quinta-feira, 17 de janeiro de 2019


NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS

50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas


Fabian, José, nasceu a 8 de outubro na Transilvânia/Roménia, na cidade então chamada Kolozsvar.
Futebolista habilidoso e cumpridor, foi internacional pelas seleções da Roménia e Hungria. Por alturas da II Guerra, fugiu para Itália e veio a jogar futebol no Torino. Em 1953, veio para Portugal e ingressou no Sporting, onde foi campeão nacional nas épocas de 1953/1954 e 1954/1955, ao lado de glórias como Vasques e Travassos. A partir de 1958 passou a treinador, passando por vários clubes de Caldas da Rainha, Viseu, Alcobaça, Marrazes, Évora (Lusitano então na 1ª Divisão) e Albufeira (Imortal). Em Alcobaça criou e deixou amizades e boas recordações.
-Faleceu perto de Cascais, com 82 anos, no dia 6 de julho de 2008.
Fadigas, Leonel de Sousa, nasci na Maiorga, filho e neto de operário, vai para setenta anos, estudei lá, em Alcobaça e em Leiria, donde segui para Lisboa para ingressar no Instituto Superior de Agronomia. Aqui me licenciei em arquitetura paisagista e, mais tarde, em agronomia. Passei pela Câmara Municipal de Lisboa, onde fiz o meu estágio de fim de curso e onde comecei a trabalhar como arquiteto paisagista.
Depois foi o serviço militar. Casei, fui para Moçambique como oficial do Serviço Cartográfico do Exército, e estive, antes e depois do 5 de abril. A seguir foi a profissão liberal, o ensino, em várias escolas e universidades, mas especialmente na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa; e também em Itália.
De um avô herdei o gosto pela política e, de outro, pela terra. A associação de estudantes, a escrita nos jornais, o Juvenil do Diário de Lisboa, a herança familiar republicana e a certeza de que era possível mudar o país que tínhamos levaram-me, cedo a dedicar à política parte do meu tempo. Da CEUD ao Partido Socialista foi um passo breve; e depois a Assembleia Municipal de Alcobaça e a Assembleia da República. Da terra mantinha-se o que era a matriz agrícola que era o meu chão e que a arquitetura paisagista alargava para outros espaços e preocupações. Do urbanismo ao território.
Com passagens pela Câmara Municipal de Lisboa, como técnico, responsável por um gabinete de planeamento, assessor da presidência; mas também pela de Santarém, coordenando o gabinete de planeamento, pela de Cascais como assessor e pela Ambelis, a agência para a modernização económica de Lisboa, como presidente. O urbanismo e o território nas suas aplicações práticas e diversas que a profissão liberal também mantém e estimula.
Uma comenda dada pelo Rei de Espanha homenageou o trabalho de promoção de investimentos em Lisboa e a promoção da sua economia.
Mas o ensino sempre. O doutoramento, a agregação, a investigação como condição do fazer. Os livros como registo e interpretação de experiências.
Nos intervalos, as viagens, os livros, os amigos, as conversas. O tempo repartido entre Lisboa e Alcobaça e por onde a imaginação nos leva.
No centro de tudo a família. Mulher, uma filha, arquiteta, dois netos que aprendem o que lhes ensinam e estudam o que a sua curiosidade estimula para irem mais além.
-Fadigas, apresentou no dia 23 de Abril de 2015, na Livraria Bertrand do Forum Picoas Plaza, em Lisboa, o livro Urbanismo e Território-As políticas públicas.
A apresentação esteve a cargo de José Maria Brandão de Brito, Professor de Economia Internacional e do Desenvolvimento no ISEG e do Professor Pedro George, coordenador da área disciplinar de Urbanismo da Faculdade de Arquitetura.
