domingo, 24 de dezembro de 2023

BANDA DO MESTRE "ARNESTO" (Alcobaça)

 

 

BANDA

DO

MESTRE “ARNESTO”(Alcobaça)

 

Fleming de OLiveira

 

 

 

 

  Ernesto Joaquim Coelho (vulgo Cristo) sem saber uma nota de música, foi maestro vitalício da banda de música da Festa da Sr.ª dos Enfermos, a Banda do Mestre Arnesto. A alcunha Cristo, herdou-a e desconhecia a origem.

  No último domingo de maio de 1973, realizou-se, como habitualmente na Ataíja de Baixo, a festa em honra da Senhora dos Enfermos, importante no contexto da Igreja Católica.

  Os cristãos portugueses, como foi salientado, sempre tiveram uma  especial veneração à Mãe de Cristo, que os conduz a seu Filho, sempre pronta para os socorrer com o afeto maternal. Por isso cedo começaram a invocá-la sob ternos títulos que recordam o seu auxílio, Consoladora dos Aflitos, Saúde dos Enfermos e Refúgio dos Pecadores.

  No sábado, pelas 7h, houve alvorada com lançamento de morteiros. Às 9h entrou a Filarmónica de Serra de El-Rei, seguindo-se peditório pelos lugares da Ataíja de Baixo e Casal do Rei. Às 13h celebrou-se Missa Solene com Sermão. Da parte de tarde, o arraial foi abrilhantado com a referida Filarmónica e pela Banda do Mestre Arnesto. No domingo realizaram-se passatempos como corridas de bicicletas e pedestres, como o pé-coxinho ou em sacos. No recinto houve o, apreciado e imprescindível, serviço de petiscos e vinhos.

  Antes de se deslocar a Ataíja de Baixo, a Charanga percorreu  ruas da Vila de Alcobaça, com muito apreço dos alcobacenses que destacaram a sua forma afinada mais do que seria de esperar. O regente muito descontraído e senhor da função, usando laço encarnado e chapéu de palha mexicano, era a grande atração, tal como a sua batuta mágica. Deste grupo destacavam-se Zé Pedro, Ricardo e o Zé (Ganau). Ao lado da banda, seguiam os fogueteiros, o Manuel Lemos e o Nanã[1] a transpirar por todos os poros, mas a encherem dois saquinhos com notas. A banda parou à porta de casa do falecido industrial Raúl da Bernarda para evocar a sua memória e, depois, foi apresentar cumprimentos ao Presidente da Câmara (Tarcísio Trindade) que veio à rua agradecer a gentileza.

 



[1] Fernando Pedro da Luz (vulgo Nanã), faleceu a 26 de dezembro de 2003 com 84 anos. Pessoa em geral estimada e inofensiva, dedicava-se a fazer pequenos recados. Tendo limitações físicas nomeadamente na fala, sem saber ler ou escrever, era muito rigoroso e certeiro no que diz respeito a  dinheiros. Tudo isto lhe conferia simpatia e alguma credibilidade. Os seus últimos tempos foram passados no Lar da Santa Casa da Misericórdia.

-JERO (2011)

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