terça-feira, 27 de setembro de 2011

A FRANQUEZA É UMA QUALIDADE?


A franqueza é uma qualidade?
Sim, é.
A dificuldade é, porém, distinguir a linha difusa que separa dois campos opostos, os benefícios da franqueza e os estragos que pode causar.
Franqueza e sinceridade até andam de mãos dadas, mas não são a mesma coisa.
A franqueza está relacionada com a capacidade de alguém poder dizer a verdade. Verdade essa que pode ser baseada em factos, dados incontestáveis ou apenas nos critérios individuais de quem se baseia nessa verdade. Neste caso, a verdade pode não ser tão verdadeira, passe a redundância. Mas, digamos que é. A franqueza envolve mais de uma pessoa, quem é franco e quem é o recetor dessa relação/franqueza. Tanto quem emite, quanto quem recebe qualquer informação, é afetado pelos sentimentos internos que ela gera. Ao expressar algo, a pessoa manifesta as suas emoções, ao receber esse conjunto de conteúdo e emoções, o ouvinte acede as próprias emoções, provocadas por suas reações internas ao que ouviu e ao que o que foi dito significa.
O conteúdo da informação é o que se pode chamar de sinceridade. Mas a forma como essa verdade é dita, representa a franqueza. Ou seja, os impactos da franqueza estão mais na forma, que no conteúdo.
A questão em saber como proceder para ser franco, sem parecer arrogante e massacrar a relação.
O comportamento socialmente correto, tem sido tanto vítima de disfarces da verdade como de uma falsa franqueza. Muitas vezes, para se ser gentil, diz se uma coisa diferente do que está a pensar, isto é, deixa se de ser franco para ser gentil. Por outro lado, no ser franco e direto, há o risco de magoar a pessoa e depois a si próprio. Imagine caro leitor que está numa reunião em que o objetivo é discutir um projeto. Você percebe os pontos fracos do projeto e antecipa cenários futuros, em que grandes prejuízos serão previsivelmente pesados e amargos.
O que fazer?
Falar francamente sobre estes pontos fracos e relacioná-los aos possíveis prejuízos ou felicitar o autor pela proposta apresentada?
Você percebeu a verdade baseando-se em dados técnicos, estudos do mercado, do projeto ou nas suas opiniões pessoais? No seu sentimento perante o autor do projecto ou em possíveis perdas que o projeto lhe acarretará, em detrimento da ascensão do outro, caso tenha sucesso? Dependente das respostas, você fica calado ou prossegue.
Se os dados atestam que o que você disse será verdade, então, antes de ser franco, pense na necessidade. A sua opinião, é mesmo necessária ao objetivo proposto?
No caso afirmativo, passe à experiência social que dará à sua franqueza uma áura de nobreza e boas intenções, e evitará que você se queime no fogo do inferno da mágoa e da culpa. Experiência social passa por importar-se com os sentimentos do outro, após receber a sua opinião e os resultados que isso trará na sua relação com essa pessoa. Desse modo, pense nas intenções do outro e nas suas próprias intenções, no contexto presente e futuro.


Fleming de Oliveira

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