Leonel Fadigas, revela que as políticas públicas territoriais, na sua definição e aplicação, representam um sistema ideológico de apropriação e controlo do território como recurso essencial ao desenvolvimento económico e social e à afirmação do Estado como regulador da vida em sociedade. Direta ou indiretamente, estabelecem as regras quanto à utilização e gestão de recursos, localização e instalação de pessoas, infraestruturas, atividades e equipamentos e ao modo como que é exercido o controlo social da sua definição, aplicação e avaliação. O território e as paisagens onde a nossa vida decorre são, por isso, tanto o resultado das políticas públicas territoriais como da sua ausência, do seu sucesso ou do seu fracasso. Razão, na opinião de Fadigas, para que as políticas públicas territoriais constituam uma área de investigação importante para a compreensão das questões e dos fatores que, em democracia, condicionam ou favorecem as formas de uso do território, o urbanismo e a sua qualificação.
Fadigas, Mário Bernardino, segundo elementos fornecidos pelo filho Leonel, nasceu na Maiorga em 1923 onde fez a instrução primária, prosseguindo estudos no Liceu Municipal de Alcobaça, que abandonou, aos 13 anos, graças ao envolvimento de seu pai, António Fadigas da Silva, chefe das oficinas da Companhia Fiação e Tecidos de Alcobaça, em ações de oposição ao Estado Novo.
Ingressou na Companhia Fiação e Tecidos de Alcobaça e aí foi serralheiro, afinador de máquinas e responsável pela secção de cardagem do algodão, a qual abandonou em 1964, para se dedicar em exclusivo à agricultura, atividade que desenvolvia desde 1947, que com seu sogro António Carlos de Sousa, tinha criado uma casa agrícola que se manteve até aos primeiros anos deste século XXI.
Foi Presidente da Assembleia Geral do Sindicato Nacional do Pessoal da Indústria Têxtil do Distrito de Leiria de 1960 a 1962) e integrou o grupo que fundou a Casa do Povo de Alcobaça, por várias vezes Membro da direção da Cooperativa Agrícola de Alcobaça e fez parte da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, entre o final da década de sessenta e o princípio da década de 1970 e músico amador na Sociedade Filarmónica Maiorguense na década de 1940, e membro da direção em vários mandatos.
Republicano por educação e convicção, foi membro do Partido Socialista, Presidente da Assembleia de Freguesia da Maiorga, membro da Assembleia Municipal de Alcobaça e mandatário concelhio de Mário Soares, às eleições presidenciais.
-Faleceu em 2012 e era pai do supra referenciado.
Faria, Jorge Leal Amado de, conhecido mundialmente como Jorge Amado, nasceu em Itabuna/Brasil a 10 de agosto de 1912 e faleceu em Salvador a 6 de agosto de 2001.
Foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Integrou os quadros da intelectualidade comunista brasileira, desde o final da primeira metade do século XX, ideologia presente em várias obras, como a retratação dos moradores do trapiche baiano em Capitães da Areia, de 1937.
Jorge Amado é o autor de língua portuguesa mais adaptado do cinema, do teatro e da televisão. Sucessos como Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tenda dos Milagres, Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Tereza Batista Cansada de Guerra foram criações suas.
Em 1994, a sua obra foi galardoada com o Prémio Camões.
-Em fevereiro de 1980, Jorge Amado e mulher Zélia Gattai (muito interessante escritora), deslocaram-se em visita turística a Alcobaça, depois de terem passado por Nazaré e Óbidos. Aquando da visita ao Mosteiro foram recebidos pelo seu diretor e vereador da cultura da Câmara Municipal.
Faustino, Diamantino, velocista alcobacense, participou nas provas do 1º Passo, em Alvalade e no Estádio Nacional.
Nos anos de 1960 e inícios de 1970, tendo ganho algumas provas de velocidade, impôs-se como meritório atleta de província. Salientou-se num torneio de atletismo realizado em Alcobaça, entre a equipa do Ginásio Clube de Alcobaça e o Sport Lisboa e Benfica.
Ingressou depois no SLB onde foi várias vezes campeão nacional na estafeta de 4x100m. Foi também treinador e dirigente do Ginásio Clube de Alcobaça, na área do atletismo, antes de 1974.
Mantendo-se ligado à modalidade, passou o testemunho aos mais jovens. Durante anos treinou e participou em provas de veteranos, como o lançamento do peso, comprimento e altura, obtendo boas marcas.
-Com os seus conselhos e ideal desportivos, deixou boa memória no atletismo local.
