro de 1996.
A morte deveu-se, segundo o médico legista, a problemas cardíacos.
Manuel Roxo estava caído no chão da cozinha com um braço sobre a esposa, o que indicia que terá sido Gertrudes Bernardino a primeira a morrer. Nenhum dos falecidos tinha tido, até então, e ao que se soubesse, qualquer problema cardíaco, apesar do médico legista afirmar posteriormente que ambos sofriam de graves problemas de coração. Os corpos foram a sepultar no cemitério de Turquel.
Juntos até à morte.
Gil Moreira, Carlos Alberto Cordeiro, nasceu em Lisboa, na Maternidade Magalhães Coutinho, a 7 de maio de 1945, dia em que terminou a II Guerra, na Europa.
Morando seus pais em Lisboa, onde trabalhavam, com eles aí viveu, até que em finais de 1946, se fixaram em Alcobaça, terra natal de sua mãe.
Em Alcobaça, aprendeu as primeiras letras e a conviver com outros meninos, no Jardim-Escola João de Deus, ainda no Rossio. Frequentou em seguida e durante um ano letivo a Escola dos Centenários, na Quinta da Gafa, fazendo aí a Instrução Primária, seguida de 3 anos na Escola Adães Bermudes, para realizar a admissão ao Liceu. Fez o 2º. Ciclo Liceal no Externato Alcobacense em 1960, e completou o 3º. Ciclo em 1963, tendo passado pelo Liceu Nacional de Leiria, Externato de Porto de Mós e pelo Externato Ramalho Ortigão, em Caldas da Rainha, onde viveu um ano. Iniciou o curso de Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, vindo a completá-lo na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1972. Começou a trabalhar com o Arq. Manuel Tainha, no seu atelier no nº 5 da Rua Viriato, em Lisboa, num edifício da autoria do arquiteto Ernesto Korrodi, com o qual conquistara o Prémio Valmor, em 1917. Aí desenvolveu atividade até 1983, com pausa para cumprir o serviço militar. Do período em que colaborou nos mais diversos projetos, destaca pela profundidade de análise, envolvimento e significado sociais, a participação no Plano Geral de Urbanização da Vila de Alcobaça e Zonas Limítrofes, entre 1978 e 1980. Das tarefas que nesse contexto lhe couberam, tiveram especial relevo os inquéritos, entrevistas, levantamento populacional, habitacional e laboral realizado em 1979, com a direção técnica do terceiro coautor do Plano, o sociólogo Adelino Gouveia.
No âmbito da ADEPA fundou e coordenou com Jorge Barros e Jorge Vasco, o Grupo de Fotografia, que realizou em abril de 1980, a Exposição Fotográfica As Pedras e as Gentes, no Refeitório do Mosteiro e revelou ao público 700 fotografias, cedidas por alcobacenses, o contribuiu para a compreensão e registo da sua História. Em 1982, abriu e geriu com dois amigos e sócios o Bar Ben Almanzor. Este estabelecimento veio colmatar uma carência notívaga local, tendo servido de polo dinamizador do desabrochar de inovadores grupos musicais.
Em colaboração com José Aurélio, participou na montagem da Exposição, e execução do catálogo, de Presença de Cister em Portugal, realizada na Ala Sul do Mosteiro, e até 1985, ambos coordenaram e promoveram, com o patrocínio da ADEPA, exposições sobre o património arquitetónico e artístico nas freguesias de Alcobaça, Aljubarrota e Alfeizerão.
Concluiu em 1984, especialização em Conservação e Recuperação de Edifícios e Monumentos, promovido pelo Departamento de Arquitetura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, e em 1997 o Curso de Pós-Graduação em Desenho Urbano, no ISCTE. No âmbito deste curso, realizou o trabalho O Rossio de Alcobaça, serviu de base a um artigo, publicado na revista Oeste Cultural, em 2002, intitulado Rossio de Alcobaça, Praça ou Terra de Ninguém. Em março de 2002, no Cineteatro de Alcobaça, precedendo a apresentação pública do Projeto de Requalificação da Área Envolvente do Mosteiro de Alcobaça, do Arq. Gonçalo Byrne, fez uma narrativa, ilustrada por diapositivos, da evolução do Rossio de Alcobaça, desde a saída dos frades em 1833, até à atualidade. Já em janeiro de 1997, havia elaborado um trabalho semelhante, que apresentou em Sobral de Monte Agraço, a solicitação do respectivo Município, ao qual deu o título de Rossio de Alcobaça – Os Percalços duma Praça. No âmbito do pedido de sugestões, que o Município de Alcobaça solicitou aquando da implementação do Projecto Byrne para o Rossio, lançou em 2002 a ideia, esquematizada, da construção de um acesso pedonal ao Castelo, com fins turísticos e de mobilidade local, que se baseava no prolongamento da Rua D. Maur Cocheril, através dum túnel com início na Rua Miguel Bombarda, com uma inclinação de 3%, até à prumada do antigo depósito de água, no seu interior, onde se acederia por um ascensor para cerca de 10 pessoas, o que corresponderia em altura a um prédio de 10 pisos. O assunto nunca foi debatido, o que reconhece com alguma mágoa.
