terça-feira, 22 de janeiro de 2019


NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS

50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas


Simões, Elsa Maria Paulo, nasceu a 5 de janeiro de 1969, na freguesia de Alfeizerão.
Licenciada em Sociologia pelo ISCTE em 1993, foi Docente e Regente da cadeira de Sociologia do Trabalho no Instituto Superior de Informática e Gestão-Cocite/Cooperativa de Técnicas Avançadas de Gestão e Informática de 1995 a 1998, professora/ formadora da Escola Profissional de Comunicação e Imagem e no Centro de Formação Guérin, de 1994 a 1998.
Ingressou nos quadros da Câmara Municipal de Alcobaça em 1998, representou o Município no RMG/Rendimento Mínimo Garantido e na Comissão Local de Acompanhamento, de 1999 a 2012.
É Presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, de Alcobaça desde 2007, sendo aí representante do Município desde 2005.
Foi nomeada Juiz Social, no Tribunal de Alcobaça em 2001. Em 2012 assumiu as funções de Chefe da Divisão de Ação Social, Juventude e Associativismo na Câmara Municipal, tendo o curso de Gestão Pública na Administração Local/GEPAL para altos dirigentes da função pública, da Fundação CEFA.
Participou em vários de Seminários, colóquios e conferências.
-Segundo salienta é defensora incondicional dos Direitos das Crianças, acreditando que se pode promover a mudança de vida da criança, se houver lugar ao estabelecimento de uma relação de confiança, com direito à reciprocidade afetiva. A criança deve ser hoje compreendida como titular de uma cidadania plena, com direito à palavra e à participação nas decisões, de acordo com a sua idade e grau de maturidade, competindo aos pais, representante legal ou tutor, poderes/deveres que visam promover e salvaguardar o seu superior interesse. É no diálogo com os parceiros, no estabelecimento efetivo de parcerias que se torna possível entrelaçar historias e encontrar caminhos, numa lógica de responsabilidade compartilhada, num exercício de cidadania e humanismo, em que todos somos chamados a contribuir de uma forma dinâmica e solidária.
-Por despacho de 22 de janeiro de 2015, da Ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz, considerada a remessa ao Conselho Superior da Magistratura, da lista de candidaturas a juízes sociais para a Comarca de Leiria-Alcobaça, aprovada em reunião da Câmara Municipal de Alcobaça, foi nomeada juiz social para as causas da competência dos tribunais de comarca, previsto no n.º 2 do artº 30.º da Lei Tutelar Educativa e no artº 115.º da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo.
Simões, Francisco Grilo da Rocha, vulgo Grilo, faleceu em 8 de novembro de 2016, no Hospital de Coimbra, na sequência de uma queda na rua. Radicado em Alcobaça, onde se fixou em 1966, Francisco Grilo tinha 82 anos de idade.
Vindo da Vista Alegre foi trabalhar como encarregado para a SPAL, onde exerceu funções de responsabilidade durante cerca de 20 anos, saindo para fundar a PORART. Francisco Grilo Simões estava aposentado desde 2001.
Na tarde do dia 6 tropeçou nos degraus que dão acesso a sua casa e bateu violentamente com a cabeça no chão. Transportado para o Hospital de Alcobaça, chegou já em estado muito grave. Transferido para o Centro Hospitalar de Leiria e depois para o Hospital de Coimbra, chegou em coma profundo de onde não recuperou.
-Natural na localidade de Vista Alegre, concelho de Ílhavo, era pessoa estimada em Alcobaça e muito conhecido devido entre o maisao indefetível sportinguismo.
Simões, Rui, nascido em Lisboa a 20 de março de 1944, é um cineasta que se caracteriza pela prática do documentário histórico, visto como cinema de intervenção política/militante e  pela realização de documentários em vídeo e de peças de teatro e bailado.
Licenciado pelo Institut des Arts de Diffusion, de Bruxelas, realizou dois documentários de longa-metragem, exibidos em Portugal a seguir ao 25 de abril, Deus, Pátria, Autoridade (1976) e Bom Povo Português (1980).
