sexta-feira, 18 de janeiro de 2019



NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS

50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas


Lameiras de Figueiredo, João Henrique Lacerda, licenciado em Medicina em 1934, na Faculdade de Medicina de Lisboa, durante quase cinquenta anos exerceu clínica médica no seu consultório, sito no Rossio de Alcobaça, no 1º. andar do prédio que faz esquina para a Rua Alexandre Herculano.
Habilitado em Hidrologia Médica pela Faculdade de Medicina de Coimbra, foi diretor clínico das Termas da Piedade.
Seguindo a tradição republicana da família paterna foi, desde a juventude, opositor do Estado Novo. Lameiras de Figueiredo foi um autêntico sacerdote da Medicina. Pelo consultório passaram centenas de doentes pobres a quem nada cobrou, milhares de crianças do Jardim-Escola foram por si vistas. Era um verdadeiro amigo de toda a gente, adepto do Ginásio e do Benfica.
Em 1933, ainda estudante de Medicina, foi diretor dol A Voz de Alcobaça – Semanário Republicano.
Nos primeiros números da série II desse jornal, iniciada após a Revolução de 25 de Abril de 1974, figurou como seu diretor interino.
Em 2 de janeiro de 1946 tomaram posse, no meio de grande expectativa quanto ao desempenho do seu múnus, os membros da nova Câmara Municipal de Alcobaça, constituída por José Nascimento e Sousa, Presidente ultra conservador, João d’Oliva Monteiro, João Lameiras de Figueiredo, reconhecidos em Alcobaça como republicanos e oposicionistas, Joaquim Ferreira Gomes e Carlos de Oliveira. Esta equipe durou cerca de um ano.
Como surgiu este acontecimento extraordinário, em que a oposição entrou na vereação, e que ainda hoje é recordado? Leia-se aqui José Nascimento e Sousa.
-Após 25 de Abril de 1974, Lameiras de Figueiredo foi escolhido em assembleia popular Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal, cargo que não chegou a exercer por ter manifestado indisponibilidade.
Em 1946, foi um dos fundadores e 1º. Presidente da Direção do Ginásio Clube de Alcobaça.
A Câmara Municipal de Alcobaça prestou-lhe homenagem pública, ainda em vida, dando o seu nome ao parque desportivo em que se situam os campos de ténis municipais. Lameiras de Figueiredo foi de facto um assíduo jogador de ténis. JERO recorda que Eduardo Coelho Semião, apanhou muitas vezes bolas de ténis no campo para o Dr. João Lameiras de Figueiredo.   
Após a morte, a Câmara Municipal de Alcobaça voltou a homenageá-lo ao atribuir o seu nome à Avenida que liga a Praça João de Deus Ramos à Avenida Prof. Eng. Joaquim Vieira Natividade.
Ficou em Alcobaça, mas poderia ter seguido a carreira académica, aliás, chegou a recusar uma bolsa de investigação científica na Alemanha.
A carreira profissional e pessoal foi pautada pela seriedade, honestidade e comportamento ético. Democrata e republicano, foi perseguido pelo regime que, embora o respeitasse, via nele, uma pessoa com postura incómoda.
Como médico, viveu a profissão com espirito de sacrifício e dedicação aos doentes, com rigor e auto disciplina procurando atualizar-se.
Quando o Hospital de Alcobaça comemorou os 100 anos de existência, numa cerimónia com a presença do Ministro da Saúde, Arlindo de Carvalho, foi descerrada uma lápide que homenageava alguns ilustres médicos que por lá trabalharam, Francisco B. Pereira Zagalo, José Barreto Perdigão, António de Sousa Neves, João José Ferro, José do Nascimento e Sousa, Domingues Pereira Arinto, João Lameiras de Figueiredo, Henrique Trindade Ferreira, José Nunes Franco, Francisco Monteiro Barbosa e João D’Oliva Monteiro.
-O seu exemplo não foi em vão e muitos colegas, ainda o têm como referência.
-Nasceu em Alcobaça em 22 de fevereiro de 1912 e aí faleceu em 8 de março de 1984.
Lameiras, José, nasceu em Carris de Évora, a 15 de dezembro de 1920.
Começou a trabalhar a apascentar gado aos 17 anos, na Serra de Aire e Candeeiros, juntamente com Josefina, futura esposa, tendo-se casado a 1 de novembro de 1939.
