segunda-feira, 21 de janeiro de 2019


NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Salgueiro, Fernando Vieira, nasceu nos Montes a 27 de abril de 1943 e aí faleceu a 22 de julho de 2013, de doença prolongada e onde se encontra sepultado.
Fernando Vieira (como era mais conhecido) foi um criativo muito hábil.
Na infância, os seus brinquedos eram os mais conseguidos da terra e incluíam, por via de regra, um dispositivo complementar, da própria lavra, que lhes simplificava o uso ou permitia novas aplicações. Tal vocação, ditou-lhe a profissão e a qualidade de desempenho: construiu uma oficina (que o filho Pedro mantém) onde reparava quase todo o tipo de equipamentos e melhorava outros. Na cabeça, fervilhavam projetos de novos equipamentos, em correspondência com a fase etária, de que nem 10% puderam ter concretização.
Iniciou-se com a reparação de motores e alfaias agrícolas, bem com a venda de motorizadas. Depois passou para a agricultura e indústria, fabricou calibradores de fruta quando a agricultura estava em grande expansão. Também desenvolveu trabalhos na construção de estruturas metálicas (como o cais de recolha de uva da Cooperativa Agrícola de Alcobaça)  e telhados de barracões, destinados a frigoríficos de fruta em Montes. Com o declínio da agricultura tradicional, virou-se para a indústria como a cerâmica e terracota, fabricação de moldes e assistência mecânica às máquinas da região, assim como a assistência a fabricas de madeiras e de pedra. Além do desenvolvimento do calibrador de maçã que teve grande sucesso, desenvolveu outras máquinas para a agricultura, preparoui um carro todo terreno para apanha de fruta e poda, assim como desenvolveu ume máquina de descasque da casca verde das nozes máquina desenvolvida com base numa de origem francesa que operava com pregos no interior. Nesta adaptou uma rede no interior, desenvolvida por si, evitando assim a quebra das nozes em grande quantidade. Esta máquina ainda é fabricada nos dias de hoje na sua oficina que continua a trabalhar, propriedade da viúiva e sendo gerida pelo filho mais velho. 
-Criatividade análoga tinha no futebol (segundo os amigos), com fintas e fintinhas, tipo brinca-na-areia, que desesperava adversários e, por vezes, os da própria equipa, quando a progressão era frustrante.
Para as brincadeiras de criança adoptou um grito de guerra que o deliciava, bem como aos companheiros como Francisco Machado: ao ataque, ao ataque...fujam, fujam .
-Fez parte da Junta de Freguesia de Alpedriz de que foi presidente, e um dos principais responsáveis pela criação da efémera Freguesia de Montes, a cuja comissão  instaladora pertenceu. Aliás, anos antes da criação da freguesia de Montes, existiu um movimento de recolha de assinaturas que esmoreceu, mas veio a ser recuperado por Fernando Salgueiro, ainda sendo Presidente da Junta de Alpedriz, o que não o constrangeu minimamente.
Salgueiro, João, Presidente da Câmara de Porto de Mós  a cumprir o terceiro mandato, eleito em lista do PS, que não renega as origens, nem o passado político (foi militante do PSD) diz que tem orgulho em ter participado no 25 de Abril como Oficial do Exército. Com alguma imodéstia que isso possa representar, no 25 de Abril fiz parte do grupo que ocupou a sede da Legião Portuguesa e integrei o corpo de proteção ao 1º. de Maio.
Esteve envolvido no Verão Quente de 1975 no RI7, no qual teve problemas porque era adjunto do comandante de uma companhia de intervenção, o qual nunca aparecia ao fim da tarde.
-Foi João Salgueiro, quem efectuou as prisões dos alcobacenses em 20 de julho de 1975, com ordens do COPCON e mandatos em branco, mas recusei-me a prender as de Porto de Mós porque eram quase todos meus amigos. Pedi ao meu comandante para não me fazer essa maldade e ele teve o bom senso de não me mandar prender os de Porto de Mós. Quando recebi o mandato de Otelo com a lista das pessoas a serem presas, liguei a alguns amigos de Porto de Mós para fugirem! Felizmente na altura não havia escutas telefónicas!

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