Mais tarde em Pelas Ruas da Amargura, passam homens e de mulheres, de todas as idades, com carências afetivas, financeiras, problemas mentais, alcoolismo, toxicodependência, ou simplesmente pessoas que chegaram a Portugal à procura de uma vida melhor.
Este filme, foi exibido no Cineteatro de Alcobaça. a 23 de novembro de 2003.
Do outro lado da rua, há um formigueiro de voluntários, assistentes sociais e técnicos diversos que constroem e mantêm estruturas de apoio, uns pensando em dias melhores, outros institucionalizando a ajuda, sem acreditar que o fenómeno possa ter cura. Um trabalho muitas vezes ingrato e com pouco sucesso, entre outras razões, pela falta de coordenação adequada.
As realizações de Rui Simões, caracterizam-se por uma preocupação em se fazer sentir mais como forma de intervenção social ou política, do que como forma de expressão artística, o que em geral confere aos seus filmes um propósito de maior validade histórica, que estética.
Soares Carneiro, António da Silva Osório, General do Exército, era Secretário-Geral do Governo-Geral de Angola,  aquando do 25 de abril.
O Alto Comissário e Governador-Geral era, à data, Fernando Augusto Santos e Castro. Tendo este apresentado a demissão, Soares Carneiro ficou a exercer interinamente o Governo de Angola em maio de 1974 até à nomeação do novo Alto-comissário e Governador-geral, Joaquim Franco Pinheiro, pelo Conselho da Revolução.
Foi candidato presidencial nas eleições de 1980, com o apoio da Aliança Democrática/AD, contra Ramalho Eanes. Na eleição de 1980, REanes obteve 3.262.520 votos (56,44%) contra 2.325481 (40,23%) de SCarneiro. No círculo eleitoral de Leiria o resultado foi todavia de RE 45,3% e SC de 51,3%.
Na freguesia de Alcobaça, obteve 1.512 votos contra 1.680 de Eanes. No Concelho Soares Carneiro  recolheu 15.827 e Ramalho Eanes 14.996.
Faleceu a 28 de janeiro de 2014, no Hospital das Forças Armadas, em Lisboa.
-Soares Carneiro veio a Alcobaça fazer campanha eleitoral, participando num comício realizado em 9 de Novembro de 1980 no Cineteatro, onde também discursou o recém-eleito deputado (AD/PSD) Fleming de Oliveira, seu mandatário.
Soares, António, depois de alguns dias de greve de fome em frente da Câmara de Alcobaça, esteve reunido no dia 26 de junho de 1996 ao final da tarde com a nova diretora da Direção Regional do Ambiente e Recursos Naturais, Manuela Presumido, e passou a ter boas perspetivas para a resolução dos projetos de construção que tem pendentes há três anos.
A reunião, que teve lugar em Lisboa, chegou a estar marcada para a segunda-feira dia 22, mas dada a intervenção de Júlio Henriques, Governador Civil de Leiria, foi antecipada para o dia 19, e nela participaram além da Directora da DRARN, o construtor e o seu engenheiro, o presidente da Câmara, Miguel Guerra e o arquiteto Fernando Matias, diretor do Departamento de Gestão e Planeamento Urbanístico da Câmara Municipal de Alcobaça.
Para um dos projetos, António Soares foi informado de que estava aprovado com a condicionante deixada pelo anterior diretor, mas desconhece-se qual o sentido. Num outro projeto, a DRARN propôs algumas correções, nomeadamente um piso a menos, proposta aceite pelo empreiteiro. No terceiro projeto, as informações existentes na DRARN, não correspondem às informações prestadas pelo construtor, pelo que Manuela Presumido manifestou-se pronta a visitar o local para tomar uma decisão definitiva.
António Soares, afirmou que o antigo diretor deixou aquilo envenenado, mas manifestou-se confiante na nova diretora pois é uma senhora aberta, simpática e com vontade de resolver as situações. António Soares ficou a aguardar as certidões da DRARN para que a Câmara Municipal lhe possa licenciar as construções em Paredes da Vitória.