Em breve, e sem estudos, começou a denotar capacidade de iniciativa e inovação ao instalar na cobertura da casa,0 um moinho de ferro para produção de energia eólica. Com este processo, pode abastecer a habitação e parte da via pública, além de permitir girar as mós para fabrico de farinha. 
Em 1954, adquiriu em Alcobaça terrenos no Lameirão e com a ajuda de técnicos criou entre a Levadinha e o Rio Alcoa, um sistema apto a eliminar inundações, foco de poluição e de risco de saúde pública.
Construiu a primeira fábrica de óleos junto à Levadinha, pois necessitava de 80 mil litros de água/hora para arrefecimento dos equipamentos.
Em 1960, construiu uma segunda fábrica, em Coimbra, e dois anos depois alargou a atividade a Vila Velha de Rodão, sendo que em 1965 comprou uma outra fábrica em Santarém.
No ano de 1975, abriu em Montemor-o-Novo a maior fábrica de bagaço do País, que produzia 300 toneladas de bagaço de azeitona por dia, projetada pelo filho Adão Lameiras e utilizando  máquinas produzidas exclusivamente em Alcobaça.
Sempre insatisfeito, veio em 1985, a comprar mais uma fábrica de bagaço, em Amarante.
Além de industrial Lameiras foi pomicultor, produtor de carne bovina e suína, e dirigente da Cooperativa Agrícola de Alcobaça.
Sendo muito forte a sua ligação à comunidade cabo-verdiana desde a década de 1970, a quem deu trabalho e apoio, esta uniu-se para dar nome de José Lameiras a uma avenida da cidade, pelo que veio a ser efetuado esse pedido, em junho de 2012, à Junta de Freguesia de Évora de Alcobaça, com conhecimento à Câmara Municipal.
Os proponentes alegaram que foi graças a José Lameiras quem, depois de chegarem de Cabo Verde, se puderam instalar em Alcobaça e trabalhar nas fábricas da EOBAL (Alcobaça, Coimbra, Vila Velha de Rodão, Santarém, Montemor-o-Novo e Amarante) e Agro-fruta (Benedita).
Laureano, António Libório, depois de algumas obras, procedeu à reabertura em 21 de maio de 1998 do Café Restaurante Trindade, de que é proprietário (reformado) e que explora com a Mulher.
Outros cafés foram durante anos, pontos de referência a nível local e mesmo regional, lembrados como as loiças de faiança artística compradas como recordações por turistas que utilizavam a antiga Porto-Lisboa.
Na travessa Bernardo Vila Nova, existe a Adega Típica A Mãe, nome com que Mário Alberto Santos homenageou a mãe que trabalhou ali muitos anos com o marido, embora seja vulgarmente conhecida como a Taberna do Alberto.
O Café Portugal, nasceu por alturas de 1965 por obra de Afonso Justino, aliás excelente pintor cerâmico e de José Gonçalves da Silva. O projeto deste espaço foi entregue ao Arquiteto António Aurélio e desde então tem tido vários proprietários.
O Restaurante Frei Bernardo está desde 1987 sob a gerência de Maria Ilda e marido que o adquiriram a Odete e Luís Comprido. Dedica-se muito a casamentos, batizados, grupos de excursões, jantares comemorativos, sendo da autoria do pintor Luciano Santos algumas das obras ali efetuadas.
-O Café Trindade foi inaugurado em 1924, embora o seu restaurante, em breve famoso, tivesse sido aberto pouco tempo depois.
Foi seu primeiro proprietário, Alfredo Pereira Trindade.
Por alturas da II Guerra, entidades como o ACP e outras, ligadas ao automobilismo recomendavam este restaurante aos turistas.
Em 1971, José Calado, Luís Henriques da Silva, António Libório Laureano e Manuel da Silva Carvalho assumiram o estabelecimento a Magalhães, Pereira e Guerra. António  Barbosa Guerra saiu da sociedade em 1975, Luís da Silva em 1990 (indo abrir O Telheiro) e em 1976 faleceu José Calado. Hoje pertence apenas a António Laureano.