Ao longo da sua atividade profissional, tem revelado propensão e gosto pela reconstrução e/ou reabilitação de edifícios.
Integra, a Comissão Instaladora do Museu do Vinho de Alcobaça, desde dezembro de 2012.
-Gil Moreira foi um dos criadores do mítico Bar Ben, em Alcobaça.
Durante três anos, geriu o espaço de animação noturna, que como esclarece nasceu para colmatar uma necessidade. De facto segundo Gil Moreira, naquela época, a minha geração tinha de sair de Alcobaça para conviver e beber um copo. Era preciso ir a Óbidos ou Caldas. Como tínhamos um espaço, em que alguns amigos já se reuniam, decidimos fazer uma sociedade e criar o Bar Ben Almanzor. Assim, durante um ano, foi com um trio de casais que fizemos a obra, aos fins de semana, com a ajuda de um pedreiro. Explorámos o bar entre 1982 e 1985. Mas não era rentável e decidimos deixar o negócio.
Foi isso que deu origem a que o José Alberto Vasco lá fizesse o grande centro de irradiação do rock de Alcobaça. Valorizo o que se fez, mas o nosso Ben acabou em 1985.
-Quanto à notável exposição As Pedras e as Gentes, já lá vão cerca de 40 anos,  orgulha-se ainda dela, porque conseguimos reunir um acervo de largas centenas de imagens fotográficas, tendo como tema a vila e as suas gentes. E foi um trabalho que só foi possível de concretizar devido à colaboração de muitos alcobacenses, que nos cederam fotografias originais. Conseguimos recolher imagens desde os primórdios da fotografia no  País, a partir de 1860, e reconstituir o que foi a vila e o Rossio ao longo de mais de um século. Ainda hoje se fala dessa exposição.
-No respeitante à ADEPA, de que foi um dos responsáveis, não tem papas na língua.
Nunca deixei de ser sócio da ADEPA, mas deixaram de me cobrar quotas. Sem desprimor, a partir do momento em que aquela entidade, para sobreviver, se tornou num grupo excursionista deixou de ter interesse para mim. Tenho pena que a ADEPA tenha abandonado a sua vocação de raiz. Até ao 25 de Abril as pessoas tinham noção daquilo que era efetivamente importante para Alcobaça, mas depois a realidade de Alcobaça foi dividida em fatias, com a criação de grupos e grupinhos. A ADEPA surgira em muito boa hora, beneficiando do levantar da consciência sobre o património cultural, com o Rui Rasquilho a ter um papel preponderante. Apesar de ele já ser, à época, um vulto local, o tempo demonstrou que também já era uma pessoa relevante a nível nacional, nomeadamente aquando da Expo98, num trabalho que permitiu também projetar o fotógrafo Jorge Barros.
A ADEPA começou por unir as grandes forças culturais de Alcobaça e hoje, infelizmente, perdeu essa capacidade.
Gil, José Manuel Valbom, marionetista/autor/encenador/diretor artístico/construtor de marionetas, nasceu em Alcobaça a 5 de outubro de 1968.
É Mestre em Teatro no ramo ator-marionetista pela Universidade de Évora, Investigador/Colaborador no CHAIA/Centro de História da Arte e Investigação Artística, a unidade de investigação da Universidade de Évora, Presidente da Direção da UNIMA/União da Marioneta Portuguesa desde 2009, Diretor Artístico do Festival Marionetas de Alcobaça, desde 1998.
Na área do Teatro de Marionetas, teve formação com reputadas personalidades nacionais e estrangeiras do ramo.
Fundou a Companhia SA Marionetas – Teatro&Bonecos, onde desempenha funções de direção artística e produção desde 1997.
É autor de 42 textos dramáticos para Teatro de Marionetas, do Livro Teatro Dom Roberto - O Teatro Tradicional Itinerante Português de Marionetas, Saloio de Alcobaça e os Novos Palheta e de vários artigos em publicações especializadas no teatro de marionetas.