Dias antes, fora divulgado um comunicado de um grupo de moradores dde Pataias, simpatizantes do PSD, que se solidarizaram com António Soares e que pediam esforços das entidades competentes para esclarecimento e resolução do assunto, em defesa da dignidade e integridade daquele cidadão em greve de fome. José Vinagre manifestou solidariedade pessoal e da Junta com esta reivindicação.
Para o executivo de Alcobaça, o licenciamento só poderá ter lugar com as certidões que DRARN tardou em emitir. António Soares terá que fazer correções nos seus projetos, mas vai poder construir como queria.
Soares, António de Almeida Ferreira, nasceu a 7 de julho de 1961, no Hospital de Alcobaça.
Casado com Teresa Sapiro Anselmo Vaz Ferreira Soares, é pai de Mafalda Sofia, fruto de um anterior casamento.
Como diz, entre 1965 e 1968 frequentei o Jardim Escola de Alcobaça onde concluí em 1968 a primeira classe. A segunda, a terceira e quarta classes foram feitas igualmente em Alcobaça na denominada “escola da D. Beatriz”, que era uma professora primária reformada, de seu nome Maria Beatriz Correia, que lecionava, primeiro na sua própria casa em Alcobaça e, mais tarde, numas instalações disponibilizadas pela Paróquia de Alcobaça a qual, no final dos correspondentes anos letivos, apresentava os seus alunos aos exames oficiais da 4ª classe, na Escola Primária de Alcobaça.
Feita a 4ª. classe, em 1971, passei para o ciclo preparatório igualmente em Alcobaça, que na altura ainda funcionava nas instalações da escola técnica de Alcobaça, tendo pouco depois passado então a funcionar na Ala Sul do Mosteiro de Alcobaça. Após concluir o ciclo preparatório em 1973, passei para a escola secundária de Alcobaça onde concluí, em 1978, o então 7º ano do liceu, da área de ciências.
O passo seguinte foi o ano propedêutico igualmente na área de ciências com o objetivo de poder entrar no curso de medicina. O propedêutico era feito com base em aulas lecionadas através da televisão. Pelo país foram-se organizando então centros de apoio aos alunos. Um deles funcionava no Colégio Ramalho Ortigão, nas Caldas da Rainha, tendo eu, em conjunto com uns quantos outros colegas de Alcobaça, frequentado esse centro de apoio com vista à preparação dos exames finais do ano propedêutico.
Um chumbo a física nesse ano abortou os meus planos de ingressar numa Faculdade de Medicina, tendo permanecido então um ano em Alcobaça, a preparar-me, com a ajuda de uma explicadora para repetir o exame de física do propedêutico do ano seguinte, no qual voltei a chumbar.
Após o segundo chumbo a física do propedêutico, decidi então mudar de área e vir tentar direito.
Em Outubro de 1980 ingressei na Universidade Livre de Lisboa para fazer o 12º ano de letras e, simultaneamente, a disciplina de história do 10º e do 11º, que era o que então necessitava para poder mudar da área de ciências para a área de letras.
Em 1981 entrei então para o primeiro ano do curso de direito na Universidade Livre de Lisboa, tendo-me igualmente candidatado ao curso de direito da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
A minha candidatura ao curso de direito da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa foi também aceite nesse mesmo ano, pelo que transitei imediatamente da Universidade Livre para a Universidade de Lisboa onde acabei a licenciatura em direito em Julho de 1986.
Em 1986 iniciei a frequência do curso de mestrado em ciências jurídicas junto da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa tendo em 1987 concluído a parte escolar do mestrado, mas não tendo nunca chegado a apresentar a correspondente tese de mestrado, requisito para a obtenção do grau de mestre em direito.
Ao longo destes anos, teve a oportunidade de participar num conjunto diverso de atividades, muitas delas durante a juventude passada em Alcobaça, onde permaneceu até vir estudar para Lisboa, onde reside e exerce atividade profissional.
Em 1971, quando foi criado o escutismo em Alcobaça – através do Agrupamento de S. Bernardo, nº 58, ingressei como lobito e aí passei à categoria de explorador júnior. Esta primeira tentativa de criar o escutismo em Alcobaça durou poucos anos. tendo sido relançado uns anos mais tarde e tendo tido então oportunidade de participar nesse relançamento em conjunto com o atual bispo D. José Augusto Traquina e o Sr Francisco Ramos André.