-A remodelação, demorou um mês e representou seguindo o próprio referiu um investimento de 30 mil contos, parcialmente financiados pelo PROCOM, projeto de urbanismo comercial de comércio da zona histórica de Alcobaça. O restaurante passou a apresentar uma nova imagem interior e as salas, então, inauguradas apresentam novo pavimento, mesas e cadeiras, espelhos e maquinaria.
Com tradição quase secular na gastronomia alcobacense, o Restaurante Trindade já era dado como exemplo de qualidade, em 1932, por António Maria de Oliveira Bello, o célebre crítico Oleboma, que foi ministro de Salazar.
-Maria José Gonçalves Rodrigues Oliveira, a conhecida D. Zeca, de acordo com O Alcoa, confecionou a doçaria do restaurante Trindade durante mais de 30 anos. A doceira que eles tinham reformou-se e, na altura, eles souberam que eu fazia umas tartes de amêndoa muito boas e como estavam aflitos porque não tinham nada para a sobremesa, vieram-me pedir para eu fazer as tartes, contou D. Zeca, de 89 anos a O Alcoa. Eu fi-las e foi um sucesso, de maneira que depois vieram-me pedir se eu tomava conta dos outros doces, porque não podiam entregar a receita a qualquer pessoa. Aquilo era um segredo da casa e perguntaram se eu me comprometia a fazê-los, mas a não dar a receita a ninguém e eu comprometi-me. Já foram muitos os que tentaram pedir-lhe as receitas. As minhas receitas, dou, agora dos outros, não; é uma coisa da casa, uma coisa muito antiga, portanto não vou dar.
Para o Restaurante Trindade, Maria José Oliveira fazia os barretes pastéis de feijão, queijadas do Bárrio. E fazia umas queijadas de amêndoa, essas queijadas, eles depois deixaram de as fazer.
Leal, Amadeu Augusto, é natural de Bismula, Sabugal, onde nasceu em 5 de março de 1951.
Cumpriu serviço militar na Guiné, nos anos de 1973/1974. Licenciado em História pela FLUC, iniciou a atividade docente em 1976, no Liceu Rodrigues Lobo, Leiria. Em 1978 foi colocado na Escola Secundária de Alcobaça, hoje Escola D. Inês de Castro, como professor de História, ali tendo permanecido até 1982.
Depois de um percurso por diversas escolas do país assentei de vez na Escola Frei Estêvão Martins, em 1986, onde permaneci até à aposentação.
A vinda para Alcobaça, e a sua permanência como local de vida, explica-se primeiramente pela procura de um lugar onde desenvolver a profissão docente. Depois por um sentimento, uma demanda interna e inconsciente que nos arrasta do interior para o litoral. Para a aventura de uma vida. No caso presente, com a Nazaré e o mar bem próximo. Da rudeza dos montes para um espaço mais rico, desenvolvido, junto ao litoral, como muitos fizeram antes de mim. A facilitar esta vinda, o facto de ter família muito próxima a trabalhar aqui há alguns anos. Alcobaça por ser um espaço que correspondia a esse viver e ter um monumento mítico para todos os portugueses, o mosteiro, ligado a factos importantes da nossa História. Local, onde todos nos deslocamos na infância e cuja memória fomos conservando. Um concelho com uma envolvência paisagística notável; equidistante de Coimbra ou Lisboa. Vim encontrar uma comunidade de beirões com uma vida muito enraizada. Vivo aqui desde os 27 anos. Aqui me casei, aqui nasceu o filho Pedro. Aqui fiz sólidas amizades. Passei aqui a parte mais importante da minha vida.
Ao longo de duas décadas, Amadeu Leal colaborou em vários órgãos da comunicação social, com destaque para o Voz de Alcobaça e o Público. Entende que a escrita tornou imperiosa a necessidade de um contato permanente com a realidade local e regional sobretudo nas áreas da política, economia e cultura com o consequente conhecimento e enriquecimento pessoal nesses mesmos domínios. As páginas escritas cimentaram a ligação a esta zona e serviram também para que os alcobacenses espalhados pelo mundo tomassem conhecimento do que aqui se passava.
Leal da Costa, Fernando Serra, nasceu em 1959.
Maçon, em 2011, foi nomeado Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde Paulo Macedo, tendo acabado por o substituir no efémero cargo de Ministro da Saúde no XX Governo, já em 2015.