Fundou e é co-editor da revista UNIMA Portugal Magazine, desde 2011.
Já juntou marionetas com diferentes artes, como a dança contemporânea, a ópera e a música experimental. Presentemente é Douturando em História da Arte na Universidade de Évora.
Desde 2010 tem recebido prémios em Portugal e estrangeiro.
José Gil diz que durante muitos anos houve um estigma, que felizmente está quase ultrapassado, que é o teatro de bonecos ser para crianças. Isto devesse ao facto de ser um veículo de comunicação muito eficaz, o que faz com que seja muito utilizado no trabalho com crianças.
Considera que a SAMarionetas contribuiu para acabar com esse estigma pois, para se ter uma ideia, o nosso primeiro espetáculo como estrutura profissional foi uma peça para adultos chamada “Drácula”. Era só para adultos e abordava temas como sexo, drogas, homossexualidade e vícios. E foi muito complicado fazer um espetáculo assim, que pouco ou nada vendeu, porque percebemos que estávamos a acelerar o processo de aprendizagem do público depressa de mais. Mas foi interessante, porque marcámos logo uma posição da companhia, recebemos vários convites para festivais e a partir daí criámos uma linha de espetáculo, em que o público fosse geral e não apenas específico para crianças.
-Alcobaça foi a capital da marioneta, com a realização do Festival Marionetas na Cidade 2000, que decorreu de 5 a 8 de outubro.
Cinco companhias portuguesas de marionetas, apresentaram 12 espetáculos, onde se incluem peças de teatro infantil, teatro contemporâneo e de investigação, desfile de gigantones e espetáculos de robertos e marionetas integraram o programa traçado pela companhia S.A. Marionetas, o grupo responsável pela organização deste evento cultural.
Este ano de 2000, o festival foi integrado no programa das comemorações do Dia Mundial da Música, organizadas pela Academia de Música e Câmara Municipal.
Assim, há a salientar cinco co-produções entre a SAMarionetas e a Academia de Música. Esta parceria mostra que as coletividades não devem estar de costas voltadas e só têm a ganhar unindo forças, referiu José Gil, um dos responsáveis pelo grupo de marionetas.
Contando com o apoio do Ministério da Cultura, IPAE, Câmara e Junta de Freguesia de Alcobaça e Instituto Português da Juventude, este evento teve como principal objetivo divulgar uma arte que está um pouco esquecida no nosso País, principalmente em meios mais pequenos, explicou José Gil. À semelhança dos anos anteriores, esperamos uma forte adesão de público, que começa cada vez mais a perceber que este tipo de teatro não e só para crianças, mas também para os adultos, dado que se trata de espetáculos de ótima qualidade, concluiu.
-Depois de percorrer o País, a companhia SAMarionetas voltou a Alcobaça no sábado, dia 6 de Novembro 2010, pelas 21h30, no Cineteatro de Alcobaça, para mais uma apresentação do espetáculo que estreou a 17 de Abril nessa  sala. No seguimento do seu trabalho sobre a História de Portugal, nomeadamente a história de Inês de Castro, Padeira de Aljubarrota e mais recentemente A Ver Navios no reinado de D. João VI e Carlota Joaquina ,a companhia SAMarionetas deu continuidade a este ciclo, abordando o tema República.
-Os SAMarionetas receberam o prémio Best Traditional Show (melhor espetáculo tradicional) no Harmony World Puppet Carnival2015, em Banguecoque, na Tailândia, com a peça Dom Roberto. Os marionetistas José Gil, Sofia Vinagre e Natacha Costa Pereira mediram forças com outras 169 companhias, provenientes de 80 países.
-O grupo SAMarionetas esteve presente na 22.ª edição do Congresso Mundial de Marionetas que decorreu em San Sebastian, Espanha, entre os dias 30 de maio e 3 de junho de 2016. Esta é a maior concentração de marionetas do mundo, organizado pela Unima (União Internacional da Marioneta) e acontece a cada quatro anos.
-As Marionetas na Cidade celebraram, em 2016, a sua 19ª edição, fazendo do evento um dos mais antigos e dinâmicos do concelho de Alcobaça. Este ano o festival, organizado pela companhia SA Marionetas com o apoio da Câmara Municipal de Alcobaça e das quatro juntas de freguesias que acolheram espetáculos (Alcobaça e Vestiaria, Turquel, São Martinho Porto e Évora de Alcobaça), contou com a participação de 12 companhias, oriundas de 4 países, que realizaram 29 atuações, de 3 a 9 de outubro.

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