Fui escuteiro no Agrupamento de Alcobaça até à altura em que terminei o meu curso de direito e me fixei definitivamente em Lisboa, tendo chefiado o Agrupamento de escuteiros desde o momento em que o então chefe de agrupamento José Augusto Traquina ingressou no seminário de Almada, o que aconteceu por volta de 1980 até pouco antes da minha saída.
Pertenceu também a um movimento de jovens católicos de Alcobaça que se desenvolveu nos anos 70, tendo sido acólito e catequista.
Os meus primeiros contactos com o mundo laboral também ocorreram em Alcobaça. Assim, entre os meus 16 e 19 anos, durante alguns meses de verão, estive na apanha da fruta e nas vindimas, em pomares e vinhas pertencentes ao Sr. Rogério Moura da Silva.
Durante o ano de 1979 que passei em Alcobaça, trabalhei como empregado de balcão na loja de modas Firmo Alberto Trindade, Lda, que era então gerida pela Sra. D. Graciosa Trindade e pela sua filha, que era por todos chamada pelo seu “petit nom” de Sra D. Mixó. Nos anos que se seguiram e até acabar o meu curso de direito, continuei a dar uma mãozinha na loja da Dª. Mixó, durante os períodos de férias escolares.
Sobre o estado da justiça em Portugal, permitam-me que comece por esclarecer que, apesar de exercer a profissão de advogado, a verdade é que há mais de 20 anos que não entro num tribunal, pelo que o que vou sabendo sobre o funcionamento da justiça feita pelos nossos tribunais é pelo que vou ouvindo a quem lida mais de perto com estas instituições.
Todavia, creio ser perceção generalizada que temos uma justiça muito lenta, formal e burocratizada, o que a torna ineficaz e pouco credível, porque, nos casos em que chega – que não são todos - chega tarde e muito depois do mal estar feito.
O atraso na aplicação da justiça tem contribuído, a meu ver, para que se vá instalando um sentimento de impunidade que convida ao aumento dos comportamentos desviantes em paralelo com um sentimento de descrença no funcionamento do sistema judicial por parte dos lesados que não vêm os seus direitos salvaguardados em tempo útil, facto que os incentiva a fazer justiça pelas suas próprias mãos, o que é exatamente o oposto do que se pretende num estado de direito em que o monopólio da aplicação da justiça deverá residir nas mãos do Estado.
Para mim, as sistemáticas violações do segredo de justiça a que temos vindo recorrentemente a assistir são já uma expressão destes sentimentos, quer de impunidade – dado que não há notícias do adequado sancionamento de tais violações de dever de segredo – quer da urgência em fazer justiça pronta pelas próprias mãos, dado que se me afigura que as notícias que se produzem á sua volta têm, para além de uma vertente voyeurística, o objetivo de condenar de imediato e na praça pública os indivíduos sobre os quais recaem suspeitas de comportamentos impróprios. Tudo isto sucede sem que sejam adequadamente salvaguardados os direitos dos visados, nomeadamente o de poderem exercer, em igualdade de circunstâncias, o seu direito ao contraditório, ou, dito por outras palavras, terem podido, dar a sua versão dos factos e o respetivo enquadramento.
Torna-se, a meu ver, imperioso, que os cidadãos voltem a ganhar confiança na justiça, sendo para isso necessário, não apenas que não fiquem por punir os comportamentos mais gravosos, como também, que tais punições ocorram prontamente, sem prejuízo das adequadas garantias de defesa.
Para termos uma justiça mais célere não creio que sejam necessários mais meios, mas, tão-somente, que se proceda a uma melhor afetação dos meios disponíveis. Muita da demora na nossa justiça é, quanto a mim, resultado de um somatório de inúmeros desperdícios de tempo, por parte de todos os envolvidos no sistema de aplicação de justiça, com diligências inúteis ou com tempos de espera desnecessários, causados, quanto a mim, por ausência de planeamento, de formação adequada e de um indevido aproveitamento das tecnologias já existentes.