Daniel Subtil reclamou no dia 6 de fevereiro de 2015, durante a inauguração da Extensão de Saúde do Vimeiro, mais médicos para garantir a rentabilização do espaço. A cerimónia contou com a presença do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa.
Precisamos de mais médicos para rentabilizar a extensão e para que seja dada a resposta desejada aos utentes, afirmou Daniel Subtil relembrando a luta pela construção do equipamento.
Paulo Inácio referiu que, por vezes, é importante o Governo sair do Terreiro do Paço e conhecer outras realidades para ver como se conseguem construir projetos de entusiasmo e esperança.
Fernando Leal da Costa, elogiando a construção referiu que o Governo está preocupado em melhorar a saúde dos portugueses e aumentar o número de médicos.
Leão Costa, Alexandra Maria de Jesus Marcelino Simões, nasceu a 28 de julho de 1966, filha de Augusto da Silva Simões (falecido e empresário da construção civil) e Maria Fernanda de Jesus Marcelino Simões (antiga diretora do Jardim-Escola João de Deus/Alcobaça).
Terminados os estudos, em 2 de julho de 1989 começou a trabalhar como educadora até 31 de agosto de 2006, altura em que assumiu a Direção do Jardim-Escola João de Deus/Alcobaça até hoje.
 Sobre o Jardim Escola João de Deus/Alcobaça, leia-se Fleming de Oliveira em No Tempo de Reis, Republicanos & Outros e No Tempo de Salazar, Caetano e Outros e Judite Neves Vasco.
-Por despacho de 22 de janeiro de 2015, da Ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz, considerada a remessa ao Conselho Superior da Magistratura, da lista de candidaturas a juízes sociais para a Comarca de Leiria-Alcobaça, aprovada em reunião da Câmara Municipal de Alcobaça, Alexandra Maria foi nomeada (aliás como mais algumas outras pessoas de mérito), juiz social para as causas da competência dos tribunais de comarca, previsto no n.º 2 do artiº 30.º da Lei Tutelar Educativa e no artº 115.º da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo.
Leão Costa, João Pereira, é natural de Paredes, mas vive há muitos anos em Alcobaça, onde fez a vida profissional e constituiu família.
A 28 de Julho de 1973, tomou posse no Salão Nobre do Governo Civil de Leiria, como Vice-Presidente da Câmara, substituindo o Engº Rui Tomás Pereira Marques.
Leia-se Fleming de Oliveira in No Tempo de Salazar, Caetano e Outros.
Leão Costa, Maria Antónia Moreira Guimarães, nasceu a 27 de janeiro de 1940 no Porto.
No ano letivo de 1961/1962, iniciou uma longa carreira no ensino, sendo colocada na Escola Industrial e Comercial de Gondomar, seguindo-se a passagem para o Liceu Nacional de Aveiro e o Liceu Rainha Santa Isabel. Antes de ser colocada em Alcobaça, o que viria a acontecer no ano letivo de 1967/1968, esta professora de biologia lecionou, ainda, na Escola Comercial e Industrial D. Henrique. Depois de ter dado aulas no Externato Alcobacense, Maria Antónia Leão Costa veria confirmada a sua entrada na Escola Estevão Martins, no ano letivo de 1968/1969, onde desempenhou, também, funções de diretora.
No entanto, a sua permanência por terras alcobacenses foi interrompida. Depois de ter feito um estágio de ensino liceal, no Liceu Nacional de Leiria, regressou, passando pela Escola Secundária de Alcobaça.
A Escola D. Pedro I foi a última de uma série de escolas por onde a professora Maria Antónia espalhou sabedoria.
-Cerca de 70 professores participaram na festa de homenagem à Prof. Maria Antónia  Leão Costa, realizada na sexta-feira dia 24 de setembro de 1999, no Challet Fonte Nova, em Alcobaça.
Após 37 anos de profissão, Maria Antónia L. Costa viu chegar a reforma. Sem querer deixar passar em claro esse acontecimento, os colegas decidiram prestar-lhe um merecido reconhecimento e não uma despedida, afirmou um dos organizadores deste reconhecimento.
A professora Maria Antónia é uma referência, pelo exemplo e dedicação que sempre soube dar aos alunos, garantiu Madalena Marques, acrescentando que foi sempre uma pessoa coerente, que nunca deixou de dizer as verdades, doesse a quem doesse.

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