Felizardo, Casimiro Maria, nasceu no casal do Gregório/Benedita em 22 de fevereiro de 1939.
Tirou a 4ª. classe e desde muito jovem trabalhou numa oficina de sapateiros. Após ter cumprido o serviço militar em Angola, emigrou para a Alemanha. Poucos anos depois, regressou a Portugal criando uma pequena indústria de calçado, de tipo familiar. Em 1980, teve um programa na Rádio Voz da Benedita, dedicado à história cultural da freguesia.
Em 1989, editou o livro Benedita Quem Me Dera, onde, com uma linguagem acessível e popular, trata temas relativos à freguesia, como memórias, curiosidades e histórias.
Felizardo, José, nasceu em 1920.
Conforme João Luís Pereira Maurício, in Sapateiros da Benedita e a sua História, seu pai era sapateiro desde 1919.
Em 1952, tinha uma oficina de sapateiro em Casal Gregório, a qual vendia para várias partes do país.
Em 1963, foi um dos fundadores da SICABE.
-Faleceu em 2003.
Félix, Alexandra Marisa Cabim, nasceu em Luanda e em 1971 veio viver para S. Martinho do Porto.
É licenciada em Educação de Infância, pelo Instituto Superior de de Educação e Ciências, de Lisboa.
Efetuou Pós-graduação e Formação Especializada em Educação Especial na área de Especialização da Intervenção Precoce na Infância, pela Universidade Fernando Pessoa, no polo de Caldas da Rainha.
Trabalha como Educadora Infantil, em Alcobaça.
-É autora de O Farol da Baía.
Félix, José Manuel de Oliveira, nasceu na Maiorga a 22 de junho de 1964.
Técnico Oficial de Contas, tem escritório em Alcobaça (atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal), é o presidente da Junta de Freguesia da Maiorga, eleito numa lista de independentes em 2013, sucedendo a Maria Rosa Domingues.
Não exerce funções a tempo inteiro.
Aceitei candidatar-me porque o meu número dois, Vítor Rocha, me desafiou. Eu disse-lhe para ele avançar primeiro e eu acompanharia, mas ele achou que tinha que ser assim, que eu tinha mais experiência que ele. Foi um desafio que lançámos: eu, ele e a Sandrina Domingues, e se calhar só avançámos porque íamos os três juntos, se não fosse assim, acho que não nos candidatávamos. Entendemo-nos bem e depois há outras pessoas que me têm surpreendido pela positiva. A nossa lista continua a ter os seus encontros e reuniões e todos os meses nos juntamos para um jantar convívio. Tem sido muito positivo.
-Em entrevista a um jornal local disse ainda que se candidatou para testar a Maiorga; Sem ofensa, para ver se os maiorguenses iriam votar pelo partido ou se eram pelas pessoas, o que nas últimas eleições aconteceu. Gostei desta primeira experiência. Temos que ter personalidade, tentar resolver os problemas da freguesia e não os problemas só de um freguês.
Acrescentou que os principais problemas que encontrou na freguesia quando chegou à junta eram algumas obras que estavam planeadas para a freguesia que não estavam ao nosso alcance, mas que faziam e fazem parte de exigências nossas à Câmara como a estrada de Poços da Cal, o alcatroamento que foi efetuado no ano passado, o passeio pedonal que deu muita polémica junto à IC9. A estrada do Casal Botas está lastimável, aquela estrada é uma vergonha e andamos constantemente a falar com o presidente da Câmara sobre ela. Não havia verbas nenhumas para essas obras querendo nós ter iniciativa de as concretizar com a delegação de competências, ficamos com outros fundos e conseguimos ainda alguns subsídios para a freguesia.
No referente às suas relações com a Câmara Municipal, esclarece que têm sido boas. Gostaríamos de mais, como é óbvio, mas temos consciência que o Concelho é muito grande. Tirando esta situação, que não está bem esclarecida do terreno para o pavilhão, tudo o resto tem sido uma relação boa.
-As eleições autárquicas do dia 29 de setembro de 2013 consagraram seis novos presidentes de Junta de Freguesia, entre as 13 autarquias do concelho de Alcobaça. Foram os casos da União de Freguesias de Alcobaça e Vestiaria e das freguesias de Alfeizerão, Bárrio, Benedita, Maiorga e Turquel.