A terminar, gostaria de realçar dois pontos que considero altamente positivos na nossa justiça.
Ela é, por regra, independente do poder político. Contrariamente ao que acontece em muitos outros países, a perceção que tenho é que a nossa magistratura não se deixa intimidar pelo poder político e não são raros os casos de condenação do Estado português em tribunais nacionais.
Por outro lado, e sem prejuízo das exceções que sempre ocorrem, afiguram-se-me ser raros os verdadeiros casos de corrupção na nossa magistratura. Estou convencido que as más decisões - que também existem e que também contribuem para um mau funcionamento do sistema - não são decorrências de atos de corrupção.
As duas características anteriores – independência e integridade - são elementos essenciais de qualquer bom sistema de justiça e creio, como disse, que já fazem parte do nosso sistema. Falta a eficácia, mas essa parte não é a mais difícil. É algo que está ao nosso alcance e que espero que vá melhorando.
Soares, António do Rosário Ferreira, nasceu a 7 de janeiro de 1932 em Alcobaça.
Frequentou na extinta Academia de Cultura de Alcobaça, os cursos de desenho, pintura a óleo, tinta acrílica e escultura.
Integrado no grupo de pintura ministrado por Maria Augusta de Sousa, desenvolveu a arte de recriar, ou seja a partir de gravuras existentes ou não, recria e cria desenhos originais.
Antes de se reformar, António Soares trabalhava na Crisal. Era diretor de produção, mas na verdade nem sabia fazer um copo. Muitas vezes, quando atendia o telefone metia-me a desenhar nos papéis que tinha à mão, para me manter ocupado e ver no que dava.
Expôs coletivamente na Casa da Cultura de São Martinho do Porto, na Casa da Cultura de Rio Maior, na Feira do Livro de São Martinho do Porto e individualmente na Biblioteca Municipal de Alcobaça, na Biblioteca Municipal de Rio Maior e no Armazém das Artes, em Alcobaça. O material utilizado por António Soares não podia ser mais simples, isto é uma simples esferográfica. Às vezes também utilizo lápis de carvão, mas nada mais. Até as linhas retas são feitas por mim. Não utilizo réguas.
O seu gosto pelo desenho não é recente. Desde os tempos de menino que o impulso para pegar numa caneta e improvisar lhe corre nas veias. Desenhava sempre que pegava num papel. Fosse num jornal ou num guardanapo, agarrava na esferográfica e começava até ficar algo composto.
-Sobre António Soares e o seu desenho, Cristina Azevedo Tavares escreveu em 2008 que António Soares desenha compulsivamente sobre os papéis que tem à mão e com os instrumentos de escrita possíveis: a caneta Bic, o lápis de carvão e às vezes a aguarela. Os suportes também são variados: folhas provenientes de diversos meios, prospetos vários, boletins, guardanapos, etc. Em comum estes objetos são intervencionados através do desenho ou da aguada. Neles passam a crescer figuras estranhas e fantasiadas, animais, pessoas que não estavam lá e objetos inventados onde um doce sabor a volumetria permanece. Por vezes o desenho vai ao encontro, ou desencontro da palavra escrita, ou da imagem. Completando o que parece o António Soares estar a faltar ou acrescentando um sentido que não estava lá como uma espécie de comentário mordaz, sem recurso às palavras mas ao desenho. (…)
Bem lá no fundo António Soares dialoga com a imagem e interage com ela, alterando-a, manipulando-a subvertendo-a seu belo prazer, por vezes cronicando como fazia Bordalo Pinheiro. (…) Longe da aprendizagem académica, um sabor ingénuo percorre por vezes estes desenhos mas, é esta condição que lhes confere a independência de serem únicos (…) Podemos afirmar que os desenhos de António Soares feitos com prazer e cumprindo a sua própria regra é não estarem sujeitos a outras regras senão as estabelecidas pelo autor.
Apesar da paixão pelo desenho, Soares nunca ambicionou trilhar o mundo das artes. Ainda hoje, não se considera um artista. Nunca tive jeito para desenhar. Não houve sequer nenhum professor que alguma vez tenha reparado no meu trabalho e me incentivasse a seguir uma carreira nas artes.

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