Na Maiorga, elegeu-se uma lista independente, o que para José Félix foi a prova que a população vota nas pessoas e não nos partidos.
-Os Forais Manuelinos afirmaram e reforçaram o exercício dos direitos autárquicos de Alcobaça, Alfeizerão, Aljubarrota, Alpedriz, Cela, Coz, Évora de Alcobaça, Maiorga, Paredes da Vitória, S. Martinho do Porto e Turquel.
Todos eles datam de 1 de outubro de 1514, exceto o de Alpedriz, que é de 20 de março de 1515.
A Capela do Espírito Santo, na Maiorga recebeu, no dia 18 de agosto de 2014 a apresentação do primeiro dos 11 fascículos dedicados aos 500 anos dos Forais Manuelinos, publicados pelo Região de Cister, numa parceria com o Município de Alcobaça.
Saúl Gomes deu uma aula de história às pessoas que marcaram presença no evento. O professor falou dos tempos de abundância da Terra Maior-Maiorga.
-Zelar pelos espaços públicos, arranjar estradas ou melhorar os acessos rurais é, a partir de agora, uma tarefa mais fácil para a Junta de Freguesia da Maiorga, com a aquisição de um trator e de algumas alfaias agrícolas.
As únicas viaturas que havia eram uma carrinha com mais de trinta anos e um dumper emprestado. Para assinalar a compra foi realizada, no dia 11 de outubro de 2015, uma cerimónia simbólica com a bênção das novas máquinas, que reuniu o executivo da junta, representantes da câmara municipal, membros da Assembleia de Freguesia e populares.
Com a consciência de que este não é um trabalho fácil, principalmente pelas limitações orçamentais, José Félix referiu que a alteração da Lei de Delegação de Competências, veio permitir à junta uma maior autonomia principalmente no último ano, quando puderam desenvolver, entre outras ações, a recuperação do lavadouro da Bemposta e a aquisição de ferramentas necessárias.
-A Clave de Sol dá vida ao Monumento ao Músico que foi instalado na nova praça da Maiorga, batizada como Largo da Casa da Música. A inauguração do monumento e da praça decorreu no dia 15 de janeiro de 2016, numa homenagem à Sociedade Filarmónica Maiorguense e às gerações que se dedicaram à prática da música.
Numa conversa com o escultor Bugalho, propus-lhe fazer uma clave de sol gigante, e ele com os seus conhecimentos e a sua habilidade construiu o monumento e conseguiu arranjar um patrocinador, a DL Publicidade, adiantou José Félix, presidente da Junta da Maiorga, explicando que o projeto da nova praça estava na gaveta há décadas. Numa parceria entre a Junta, a Câmara e a empresa sediada em Turquel, a obra teve um custo total de 20 mil euros.
Com três metros de altura e com quase duas toneladas de peso, o Monumento ao Músico foi uma obra da autoria de Bugalhos Ferro. Sinto-me muito satisfeito com o resultado. Quando volto costas a um trabalho destes, sinto que ficou aqui um pouco de mim para o resto da vida, relatou o escultor.
Além do monumento, foi recriada a fachada antiga da sede da Filarmónica, tendo sido colocados dois painéis de azulejo com o hino da Sociedade Filarmónica Maiorguense. A freguesia ganhou uma nova praça e foi feita a homenagem devida aos músicos e à Sociedade Filarmónica Maiorguense.
-A primeira edição do Maiorga Indie, evento que aconteceu no sábado, 4 de Junho de 2016, anunciou-se como mostra de projetos emergentes no panorama da música alternativa nacional.
-A Junta da Maiorga inaugurou, no dia 4 de dezembro de 2016, o miradouro da Quinta do Outeiro, após a requalificação, e expôs na Sala Paroquial o histórico relógio mecânico, agora restaurado. As iniciativas decorreram no âmbito das comemorações dos 40 anos de poder local, reunindo populares e antigos presidentes de Junta, homenageando o trabalho desenvolvido por todos os que fizeram parte das listas às eleições, no decorrer das últimas quatro décadas.

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